Animação sobre solidão na infância ouviu crianças do Brasil e de Cuba

Animação sobre solidão na infância ouviu crianças do Brasil e de Cuba

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:36

    Que ventos trazem o dios Huracán (deus Furacão)? Parece que para a pequena Maria Soledad, que mora no vilarejo do Nada, ele traz ares da transformação.   A menina foi pintada em aquarela e virou personagem da animação "O Caminho das Gaivotas", que está na Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis.     Nos ventos de Huracán, voam gaivotas (ou "gaviotas", em espanhol). Elas acompanham a jornada de Maria Soledad (ou Maria Solidão), rodeada de adultos cheios de afazeres.

Essa história foi criada com a ajuda de crianças do Brasil e de Cuba, que auxiliaram a equipe a entender o caminho do filme. E é uma avó que conta a aventura de Maria Soledad, enquanto nina sua netinha. Na voz da cantora cubana Omara Portuondo, ela entoa uma canção de ninar. "Descobrimos nas pesquisas que não existia bicho-papão nas canções de ninar de Cuba", conta Patricia Alves Dias, coordenadora do projeto. No Brasil, essas músicas são cheias de ameaças, de Cucas que vieram de Portugal e de Tutus da África.

Divulgação Soledad e as gaivotas em cena da produção Ela explica que, nas músicas de ninar, a melodia faz as crianças se sentirem abraçadas, pelas mães, pelos pais ou a pelas vovozinhas, que ajudam a criar seus netos, em Cuba e no Brasil.

"A gente resolveu juntos, os artistas do Brasil e Cuba, contar uma história que no final uma vovó cantasse uma música de ninar, depois de brincar de contar uma história ao seu netinho. Nanar, como diz em Cuba, para as crianças se sentirem abraçadas pelo filme", diz Patrícia.

Confira vídeo que fala mais sobre o filme e leia entrevista com a coordenadora do projeto a seguir.

Por que escolheram as gaivotas para guiar a Maria Soledad na história?

Patrícia Alves Dias - A ideia era dar de presente a Maria Soledad um bichinho, porque ela vivia com seus brinquedos, mas estava sempre tão só, num mundo onde todos estavam tão ocupados com seus afazeres, como diz a vovó do filme. E, como toda criança gosta muito de um animal, Sergio Glenes, um dos brasileiros e quem escreveu o roteiro comigo, inventou as gaivotas na história, porque elas voam, representam o vento, o vôo. E mais, gaivotas voam nas mudanças de estação, mas voltam sempre, contava o produtor Alex Cabanas aos nossos amigos crianças que nos ajudaram a fazer o filme. Esse grupo chamava "grupo focal".

O que as crianças indicaram para o filme?

Nossos amigos crianças falavam, por exemplo, de pássaros. Diziam: "sempre tem pássaros em ilhas". E Sergio deu de presente para os meninos e meninas brasileiras e cubanas as gaivotas. Ou "gaviotas", em espanhol, idioma que se fala em Cuba.

Como é fazer um filme entre dois países? E por que os países se juntam para fazer um filme?

Os países no mundo se encontram, como pessoas, têm ideias comuns e se juntam para fazer coisas boas... Outros não. Outros, infelizmente, brigam. Mas o Brasil e Cuba se encontraram e resolveram fazer um filme de animação juntos e para crianças. Para isso, foi preciso viajar do Brasil para Cuba e de Cuba para o Brasil. E olhar nossas paisagens, nossos povos, contar nossas historias, cantar nossas músicas, uns para os outros....E aí a gente percebeu que tínhamos muitas coisas parecidas e outras nada parecidas.

E são diferentes em quê?

Em coisas da natureza, por exemplo. E, quando o escritor Braulio Tavares escreveu o argumento, que antes se chamava "O Caminho da Mata Redonda", ele contava que no vilarejo da menina chegava um furacão, fenômeno da natureza muito comum em Cuba. Lá tem muito tufão, terremoto, furacão e tinha acabado de acontecer o terremoto do Haiti. E aqui pouco sentimos esses fenômenos da natureza.

Divulgação Cena de "O Caminho das Gaivotas", feita entre Brasil e Cuba Pode explicar um pouco quem é o deus Huracán? As crianças cubanas têm medo dele? Por quê?

Pesquisamos muito e encontramos a presença de cerimônias dos tupis-guaranis para acalmar o Deus dos Ventos, que, em outros países da America Central, chamava-se Dios Huracan. E, como dizia Andrezza, uma das crianças do grupo, "deuses não fazem mal". Aí resolvemos colocar na história um deus -- e não um furação.

É diferente escrever uma história (roteiro) para uma animação e para um livro? Quais são as diferenças?

Nossa historia não é muito diferente da historia de um livro ou de uma historia contada de Trancoso, causos, ou de um filme, porque a vovozinha que conta a historia, conta de uma forma que vocês possam ir imaginando junto com a gente a historia. E não tem muita fala, é um poema e, no fim, ela canta a canção "Dorme Mi Niño" (dorme meu menino), que é outra forma de contar historias.

Qual é a letra da canção de ninar?

É assim:

"Duérmete mi niño

duérmete mi amor

duérmete pedazo de mi corazón.

deste niño lindo

que nació de noche...

quero que el lleve a pasear

en coche."          

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