Em São Paulo, campanha começa com Serra na liderança e Kassab comoalvo

Em São Paulo, campanha começa com Serra na liderança e Kassab comoalvo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

A três meses do primeiro turno da eleição em São Paulo, o ex-governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) se transformaram nos dois principais alvos de praticamente todos os demais candidatos. Líder na última pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 27 de junho, com 31% das intenções de voto, o tucano assumiu publicamente a defesa da gestão do aliado à frente da Prefeitura durante a convenção do PSDB que homologou sua candidatura, realizada no dia 24. Kassab herdou o comando da maior cidade do País em 2006, após Serra deixar o cargo para concorrer ao governo do Estado. Em 2008, ainda no DEM, o prefeito foi eleito escorado na imagem do ex-governador. Quatro anos depois, Kassab ostenta uma rejeição de 36% dos paulistanos, também de acordo com números do Datafolha, o que faz com que os demais postulantes ao cargo tentem associar a imagem do prefeito à de Serra. A rejeição ao tucano também é alta (35%). 

“Tive uma parceria com o prefeito Gilberto Kassab, com quem tenho trabalhado em tantos projetos, de que tanto me orgulho. Nesta campanha, os outros candidatos vão falar mal de São Paulo, e alguns deles nem conhecem muito bem a cidade”, provocou Serra no ato de oficialização de sua candidatura. “Difícil é a aliança que, oito anos depois, pode comparecer a uma convenção e não ser cobrada por nada. Há oito anos, Serra apresentou uma proposta renovadora que tinha o objetivo de fazer profundas mudanças na cidade. Nós avançamos em todas as áreas”, complementou Kassab, fazendo coro ao candidato do PSDB.

O auge dessa associação Serra-Kassab se confirmou no último dia 30, quando o ex-secretário municipal de Educação da capital, o ex-tucano Alexandre Schneider, foi anunciado como candidato a vice na chapa do ex-governador, levando a melhor sobre nomes oferecidos pelo próprio PSDB numa eventual chapa puro-sangue, entre os quais o do ex-secretário estadual de Cultura, Andrea Matarazzo. A vice foi mais um prêmio ao PSD de Kassab, que já havia emplacado o chamado “chapão” de candidatos a vereador em uma coligação proporcional com PSDB, DEM e PR, contrariando parte de lideranças tucanas do Diretório Municipal.

O candidato do PT, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que não deslanchou nas pesquisas até o momento (tem 6% das intenções de voto de acordo com o Datafolha), tem voltado sua artilharia justamente à parceria Serra-Kassab na capital. Em convenção do PCdoB que confirmou o apoio da legenda à candidatura petista, no dia 30, Haddad chamou Kassab de “prefeito de meio período”, por supostamente ter dedicado mais tempo à criação do PSD do que à cidade, e Serra, de “prefeito de meio mandato”. Também atacou a decisão da Prefeitura de proibir a distribuição de sopas aos moradores de rua do centro e criticou a suposta omissão do prefeito diante dos problemas da metrópole. “O prefeito deveria estar inaugurando obras, mas está escondido. Até de helicóptero ele consegue chegar atrasado. Ele não anda de carro, anda de helicóptero. A preocupação da Prefeitura é combater a caridade. Dar comida para morador de rua, hoje, virou crime.”

O fator Russomanno

Apesar de mirar Serra, Haddad ainda tem à sua frente nas pesquisas o candidato do PRB, Celso Russomanno, a grande surpresa da fase inicial da campanha em São Paulo. Também muito conhecido pela população por sua atuação de mais de 20 anos como defensor dos direitos do consumidor e apresentador de programas de televisão, Russomanno é vice-líder em todas as sondagens eleitorais e tem 24% de intenção de voto pelo Datafolha – sete pontos percentuais a menos que Serra e quatro vezes o índice de Haddad. O maior trunfo recente de sua candidatura foi a adesão do PTB à coligação formada pelo PRB e pelos nanicos PHS, PRP e PTdoB. Com ela, Russomanno terá um minuto a mais na propaganda eleitoral, totalizando um tempo total de três minutos e meio no rádio e na TV. O vice na chapa é Luiz Flávio Borges D’Urso, até então pré-candidato do PTB à Prefeitura.

“Você tem que levar em consideração as votações que eu tive, que são expressivas [em 2006, foi eleito deputado federal com 573.524 votos, e em 2010, ficou em terceiro lugar na eleição para o governo do Estado, com 1.233.897 votos, atrás do tucano Geraldo Alckmin e do petista Aloizio Mercadante]. Estou competindo com um ex-prefeito, ex-governador, ex-senador, ex-ministro, candidato a presidente duas vezes... É outra coisa. O nível de participação dele é muito grande em termos de recall. E, mesmo assim, estou muito perto dele”, disse Russomanno em entrevista ao iG no mês passado.

Completa o grupo dos quatro principais candidatos na corrida pela sucessão de Kassab o peemedebista Gabriel Chalita, que também não poupa críticas ao desafeto Serra e ao atual prefeito. “Ele [Kassab] não cumpriu aquilo que se propôs a fazer pela cidade. São Paulo precisa de uma gestão mais presente. A cidade perdeu muito tempo com prefeitos que não tinham projetos. É uma gestão que não tem cara. É uma gestão ineficiente”, disse recentemente ao fazer um balanço da administração de Kassab. Apesar de patinar nas pesquisas, Chalita confia nas inserções na TV e no rádio para se tornar competitivo. “Nós não temos expectativa nenhuma de o Chalita crescer antes do horário eleitoral. Ele nunca disputou um cargo majoritário. Entendemos que as pesquisas hoje mostram um recall muito grande dos outros candidatos”, disse ao iG o presidente estadual do PMDB-SP, deputado Baleia Rossi, às vésperas da convenção que oficializou a candidatura do partido na capital.

Entre os outros candidatos à Prefeitura de São Paulo, estão a ex-vereadora Soninha Francine, do PPS, que divide o terceiro lugar no Datafolha com Haddad e Chalita; o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, do PDT (5%); e o deputado estadual Carlos Gianazzi, do PSOL (1%). Netinho de Paula (PCdoB), que apareceu com 6% no levantamento do instituto, já desistiu da candidatura para apoiar Haddad. A disputa terá outras candidaturas de partidos sem representação na Câmara dos Deputados: PSTU (Ana Luiza Figueiredo), PCO (Anaí Caproni), PSDC (José Maria Eymael) e PPL (Miguel Manso), além de Levi Fidélyx, do PRTB, que teve apenas dois deputados eleitos em 2010.

 

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