Amorim critica sanções ao Irã e "pressa" na aprovação da resolução

Amorim critica sanções ao Irã e "pressa" na aprovação da resolução

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:24

O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, criticou nesta quarta-feira (9) a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de uma nova rodada de sanções ao Irã. O ministro questionou o que chamou de ''pressa'' das potências internacionais em aprovar a resolução proposta pelos Estados Unidos contra o país comandado por Mahmoud Ahmadinejad. Segundo Amorim, a rapidez em votar as sanções se deve ao fato de a opinião pública internacional ter começado a ver de modo favorável o acordo com o Irã, que prevê a troca de combustível nuclear.

''Depois que o acordo apareceu, houve uma pressa imensa em aprovar a resolução. Por que essa pressa? Porque crescentemente a opinião internacional cada vez mais via os méritos da Declaração de Teerã'', disse, ele durante exposição na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Segundo o ministro, o Irã sequer teve tempo para discutir eventuais modificações no acordo no caso de haver divergência por parte da Agência Internacional de Energia Atômica. ''Nem seque foi dada oportunidade de dizer o que deveria ser mudado. Não foi dada oportunidade ao Irã de dizer: 'Isso aqui posso mudar'', declarou.

Amorim voltou a dizer que sanções são ineficazes e lembrou que durante os últimos sete anos as punições aplicadas ao Irã pela ONU não tiveram efeito. ''Diante de todos esses fatos e da nossa convicção de que sanções ou não conduzem a nada ou levam a tragédias, o Brasil juntamente com a Turquia votou contra as sanções'', destacou.

Amorim também minimizou o fato de o Irã descumprir resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU). Após o anúncio da aprovação de sanções, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as medidas ''não valem um centavo'' e ''devem ser jogadas no lixo''.

''Essas resoluções não têm valor... É como um lenço usado que deveria ser jogado na lata de lixo'', disse ele, durante a visita a Duchambe, capital do Tadjiquistão.

''Em matéria de não cumprir resoluções da ONU, o Irã não é o único país. E nós continuamos a nos relacionar com eles. Isso não impede que o Brasil mantenha relações diplomática com os países'', ressaltou Amorim. ''O Brasil não está defendendo o Irã está defendendo uma proposta que foi defendida pelos Estados Unidos e cujos elementos foram confirmados por eles três semanas antes da viagem do presidente a Teerã'', disse.

O ministro fez um relato cronológico da participação do Brasil nas negociações sobre o programa nuclear iraniano. Ele defendeu reiteradas vezes o acordo intermediado por Brasil e Turquia que prevê a entrega em território turco de urânio levemente enriquecido. Em troca o Irã receberia combustível nuclear.

Amorim lembrou a carta que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, enviou ao Brasil duas semanas antes da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã . De acordo com Amorim, os termos sugeridos na carta de Obama para um acordo que traria ''confiança'' sobre as intenções de Ahmadinejad foram cumpridos.

''Em face de todos esses fatores, esperávamos reação mais positiva. O que ocorreu foi o contrário. Antes mesmo de receber a carta [sobre o acordo] de Teerã, alguns países já vinham dizendo que não poderiam abdicar das sanções porque viam no acordo um empecilho à efetivação das sanções'', disse.

A resolução que prevê sanções ao Irã foi aprovada nesta quarta por 12 votos a 2, com uma abstenção, do Líbano, conforme era esperado.Os cinco membros permanentes do conselho, EUA, Rússia, China, França e Reino Unido, votaram a favor. Brasil e Turquia votaram contra. Os governos brasileiro e turco tentaram em vão convencer as potências internacionais a acolher o acordo de troca de combustível nuclear firmado com o Irã.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições