Sobre morte de namorada Rafael Silva diz ter sido chamado de assassino

'Me chamaram de assassino'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:13

“Somente agora eu me sinto aliviado. A perícia mostrou que eu sempre disse a verdade: nunca a matei”, disse o jogador da Portuguesa, emprestado ao Noroeste, Rafael Silva, de 21 anos, ao G1 um dia após a equipe de reportagem revelar nesta terça-feira (3) que o conjunto de laudos feitos por peritos do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico Científica de São Pauloconcluiu que sua então namorada, Flávia Anay de Lima, de 16 anos, cometeu suicídio no ano passado.

De acordo com os exames, ela se jogou do 15º andar do prédio onde vivia com o atacante, na Zona Leste da capital paulista, no dia 31 de julho de 2011, após uma discussão por ciúmes entre o casal. A Polícia Civil, que chegou a investigar Rafael Silva pela morte suspeita de Flávia vai arquivar o caso agora. Na época do caso, ele jogava na Portuguesa.

Na quarta-feira (4), o atleta, que foi apontado como suspeito da morte da adolescente pela família dela, concedeu entrevista por telefone. Emprestado ao Noroeste de Bauru, no interior paulista, ele falou que perdoa os parentes de Flávia. Também disse que, por conta da exposição que sofreu na mídia, sua carreira no futebol “estacionou.”

“Além de ter tido o trauma da perda da minha namorada, tive de conviver com algumas pessoas. Fui chamado de assassino. Meu sonho agora é voltar a caminhar, porque minha carreira estava progredindo e estacionou. Estacionou porque sempre tem provocação de torcida contra e isso me atrapalhava. Alguns gritavam 'assassino'. Por esse motivo, acabei sendo blindado pela Portuguesa para não ficar tão exposto e não sofrer humilhações”, disse Rafael Silva, que disputou nove partidas pelo Noroeste e não marcou nenhum gol. Atualmente, ele se recupera de uma lesão.

Leia abaixo trechos da conversa com o G1:

G1 – Como você soube da notícia de que a perícia concluiu que sua namorada se matou?
Rafael Silva – Meu irmão me ligou na terça-feira e falou. Ele leu na internet.

G1 – Como se sente agora?
Silva - Somente agora eu me sinto aliviado. A perícia mostrou que eu sempre disse a verdade: nunca a matei. A verdade é uma só. A notícia não foi novidade porque eu sabia que ia dar nisso. A minha consciência sempre esteve tranquila. Foi boa a notícia porque a gente se sente aliviado.

G1 – A família dela levantou suspeitas na época de que você poderia ter matado Flávia. Gostaria de dizer algo para os parentes dela agora?
Silva – Não queria dizer nada para a família. Sofri muito na época porque tinha uma boa relação com os parentes dela. Fiquei pasmo quando apareceram na TV falando. A questão foi a de suspeitarem de mim. Entendo o lado da família, cabeça quente fala o que não deve, mas não sou alcoólatra como disseram e nunca bati na Flávia. Mas perdoo eles.

G1 – Pretende reencontrar a família de Flávia?
Silva – Não. Espero que eles fiquem em paz e que dê tudo certo na vida deles. O que aconteceu foi uma tragédia para todo mundo.

G1 - Acha que a família dela lhe deve desculpas?
Silva - Acredito que não. Se eles acham que falaram a coisa certa. Paciência.

G1 – E a sua família, como reagiu?
Silva – Eu sempre estive preocupado com minha família. Ela sofreu muito também.

G1 – Como era sua relação com Flávia?
Silva – Ela foi um grande amor que passou na minha vida. A perda dela é um trauma muito grande. Quando você está com uma companheira acha que é para sempre. Você fica traumatizado sem ter mais a pessoa por perto.

G1 – É verdade que você nunca visitou o túmulo de Flávia?
Silva – Sim. No dia que ela caiu e morreu, eu fui interrogado pela polícia e não pude ir ao velório e ao sepultamento.

G1 – Pretende ir agora ao cemitério onde ela foi enterrada?
Silva – Não. Tudo aquilo foi muito traumático para mim. Nunca quis ir ver o túmulo. Sou evangélico. Sempre oro bastante pela memória dela. Foi um ato que ela não parou para pensar e fez aquilo, de se jogar.

G1 – Você voltou a namorar?
Silva – Sim. Estou namorando. A gente se conheceu por acaso, e ela me deu conselhos que me ajudaram muito e a gente acabou se aproximando. Ela juntou o quebra-cabeça para eu estar bem.

G1 – E como foi jogar futebol com o imprensa te assediando por conta desse caso?
Silva – Foi muito difícil para mim acompanhar as reportagens e ver os repórteres me julgando sem saber da verdade. Quero agradecer ao meu treinador Jorginho [da Portuguesa] que foi um paizão pra mim. Serei sempre grato a ele, ao presidente Manuel da Lupa, e ao vice-presidente de futebol Luis Iauca, que me acolheram. Também sempre estiveram ao meu lado os advogados Giuseppe Fagotti e Valdir da Silva. Também quero agradecer aos meus companheiros de trabalho que sempre iam em casa me dar moral, e a minha família.

G1 – Qual o seu desejo agora?
Silva - Espero voltar para a Portuguesa, onde nasci para futebol e onde será minha eterna casa. A Lusa sempre me apoiou nessa história e acreditou em mim. Quero encerrar minha carreira lá.

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