Larissa (de bege) e Tandara viram a amiga ferida
nas lanças (Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
A adolescente Larissa Sousa, que completou 14 anos nesta quinta-feira (7), decidiu não comemorar o aniversário porque disse ainda estar triste com a morte da amiga Victória Alves, de 13 anos. Na tarde de terça (5), enquanto brincava com Larissa e outras duas amigas, a jovem escorregou ao tentar pular um portão e ficou presa às lanças dele. O acidente ocorreu na rua onde Victória morava, no Imirim, Zona Norte de São Paulo.
Sem ela eu não vou comemorar o aniversário, afirmou Larissa, que brincava na rua com outras crianças nesta quinta. Tímida e de poucas palavras, ela contou como Victória se machucou. Ela escorregou. Depois, não reagiu mais. Fiquei desesperada, entrei na casa e não saí porque se eu visse, ia desmaiar, lembrou a garota, que viu a amiga presa com a lança do portão enfiada na região da barriga e do tórax. Nós éramos amigas desde que nasci. Vou sentir falta das brincadeiras, dos conselhos. Ela dizia para eu não fazer nada de errado, disse Larissa. Ela, Victória e outras duas meninas resolveram brincar de dar um susto em outra vizinha, que estava no computador, em casa. Larissa e uma garota conseguiram pular o portão da residência. Victória ficou.
A vítima era filha única e sonhava com a carreira de modelo. Morava desde que nasceu na Rua Guilherme de Mello. Ainda abalada, a mãe da jovem não quis dar entrevistas. Assim que soube do acidente, Tandara da Silva Farias, de 11 anos, correu para ajudar Victória. Estava em casa, a poucos metros dali. Eu peguei na mão dela e disse: calma, Victória. E ela começou a chorar.
Duas amigas inventaram de pular o portão para assustar a outra. Na hora que a Victória ia pular, pôs o pé no muro, mas é alto, explicou Tandara, que fez questão de mostrar as fotos da amiga no computador. Somos amigas há sete anos e ela queria ser modelo. Segundo a adolescente, os passeios semanais ao shopping e as sessões de cinema toda sexta-feira na casa de Victória farão falta. A gente também brincava sempre de esconde-esconde.
Os vizinhos contaram que a brincadeira de pular o portão não é comum no local. E Larissa afirmou que "agora tem medo" de se arriscar perto das lanças novamente. "Eu só tinha pulado o portão uma vez antes dessa."
Socorro
Tandara tem a foto de Victória no computador
(Foto: Carolina Iskandarian/ G1)
O clima aqui na rua ficou bastante tenso com essa fatalidade. A Victória era uma criança da qual todo mundo gostava, disse Thalita Lobato, de 19 anos, prima de Tandara. A operadora de telemarketing Rosa Maria Fahl, de 41 anos, acompanhou a adolescente ferida até o hospital. Nem ela nem a mãe puderam ir com a menina na ambulância. Os bombeiros não deixaram a gente ver.
De acordo com Rosa, o pedaço da lança que entrou em Victória foi serrado do portão e ficou no corpo dela, sendo retirado pelos médicos. Ela já estava desacordada na ambulância. Estou sentido muito a perda porque conheço ela desde que nasceu. Fui eu que levei a mãe dela para o hospital para ter a Victória quando estava grávida. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, a garota chegou ao pronto-socorro com parada cardiorrespiratória e foi reanimada. Ela morreu durante a cirurgia.
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