Advogado do goleiro Bruno diz que desconhecia grampos telefônicos

Advogado do goleiro Bruno diz que desconhecia grampos telefônicos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:33

Cláudio Dalledone fala à imprensa depois do

julgamento do habeas corpus do goleiro Bruno

(Foto: Alex Araújo/G1 MG)

  O advogado do goleiro Bruno, Cláudio Dalledone Júnior, disse, nesta segunda-feira (25), que não sabia da existência de grampos telefônicos referentes ao atleta, que está preso há um ano na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O jogador é réu no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio .

Na sexta-feira (22), o jornal "O Tempo" divulgou trecho de uma ligação telefônica de Bruno para a  noiva Ingrid Oliveira, que teria sido realizada de um telefone da penitenciária e intermediado por funcionários.

O telefonema feito na Nelson Hungria pelo goleiro Bruno para Ingrid, em 2 de dezembro de 2010, será alvo de investigação solicitada pela Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) de Minas Gerais. A Suapi informou na sexta-feira (22) que abrirá um procedimento interno para apurar o uso do telefone.

A gravação de um trecho com oito minutos da conversa entre Bruno e Ingrid foi divulgada na sexta pelo jornal "O Tempo". Segundo a reportagem do jornal, a gravação foi feita com autorização da Justiça.

O governo de Minas informou que já investiga se houve irregularidades na conduta de servidores e que os presos podem ter acesso a ligações por motivos especiais. Já o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo, disse que pretende fazer pedido à Polícia Federal (PF) para esclarecer se o áudio tem relação com uma investigação sobre vendas de habeas corpus em Minas.

Defesa nega privilégios

Ao G1 , o advogado de Bruno afirmou que o jogador não tem qualquer regalia dentro da prisão. Dalledone diz que a ligação, realizada em dia 2 de dezembro de 2010, não foi irregular. "Em primeiro lugar, isso não é regalia, não é apoio. Isso é um direito", disse o defensor. Ele afirma que todo preso pode falar ao telefone a cada 15 dias.  

A assessoria de imprensa da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais (Seds) informou que as ligações sociais são concedidas aos detentos, mediante autorização e justificativa, por motivo relevante, feita pelo detento, que deve explicar a necessidade de falar com a família como nos casos de doença, ausência nas últimas visitas e morte, por exemplo, ou recomendada por um médico, psicólogo, psiquiatra.

Com relação as ligações apresentadas pelo jornal “O Tempo”, com transcrição, a secretaria disse que será preciso apurar se houve desvio de conduta de funcionários ou abuso de confiança por parte de Bruno. "Somente o cruzamento dos dados e a investigação feita pela Corregedoria do Sistema Prisional poderá indicar se houve qualquer irregularidade", disse a resposta enviada pela Seds ao G1 .

A Seds disse também que o ex-diretor da Nelson Hungria Cosme Dorivaldo Ribeiro Santos foi substituído por meio de procedimento rotineiro, como acontece em outras unidades prisionais.

Em dezembro de 2010, quando ocorreu a ligação da penitenciária para Ingrid, em que Bruno é chamado para conversar com a noiva , o diretor da Penitenciária Nelson Hungria era Santos. De acordo com a Seds, Santos não exerce nenhuma função executiva atualmente, mas ainda é ligado à instituição porque os procedimentos instaurados na corregedoria estão em fase de apuração.

  Comparação de escutas

O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo, disse que pretende fazer, nesta segunda- feira (25), um pedido à Polícia Federal (PF)  para que as escutas grampeadas do número de Ingrid Oliveira no ano passado que, de acordo com o deputado, foram autorizadas, sejam comparadas ao áudio de uma investigação da PF de vendas de habeas corpus em Minas.

No fim de junho deste ano, a polícia desmantelou uma quadrilha que vendia alvarás de soltura para traficantes de drogas  Nos dois casos, a polícia suspeita, de acordo com Ângelo, da participação de um mesmo homem.

O suspeito teria se apresentado a Ingrid como um amigo da juíza de Esmeraldas, Maria José Starling, e prometido ajuda para libertar Bruno da cadeia. Ele teria utilizado um celular com o número de Brasília para fazer a ligação. Este mesmo número também teria sido detectado nas investigações da PF sobre a venda de habeas corpus, segundo Durval Ângelo.

Ingrid Oliveira, noiva de Bruno, beija o goleiro preso

durante sessão da Comissão de Direitos

Humanos da Assembleia Legislativa de Minas

Gerais (Foto: Alex de Jesus/O Tempo/AE)

  O G1 entrou em contato com o Ministério Público Estadual (MPE), mas assessoria de imprensa do órgão informou que o promotor de Justiça responsável pelo caso do desaparecimento e morte de Eliza Samudio, Gustavo Fantini, não vai se pronunciar. Sobre os grampos telefônicos, a assessoria disse que o Ministério Público vai apurar.

Justiça não se pronuncia

Na sexta-feira (22), a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que existem dois recursos para serem julgados no caso do desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Um dos recursos é contra o pronunciamento dos réus e o outro seria um pedido do Ministério Público Estadual (MPE).

A assessoria não soube informar sobre o que é o segundo recurso. De acordo com o TJMG, a legalidade da escuta só vai ser analisada no julgamento desses recursos, que ainda não tem data para acontecer.            

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