'A vitima fui eu', diz motorista do RJ que arrancou com carro em protesto

'A vitima fui eu', diz motorista do RJ que arrancou com carro em protesto

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:41

  O empresário Sandro Moura, de 41 anos, que causou polêmica ao avançar com seu carro em cima de um estudante durante um protesto em Campos dos Goytacazes, na Região Norte Fluminense, falou com o G1 nesta sexta-feira (27) e afirmou que agiu por defesa.

“Só saí com o carro com ele em cima porque iam quebrar. Eu me defendi, é diferente. Aquilo foi defesa de uma pessoa sozinha com mais de 60 em volta. (...) Qualquer um no meu lugar faria a mesma coisa. Você trabalhador, cheio de compromisso, chega um bando de estudante querendo aparecer – porque se fossem pessoas corretas tinham chamado polícia e a Guarda Municipal – e atrapalha o caminho. Eles estavam na avenida principal da cidade, tudo engarrafado, todo mundo estressado, até ambulância querendo passar. A vítima fui eu do problema”, afirmou ele.

O protesto era contra a violência na cidade e foi realizado por universitários, na noite de quarta-feira (25). A polícia ouviu o depoimento de nove pessoas presentes na confusão e agora aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML), onde os envolvidos fizeram exame de corpo de delito.

R$ 22 mil em dinheiro no veículo

Sandro, que é dono de uma academia de ginástica e também produtor cultural, contou que tinha R$ 22 mil dentro do carro, provenientes de ingressos de uma festa à fantasia.

“Quando eu cheguei na manifestação tinha gente se jogando no carro. Pedi licença, eu estava com uma quantidade expressiva de dinheiro. Adiantei o carro para ver se ele saía e ele ele se jogou em cima do capô. Levei ele uns 10 metros porque o pessoal estava chutando o carro”, alegou ele. Sandro disse que o veículo passou por uma perícia e apresenta danos na lateral esquerda e no capô.

No entanto, a versão do estudante de geografia do Instituto Federal Fluminense (IFF) Victor Regis, de 18 anos, que estava na frente do veículo é outra. “Posso afirmar o seguinte: ele estava na fila, como outros motoristas, e ele não teve diálogo com a gente. Foi muito rápido. Nós estávamos na frente de todos os carros. Quando ele começou a arrancar, algumas pessoas foram sim para o carro dele. A gente fechava de 10 em 10 minutos e abria para os carros passarem. Ele queria furar a barreira”, contou.

Estudante diz que próximos protestos serão avisados à PM

Na quinta-feira (26), a delegada da 134ª DP (Campos) responsável pelo caso, Ana Paula Carvalho, declarou que a manifestação deveria ter sido avisada à polícia "Essa manifestação não foi comunicada ao batalhão nem à delegacia”, disse ela.

Nesta sexta, o universitário assumiu que deveria ter comunicado a autoridades sobre a realização do protesto. “Essa foi a primeira manifestação que fizemos, não tínhamos experiência. Nós aprendemos com nossos erros. Estamos organizando um novo protesto para a segunda-feira e estamos notificando o batalhão, bombeiros, para não ocorrer o que ocorreu", disse.

Victor disse que ainda sente dores na cabeça, devido aos socos que levou, e na perna, por conta da queda. Já Sandro Moura levou um ponto na mão, devido a um corte que sofreu durante a briga, e contou que tem arranhões no braço.

Empresário foi intolerante, diz universitário

Para Victor, o importante do episódio foi conscientizar à população sobre a intolerância. “Ele foi o único intolerante. Tinham motoristas que aplaudiam e quem estava com pressa, a gente tinha um diálogo e abria o caminho. Ele não teve diálogo e a gente não sabia o que ele queria. Essa intolerância está por toda parte”, ressaltou.

A delegada Ana Paula Carvalho disse que os envolvidos, caso sejam punidos, responderão por lesão corporal e dano ao veículo, que seriam delitos de menor potencial ofensivo.          

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