Vereadora evangélica é única nova mulher na Câmara Municipal de São Paulo

O número de mulheres eleitas prefeitas no Brasil nestas eleições aumentou 31,5% em relação às últimas eleições municipais, em 2008, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A quantidade de vagas que ocupam nos legislativos país afora também cresceu: agora, elas representam 13% do total de vereadores. Em São Paulo, num pleito em que os eleitores decidiram renovar quase metade de Câmara Municipal – 40% do parlamento foi trocado –, as cinco vereadoras que já tinham mandato foram reeleitas, e mais uma cadeira foi assumida por uma mulher.

 

Patrícia Bezerra, candidata pela primeira vez, é a nova mulher na Câmara Municipal de São Paulo. Evangélica, psicóloga, gestora de projetos sociais, mãe de duas filhas e casada há 17 com Carlos Bezerra Jr. – esse já com longa carreira pública: deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia Legislativa-SP –, ela foi eleita com quase 35 mil votos, à frente de muitos homens que já fazem política há anos na capital.

 

“É um avanço importante. As mulheres são parte das chamadas minorias sociais, que sofrem com preconceitos. Confirmar o crescimento do número de representantes femininas na administração pública, na contramão dos estereótipos, é uma excelente notícia.”, afirmou Patrícia, lembrando que, mesmo antes da opção pela candidatura, já ocupava espaços tradicionalmente masculinos.

 

Por mais de uma década, Patrícia trabalhou nas periferias da cidade, em comunidades com altos índices de violência e regiões dominadas pelo tráfico de drogas. Foi a grande pensadora – e realizadora – das ações de ONG que, sob sua gestão, passou a ser considerada pela uma das mais idôneas do País, segundo a Revista Veja. Da Bíblia, Patrícia tira a receita que usou nos últimos anos para dar conta das múltiplas funções sem descuidar da família. “Diz o livro de Provérbios que a mulher sábia edifica sua casa. Eu entendo esse texto de maneira mais ampla. Pra mim, ela deve edificar também sua cidade”, afirma.

 

Apesar de comemorar o avanço da representação feminina, Patrícia faz ressalvas: “É muito bom que mais mulheres estejam sendo eleitas no Brasil. Mas isso precisa se transformar na prática de uma nova forma de fazer política. É preciso fortalecer uma agenda voltada para a igualdade, voltada aos direitos das mulheres, à saúde das mulheres, ao combate à violência e mesmo à ampliação nos horizontes profissionais. Além disso, não se pode trabalhar apenas para as mulheres. Vereador ou vereadora são eleitos para legislar em benefício de todo cidadão, independente do gênero”, pondera.

 

Proposta para mulheres

Uma das principais propostas divulgadas por Patrícia durante sua campanha é chamada de “parto humanizado”. Na prática, o projeto quer dar a toda mulher o direito a anestesia em parto normal. Hoje, as grávidas que têm seus filhos em hospitais públicos municipais não têm acesso a essa alternativa “e muitas sofrem por 8h, 9h seguidas de dor por causa disso”, informou a vereadora eleita. Além de assegurar o benefício, planeja-se instituir uma série de outras melhorias no momento do parto. “É uma iniciativa de valorização da vida, sobretudo”, conta.