A promotora Daniela Hashimoto e os advogados assistentes da acusação tentarão convencer o júri que Lindemberg Alves mentiu durante o interrogatório desta quarta-feira (15). Para a acusação, ele não atirou “sem querer” em Eloá. O julgamento de Lindemberg entra nesta quinta (16) em seu quarto dia, quando estão previstos os debates entre acusação e defesa no Fórum de Santo André, no ABC.
“Lindemberg é um lobo em pele de cordeiro. Ele atirou em Eloá para matar e não sem querer. Ele também havia dito que não sabia se atirou em Nayara e negou ter disparado contra o PM, mas isso também é mentira.
Ele atirou em Nayara e no sargento. Ele também negou que tivesse mantido Nayara, Iago e Victor, em cárcere, mas os manteve em cárcere. Além disso, fez os disparos de arma de fogo”, disse nesta manhã o advogado José Beraldo, assistente de acusação.
Além do assassinato de Eloá, o motoboy responde por duas tentativas de homicídio contra Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá, e o sargento da Polícia Militar Atos Valeriano, assim como por cinco cárceres privados (dois com Nayara e o restante com relação à Eloá, Iago Vilera e Victor Campos) e quatro disparos de arma de fogo. Os crimes aconteceram há três anos, durante os dias 13 a 17 de outubro, em um apartamento em Santo André.
Pena de 60 anos
Para Beraldo, Lindemberg deverá ser condenado a 60 anos de prisão, o que equivale a uma condenação pelo assassinato de Eloá, pelas duas tentativas de homicídio contra Nayara e o sargento da PM Atos Valeriano, por cinco cárceres privados e pelos disparos de arma de fogo.
“Eu tenho convicção que ele será condenado pelo júri por todos os crimes pelos quais está sendo acusado. Pelos meus cálculos, aplicando-se a pena máxima, a minha expectativa é que a juíza [Milena Dias] poderá aplicar uma pena na sua sentença de 60 anos”, disse Beraldo. Entretanto, o próprio advogado reconhece que, segundo alguns juristas, a pena pode chegar até a 40 anos.
A legislação brasileira não permite que uma pessoa fique presa por mais de 30 anos. Para Beraldo, a possibilidade de aplicação dessa pena pela Justiça seria uma resposta moral à família da vítima e à sociedade.
Indenização
Beraldo comentou nessa manhã que a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, e os dois irmãos da vítima estarão presentes no plenário para acompanhar os debates e a sentença da juíza. Segundo ele, a família de Eloá e de Nayara estão com ações indenizatórias na Justiça contra o governo do estado alegando que a Polícia Militar foi negligente em um dos momentos do sequestro no ABC em 2008. Essas ações ainda não teriam sido julgadas.
O G1 não localizou familiares das vítimas para comentarem o assunto até as 9h desta quinta-feira.
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