Dois agentes penitenciários do Paraná foram presos nesta terça-feira sob a suspeita de incitar uma rebelião na Penitenciária Central do Estado, no último dia 14, e serem responsáveis pelas sete mortes de detentos ocorridas durante o motim. A prisão é provisória e vale por 30 dias.
Os agentes ocupavam os cargos de chefe e subchefe de segurança da cadeia, localizada em Piraquara (região metropolitana de Curitiba), e são acusados de terem remanejado presos de facções inimigas numa mesma ala a fim de de promover a rebelião. Segundo o governo do Estado, o objetivo era pressionar para que reivindicações salariais fossem atendidas.
A investigação foi conduzida pelo Centro de Operações Policiais Especiais, uma delegacia diretamente subordinada à Secretaria da Segurança do Estado. Segundo o secretário Luiz Fernando Delazari, há "um enorme conjunto de provas incontestes" que comprovam a participação dos agentes. As provas, porém, estão sob sigilo e não foram detalhadas.
Responsável pela defesa dos agentes, o sindicato da categoria nega a acusação e culpa o governo por ter retirado, três dias antes do motim, os policiais militares que faziam a segurança interna do presídio. Segundo o sindicato, a estrutura da prisão é precária e os PMs eram necessários para a segurança.
Para o sindicato, o governo conduziu a investigação de forma política. "Querer atribuir a culpa a agentes é não querer se responsabilizar nem fazer o debate sobre as condições penitenciárias", diz o vice-presidente da entidade, José Roberto Neves.
O secretário da Segurança afirma que a penitenciária é "carente de equipamentos de segurança", mas reitera que o estopim foi a transferência dos presos. Ele diz que os PMs estavam ociosos no presídio e que não impediriam a rebelião.
O advogado Dalio Zippin Filho, integrante do Conselho Penitenciário do Estado há 18 anos, discorda da conclusão da investigação e diz que o motim foi causado por "incompetência do governo". "A polícia está trabalhando em causa própria, para esconder os problemas", disse. A investigação, porém, é respaldada pelo Ministério Público, que a qualificou como "técnica e transparente".
Os dois agentes foram indiciados pelos crimes de homicídio qualificado, lesões corporais graves e gravíssimas (pelos detentos que foram feridos no incidente), motim de presos e dano ao patrimônio. O processo só será aberto após denúncia do Ministério Público, o que deve ocorrer até o final do mês.
Por: Estelita Hass Carazzai
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