Preso na Itáia, Pizzolato teria dossiê

Preso na Itália, Pizzolato teria dossiê

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:03
prisão
Condenado no processo do mensalão, Henrique Pizzolato foi, muitas vezes, um petista com atuação no bastidor, apadrinhado pelos colegas que viviam sob os holofotes. A posição de coadjuvante foi mantida diante de uma fracassada campanha ao governo do Paraná em 1990, quando obteve menos de 5% dos votos. Foi diretor da Previ, bilionário fundo de previdência do Banco do Brasil, mas foi com escândalos em sua diretoria no banco e o mensalão que seu nome passou a ganhar destaque na imprensa. Protagonismo que ele volta a ter ao ser preso ontem, em Maranello, no Norte da Itália. Atrás das grades, depois de dois meses e meio foragido, Pizzolato, de 61 anos, apega-se a um dossiê que, segundo amigos, poderia respingar em alguns políticos. Ninguém revela quem.
 
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Pizzolato por entender que ele autorizou a liberação de R$ 73 milhões da Visa Net para a DNA Propaganda, de Marcos Valério, sem garantias dos serviços contratados. Ele teria recebido cerca de R$ 300 mil em espécie. Na época, ele comprou um apartamento por aproximadamente R$ 400 mil em Copacabana. O ex-diretor disse que jamais embolsou o dinheiro e que não chegou a abrir o pacote, entregue no mesmo dia que recebeu a um emissário do PT, onde o recurso estava. Essa operação, dizem amigos de Pizzolatto, teria ocorrido em março de 2004, quando os petistas do Rio preparavam-se para as eleições municipais. Mas o nome do emissário nunca foi revelado.
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, Pizzolato chegou à diretoria de marketing da instituição em 2004, após ajudar na arrecadação para campanha presidencial de Lula em 2002. Era ligado ao secretário de Comunicação, o ex-ministro Luiz Gushiken, morto em setembro de 2013 e inocentado pelo Supremo.
 
Foi na conta de Gushiken e do ex-presidente do BB Cássio Casseb que Pizzolato pôs a culpa pela antecipação de pagamentos feitos pela Visa Net à DNA Propaganda, que teriam abastecido o esquema do mensalão. Embora a nota técnica com a autorização para a antecipação desses pagamentos tenha sua assinatura, ele alegou que consultou Casseb e Gushiken antes de assiná-la. Em depoimento na CPI dos Correios em dezembro de 2005, Pizzolato disse que foi um “inocente útil” do PT. A verdade é que o ex-diretor nutria uma mágoa pelo partido que ajudou a fundar no Paraná. Sentia-se esquecido pelos companheiros, ofuscado por outras figuras envolvidas no escândalo, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino. Ao fim de seu depoimento à CPI, sua mulher, Andréa Haas, irritada, ameaçou:
— O PT vai pagar o que fez com ele.
 
Andréa não engoliu a falta de apoio ao marido e tentou fazê-lo pedir a desfiliação. Os amigos demoveram Pizzolato da ideia. O sentimento de mágoa é potencializado ao ver que petistas mais conhecidos recebendo doações para pagar suas multas. A que foi imposta por Pizzolato foi a maior entre todos eles: R$ 1,3 milhão (ainda sem correção).
 
O nome de Pizzolato veio à tona no escândalo do mensalão quando, em junho de 2005, a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio o mencionou em depoimento ao Conselho de Ética. Ela disse que o então diretor mantinha um relacionamento estreito com Valério. Desgastado com o mensalão, Pizzolato se antecipou à decisão já tomada pelo governo de substituí-lo e apresentou seu pedido de aposentadoria em julho de 2005.
Pizzolato teve passagem turbulenta pelo BB no governo Lula. Em 2004, a instituição patrocinou um show da dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano que arrecadou recursos para construção da nova sede do PT, ideia que acabou sendo abortada. O patrocínio de R$ 40 mil foi usado para compra de ingressos distribuídos a clientes do banco.
 
— Já comemos torresmo com muito mais cabelo — disse ele, ao desdenhar da polêmica.
 
O dinheiro foi devolvido com a divulgação do episódio, mas a imagem de Pizzolato ficou abalada. Muitos pediram a cabeça do diretor, mas ele não caiu porque tinha o apoio de Dirceu. Agora, a ajuda já não vem do ex-ministro, mas de amigos menos conhecidos:
 
— Vamos ter que pensar no que ajudar — afirmou Alexandre Teixeira, amigo do ex-diretor do BB, ao saber da prisão.
 

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