Ameaça de novas brigas de gangues faz polícia reforçar segurança em SP

Ameaça de novas brigas de gangues faz polícia reforçar segurança em SP

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:28

A ameaça pela internet de novos confrontos entre gangues de punks e skinheads em São Paulo está obrigando as polícias Militar e Civil a planejarem uma ação conjunta para reforçar a segurança da população durante o desfile do 7 de Setembro, na quarta-feira, e num evento de moda rock e esportiva de uma casa noturna, na sexta-feira (9).

O Comando de Policiamento da PM na capital e a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) estão monitorando as páginas dos grupos rivais nas redes sociais. Há informações cifradas de que punks estariam dispostos a vingar o assassinato de um de seus membros ocorrido no último sábado (3) em frente a uma boate na Zona Oeste durante o show musical de uma banda inglesa. Jonhi Raoni Falcão Galanciak, o Jonhi Punk, de 25 anos, foi esfaqueado e morto por skinheads.

A briga havia sido agendada pela web. O Carioca Club, onde ocorreu a apresentação do Cock Sparrer, chegou a alertar a PM, com quase uma semana de antecedência, do encontro pela internet entre punks e skinheads. A corporação confirmou que recebeu o ofício e fez a segurança do local. Mesmo assim, ela não foi suficiente para impedir a morte de Galanciak e outras agressões. Cerca de 200 pessoas teriam atendido ao chamado no Twitter. Fábio dos Santos Medeiros, 21, continua internado em estado grave no Hospital das Clínicas.     Segundo a Decradi, Galanciak e Medeiros já são conhecidos da polícia. O primeiro já teve passagens pela polícia por envolvimento em outras brigas. O segundo seria integrante de um grupo skinhead. Na segunda-feira (5), o DHPP havia informado à imprensa que a investigação identificou suspeitos da agressão. O G1 apurou que cerca de 70 pessoas, entre punks e skins, são suspeitos de participar do conflito no sábado passado. Imagens de câmeras de segurança do Carioca Club divulgadas pela polícia mostram alguns feridos após a confusão. Até agora nenhuma pessoa foi presa pelos crimes.

De acordo com o coronel da PM Marcos Roberto Chaves da Silva, comandante do Policiamento da capital, um efetivo maior de policiais militares fará a segurança do evento comemorativo ao Dia da Independência do Brasil, na região do Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte, onde estarão presentes autoridades políticas. Além disso, o oficial informou que também haverá reforço no patrulhamento próximo ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na região central, e Museu do Ipiranga, na Zona Sul – locais que, por tradição, concentram grupos nacionalistas no 7 de Setembro.

“Vamos estar de olho nesse possível confronto entre punks e skinheads. Nosso serviço de inteligência da PM está monitorando as redes sociais à procura de comentários sobre rixas agendadas entre essas gangues. Além disso, estamos em contato direto com a Decradi. A idéia de reforçar o policiamento é preventiva. Uma prevenção para evitar brigas durante o desfile do 7 de Setembro”, disse o coronel Chaves nesta terça ao G1.

Entre as ameaças, investigadores receberam a informação de que uma mensagem foi postada no Facebook com os seguintes dizeres: ‘Dia 7/9 tem mais, contando os dias’.

Além de quarta-feira, a ação conjunta entre PM e Polícia Civil ocorrerá também numa casa noturna na região da Bela Vista. Dois empresários que trabalham com lojas de roupas na Galeria do Rock registraram boletim de ocorrência de ameaça na Decradi. Segundo eles, punks e uma vertente dos skinheads intitulada Sharp (Skinheads Against Racism Prejudice ou Skinheads Contra o Preconceito Racial numa tradução livre do inglês para o português) ameaçou fazer uma manifestação contra o desfile que os lojistas pretendem realizar na sexta.

Os ataques contra os comerciantes foi parar na internet. Uma página contra o evento chegou a ser feita com o nome ‘São Paulo Facio Week’, numa alusão de que as lojas produzem roupas de cunho fascista, homofóbico e racista.

“São punks que fizeram isso. Para eles, se eu não gostar do comunismo eu sou fascista. Eles acham que vou fazer um desfilo homofóbico porque temos camisetas de bandas skinheads. Por isso, eles acham que sou fascista. Agora estou investindo em roupas, como vestido com luvas, tudo ligado ao rock e esporte. A meninas vão entrar com saias. Eles colocam um monte de coisas na internet. Não estou nessa etapa de brigar. Penso em cuidar da minha família. Não sou nazista, fascista, homofóbica e nem racista. Tenho amigos gays e negros. Infelizmente a juventude está assim mesmo, revoltada e rebelde. Não precisa tanta violência”, disse uma empresária da loja, que só aceitou falar sob a condição de que seu nome não fosse divulgado.

O Ministério Público acompanha a investigação policial sobre o assassinato de Galanciak.            

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