Neymar chorou no Hino Nacional. Julio César foi às lágrimas antes da disputa de pênaltis. Thiago Silva desabou ao ver a eliminação de perto contra o Chile. David Luiz chorou ao fazer seu primeiro gol com a camisa da seleção brasileira. O que isso significa? Que, talvez, o problema da equipe não seja esse. Os “chorões” são justamente os melhores jogadores do Brasil na Copa do Mundo.
Não há quem conteste até agora a participação desse quarteto. Ao lado do volante Luiz Gustavo, suspenso para a partida de sexta-feira diante da Colômbia, são os mais regulares. E as manifestações de emoção mais exageradas até agora partiram deles.
Nada chamou mais atenção do que a expressão abalada do capitão Thiago Silva antes de os pênaltis serem cobrados. Ele sentou-se sobre a bola, isolado, e pediu a Luiz Felipe Scolari que fosse o último entre todos os atletas a bater, caso fosse preciso. Não foi. O zagueiro admitiu ter exagerado, mas acha que acertou ao revelar que não estava se sentindo bem e ir para o fim da lista.
Ele também nega que o risco de eliminação tenha interferido em suas atuações. E tem razão. Thiago foi eleito para a seleção da Fifa da primeira fase da Copa do Mundo e, em quatro jogos, cometeu apenas duas faltas, número que impressiona para um zagueiro.
Com o abalo do parceiro de zaga, foi David Luiz quem assumiu o posto de capitão na prática. Abriu a cobrança de pênaltis mesmo com dor nas costas e foi quem recebeu os demais companheiros que bateram: comemorou com Marcelo e Neymar, e consolou Willian e Hulk. Com a vitória confirmada, desabou em lágrimas, que já haviam surgido no tempo normal, quando fez seu primeiro gol.
David faz dupla com Thiago Silva também na equipe ideal da Fifa. É outro que passa completamente imune a críticas desde o início, mesmo com a emoção à flor da pele. Assim como Julio César, que não escondeu o choro no momento mais tenso da Copa até aqui, entre a prorrogação e os pênaltis contra o Chile. A cena assustou, mas ele defendeu duas cobranças e foi o herói da classificação.
Neymar é vice-artilheiro do Mundial com quatro gols. Nem se lembram de que ele chorou durante a execução do Hino Nacional em Fortaleza, no duelo com o México. Por outro lado, não se viu até agora nenhuma grande manifestação de descontrole de atletas que não estão rendendo o esperado.
Daniel Alves, Paulinho, Fred, Oscar... Seus números são inferiores. Sem lágrimas e sem bom futebol. Explicações técnicas dizem que o choro pode fazer bem à pessoa, pois significa o alívio de uma situação de tensão, a liberação de um sentimento que pode ser reprimido. No caso da seleção brasileira, os "chorões" vêm comprovando essa teoria.
Além do trabalho psicológico, que volta a ter a presença da profissional Regina Brandão, Felipão também terá de resolver outros problemas para fazer os que não choram jogarem bem.
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