Analfabetos e pessoas com deficiências físicas que não podiam dirigir se beneficiaram com o esquema de desbloqueio de carteiras de motorista irregulares desarticulado nesta terça-feira (3) durante a Operação Cartas Marcadas, realizada em São Paulo e em Minas Gerais. Nove pessoas foram presas e levadas para prestar depoimento na Corregedoria da Polícia Civil paulista, situada na região central de São Paulo.
Segundo o Ministério Público, foram liberados 5 mil documentos que tinham sido suspensos desde 2008. A Promotoria afirmou que o desbloqueio era feito na própria Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) ao preço de R$ 3 mil por habilitação. A quadrilha movimentou pelo menos R$ 15 milhões com o esquema. Muitos dos beneficiados eram analfabetos. Havia também deficientes físicos e visuais, que não tinham condições de fazer provas e passar nos testes, afirmou o inspetor Alexandre Castilho, porta-voz nacional da Polícia Rodoviária Federal. Esses motoristas são de Minas Gerais e, por meio dos facilitadores, tinham a carteira emitida por São Paulo.
As nove prisões aconteceram na capital paulista, em Guarulhos, na Grande São Paulo, e em Minas Gerais. Do prédio do Detran, no Centro de São Paulo, a Polícia Rodoviária Federal e promotores paulistas recolheram computadores e documentos. Segundo as investigações, advogados, policiais, donos de autoescolas e agenciadores fazem parte da quadrilha.
O esquema criminoso de emissão de carteiras de habilitação foi descoberto em 2008. O aluno pagava propina e recebia o documento sem precisar fazer nada. Mais de 30 mil carteiras foram bloqueadas na Grande São Paulo. Na época da operação, policiais ligados ao Detran e donos de autoescolas foram presos. Mas uma nova quadrilha passou a atuar. Desde 2008, o grupo liberou 5 mil carteiras que tinham sido suspensas.
Um advogada foi presa em casa, em Guarulhos. Na autoescola dela, os policiais apreenderam computadores e carteiras de motorista irregulares. A Promotoria disse que ela fazia o contato com policiais corruptos que trabalhavam na Corregedoria do Detran e que desbloqueavam as carteiras.
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