"A gente só fica em área de risco porque não tem para onde ir"

"A gente só fica em área de risco porque não tem para onde ir"

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:00

As famílias que procuram por doações no Ciep do distrito de Itaipava, em Petrópolis, na  região serrana do Rio, que faz a arrecadação e distribuição dos donativos, passam antes pelo atendimento da Setrac (Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania). Após uma coleta de dados, elas são orientadas e ficam sabendo a quais programas têm direito, como Aluguel Social ou Bolsa Família.

Fabiana Peçanha Lopes, de 27 anos, estava na fila para ser atendida, com o filho Josué, de 4 nos. Após perder o quartinho que morava por causa da chuva, ela espera conseguir alguma ajuda. Mãe solteira e desempregada, ela depende da pensão do filho e da colaboração dos pais.

– Só deu para salvar o fogão e os documentos, depois de tanto sacrifício para ter as coisas da gente. O Josué começa na escola esse ano, ele está tão animado. Já tinha até começado a comprar as coisas para ele, mas foi tudo embora com a água. Recebo R$ 150 de pensão e os meus pais ajudam. Mas meu pai e irmão perderam o emprego porque o lugar em que trabalhavam foi destruído.

A preocupação de Fabiana é com a agilidade da ajuda. Há três anos ela morava numa localidade de Itaipava, que já era considerada de alto risco. Ela conta que a prefeitura promete há dois anos que vai retirar os moradores de lá para casa populares. Mas isso não aconteceu.

– Desde quarta-feira só recebi água. E a minha mãe recebeu uma cesta básica para alimentar dez pessoas. Espero que o governo nos ajude a encontrar uma solução rápida, porque a gente só fica em área de risco porque não tem para onde ir. Os sobreviventes do desastre provocado pela chuva de quarta-feira (12) podem também requerer que a defesa civil faça uma vistoria em sua casa. Até domingo (16), a Defesa Civil tinha a informação e que 1.512 imóveis foram afetados. Entre os produtos que precisam ser arrecadados com urgência estão roupas íntima novas, fraldas, absorventes, material de higiene pessoal e de limpeza, cestas básicas, velas e fósforo. O foco das arrecadações é no Ciep, na Estrada União Indústria, nº 11.860.

Tragédia das chuvas O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na terça-feira (11) deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgate ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.

  No final da noite desta sexta-feira (14), a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Empresas públicas e privadas, além de ONGs (Organizações Não Governamentais) e voluntários, também estão ajudando e recebem doações.

Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) são enterrados em covas improvisadas. Hospitais estão lotados de feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes.

Em visita à região de Itaipava, em Petrópolis, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que ricos e pobres ocupavam irregularmente áreas de risco e que o ambiente foi prejudicado. - Está provado que houve ocupação irregular, tanto de baixa quanto de alta renda. Está provado também que houve dano da natureza. Isso não tem a ver com pobre ou rico.

Doações na Igreja Universal Para ajudar as vítimas, você pode doar água e alimentos não perecíveis em qualquer templo da Igreja Universal do Reino de Deus no Estado do Rio de Janeiro.      

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