Só16% dos eleitores paulistanos fogem da polarização histórica entre PT e PSDB

Só16% dos eleitores paulistanos fogem da polarização histórica entre PT e PSDB

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

Ricardo Galhardo

Estudo do PSDB a que o iG teve acesso revela que as principais batalhas pela Prefeitura de São Paulo devem se concentrar em 19 bairros, onde o voto ainda não está consolidado

As principais batalhas da disputa pela prefeitura de São Paulo se darão em 19 bairros que concentram 1,4 milhão de eleitores, o equivalente a 16% dos 8,6 milhões de eleitores da cidade. A conclusão está no “Estudo da Geografia do Voto do Município de São Paulo”, documento para consumo interno produzido pelo comando da campanha do candidato do PSDB, José Serra, ao qual o iG teve acesso.

O estudo usou a divisão de São Paulo em 95 distritos adotada pelo IBGE desde 2007 para fazer um histórico do comportamento dos eleitores em cada bairro nas eleições de 2000, 2002, 2004, 2006, 2008 e 2010

A principal conclusão é que desde então houve uma consolidação da polarização entre o PT e o PSDB. Um exemplo é o Bom Retiro, na região central, onde existe um equilíbrio histórico entre tucanos e petistas. Lá, PT e PSDB tiveram, juntos, 49% dos votos em 2000, 67% na campanha presidencial de 2002, 74% em 2004 e atingiram o ápice com 84% dos votos na disputa pela presidência em 2006. Na eleição seguinte, em 2008, quando o campo tucano se dividiu entre as candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (então no DEM), o número refluiu, mas continuou alto, com 80%. Em 2010, a polarização foi parcialmente afetada pela candidatura de Marina Silva (então no PV), mas mesmo assim tucanos e petistas tiveram juntos 74% dos votos.

“O que os dados históricos indicam é que o espaço de oposição ao PSDB em São Paulo é relativamente constante e sólido, e geograficamente definido, podendo ser ocupado por outros candidatos com postura crítica em relação à atual administração”, diz o texto.

Outra conclusão importante do estudo tucano é que os principais adversários são Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB), apesar do bom desempenho nas pesquisas de Celso Russomanno (PRB), que divide a liderança em empate técnico com Serra, segundo o Datafolha, mas não é visto como um candidato de oposição.

“No caso de Russomanno, ele não se enquadra no perfil do eleitor de Marina Silva e também não é visto como de oposição forte ao PSDB ou ao PT, tornando-o uma incógnita”, aponta o documento.

De acordo com o estudo, tanto o PSDB quanto o PT têm cerca de um terço de seus votos em bairros com alto nível de fidelidade eleitoral.

Os tucanos venceram com folga todas as últimas eleições em 30 dos 95 distritos. A maioria deles bairros de classe média alta: Moema, Jardim Paulista, Itaim Bibi, Alto de Pinheiros, Perdizes, Pinheiros, Vila Mariana, Campo Belo etc. E teve poucas variações nos últimos 12 anos.

O que garante o equilíbrio entre os dois principais partidos é o fato de que o PSDB domina um número maior de distritos, mas que tem pouca densidade demográfica por serem bairros ricos.

Já o PT tem a fidelidade em menos bairros, mas com um número maior de eleitores. Enquanto o eleitorado médio nos 30 bairros fiéis ao PSDB é de 59.232 eleitores, nos 17 distritos petistas a média é de 101.631.

“Estes dados reforçam a necessidade de identificar os distritos não fiéis com maior potencial de voto, com atenção para aqueles de maior volume de eleitores”, conclui o estudo.

O PSDB chegou a aplicar um índice científico de fragmentação eleitoral (Duverger) para traçar sua estratégia. Entre as várias gradações de fidelidade eleitoral e volume de votos o estudo destaca 19 bairros considerados voláteis e que concentram 16% do eleitorado paulistano.

São eles: Aricanduva, Artur Alvim, Brás, Cachoeirinha, Cangaíba, Cidade Ademar, Cidade Líder, Freguesia do Ó, Jaçanã, Jaguaré, Pedreira, Pirituba, Ponte Rasa, Rio Pequeno, Sacomã, São Domingos, Sé, Tremembé e Vila Andrade.

Segundo integrantes da direção da campanha de Serra, a estratégia será aproveitar a primeira fase da disputa para consolidar os votos nas áreas fiéis ao PSDB e, na segunda etapa, partir para o ataques nos 19 bairros voláteis.

Apesar da dificuldade nas áreas dominadas pelo PT, o comando da campanha também vai agir no campo adversário distribuindo milhões de jornais para informar a população sobre as ações tucanas em cada um dos distritos de São Paulo.

 

 

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