Após prisão de manifestantes, 13 foram liberados em São Paulo

Após prisão de manifestantes, 13 foram liberados em São Paulo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:07
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Das 15 pessoas presas após um protesto contra o aumento nas tarifas do transporte público, na noite de quinta-feira (6), 13 foram liberadas e duas permaneciam detidas no início da manhã desta sexta-feira (7), como informou o Bom Dia São Paulo. O Movimento Passe Livre, que organizou a manifestação, convocou para o fim da tarde desta sexta um novo ato, com concentração no Largo da Batata, em Pinheiros, na Zona Oeste.
 
Os protestos de quinta-feira deixaram um rastro de destruição e sujeira na Avenida Paulista. O vandalismo atingiu as estações Brigadeiro, Trianon e Vergueiro do Metrô, além do Shopping Paulista, bases móveis da PM, bares e bancas de jornais da região. O Metrô ainda não calculou os prejuízos, mas informou que destinará a conta aos manifestantes.
 
O ato interditou, entre outras vias, o Corredor Norte-Sul e a Avenida Paulista. Para liberar as pistas, a PM usou bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogênio.
 
Durante toda a madrugada, a movimentação foi intensa no 78º Distrito Policial, nos Jardins. Amigos, familiares e advogados se mobilizaram para liberar os detidos. Nove deles foram apenas ouvidos e liberados em seguida. Entre eles, estava o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres.
Quatro detidos saíram após pagar fiança, em valores que variam de um salário mínimo até R$ 3 mil. A fiança mais alta foi cobrada de manifestantes que participaram da depredação do Metrô, segundo a polícia. Um quinto ainda não havia deixado a delegacia até esta manhã, porque não tem dinheiro para a fiança.
 
O caso mais grave é a de um detido em flagrante enquanto incendiava objetos durante a manifestação. O delito é inafiançável e, por isso, ele ficará à disposição da Justiça.
Altino foi detido em frente ao Shopping Paulista, um dos pontos onde houve tumultos. Ele disse ao G1, na noite desta quinta-feira, que ele e mais quatro ativistas da categoria participavam pacificamente da manifestação.
 
“A polícia perdeu o controle de si mesma. Fui perguntar para um policial se as pessoas poderiam sair do shopping e fui detido. Isso é um absurdo. Em nenhum momento houve, por nossa parte, do sindicato, alguma atitude que tenha depredado o sistema. Temos o interesse de defender o patrimônio público”, disse o presidente do sindicato.
 
O centro comercial em frente ao qual o sindicalista foi detido esteve entre os pontos mais prejudicados pelas depredações. Até mesmo um carro que estava exposto no local para uma promoção do Dia dos Namorados foi atingido.
O tenente-coronel da PM Ben-Hur Junqueira Neto disse que “a polícia já entrou em contato com os seguranças para pegar as imagens das câmeras de monitoramento para fazer a identificação, boletim de ocorrência e eventualmente imputar a responsabilidade  a quem depredou o patrimônio” do shopping.
 
O coronel da PM Reynaldo Rossi, comandante do Policiamento da região Central, diz que os primeiros distúrbios foram registrados com pichações na Rua São Bento. "Essas pessoas estavam a fim de fazer baderna", disse.
Segundo Rossi, 323 policiais militares participaram da operação e, em seu momento de pico, a manifestação reuniu 2 mil manifestantes.
 
O protesto
O ato foi organizado por estudantes reunidos no Movimento Passe Livre (MPL), que critica o aumento das passagens de trem, ônibus e metrô na cidade de São Paulo para R$ 3,20. O MPL defende ainda qualidade e pede tarifa zero. Segundo o grupo, “todo aumento de tarifa é injusto e aumenta a exclusão social.”
 
Os organizadores afirmam que quase 20 mil pessoas confirmaram presença no evento via Facebook. Eles estimam que cerca de 5 mil tenham de fato comparecido, enquanto a PM afirma que 2 mil participaram. Ao G1, representantes do MPL disseram que não são responsáveis por atos de vandalismos cometidos durante o protesto: bancas de jornais, orelhões, estrutura externa da Estação Brigadeiro do Metrô e ambientes do Shopping Paulista foram alvos de depredações.
Sequência de tumultos
O ato contra as tarifas começou às 18h em frente ao Theatro Municipal. De lá, os manifestantes passaram em frente à Prefeitura de São Paulo e seguiram caminhada pelo Centro.
 
O primeiro tumulto envolvendo a PM ocorreu após manifestantes colocarem fogo em cones da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) na bifurcação entre as avenidas 23 de Maio e 9 de Julho, na região do Terminal Bandeira.
Policiais militares usaram balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o grupo no Centro. Após o primeiro confronto, manifestantes voltaram a atear fogo em objetos e fizeram uma nova barricada também no acesso à Avenida Nove de Julho.
 
Por volta das 19h20, uma equipe do Corpo de Bombeiros apagou o fogo colocado nos objetos sobre a pista do Corredor Norte-Sul. Enquanto isso, parte do grupo de manifestantes seguia em caminhada pela Avenida de Julho em direção à Avenida Paulista.
 
Ao chegar à Avenida Paulista, o grupo interditou os dois sentidos da via na altura do Masp. Em seguida, caminhou rumo ao Paraíso, quando foi impedido por policiais. A PM usou novamente balas de borracha e bombas de efeito moral para liberar a pista. Na fuga, parte do grupo depredou bancas de jornais e estruturas de acesso para a estação Brigadeiro do Metrô.
Manifestantes também destruíram um vaso e jogaram uma espécie de pedestal contra o para-brisa de um carro que estava exposto no Shopping Paulista. O centro comercial também foi pichado.
 
Grupo critica PM
Em nota, os manifestantes criticaram a ação da PM. "Existem aproximadamente 30 feridos por balas de borracha e estilhaços de bombas de gás lacrimogênio. Muitos deles muito machucados no rosto", afirmou o movimento em nota.
Em entrevista ao G1, um dos organizadores reafirmou que o MPL não tem responsabilidade por atos individuais de pessoas que aderiram ao protesto e acabaram praticando atos de vandalismo.
 
Metrô estuda processos
Em nota, o Metrô lamentou os transtornos causados pelo protesto e disse que pretende processar os responsáveis pelos danos. Segundo o Metrô, as estações Brigadeiro e Trianon-Masp, da Linha 2,  a estação Vergueiro, da Linha 1, e  a estação Anhangabaú (Linha 3) foram alvo de vandalismo. Na Vergueiro, um segurança do Metrô ferido.
 
 
"O Departamento Jurídico da Companhia vai estudar formas de responsabilizar os autores desses atos que causaram danos patrimoniais e colocaram em risco os usuários do sistema, garantindo que os contribuintes não tenham que arcar com o custo desse lamentável episódio de vandalismo", informou a nota. No texto, o Metrô ressaltou que o reajuste da tarifa, de 6,7%, foi inferior à inflação do período.
 
Reajuste
As tarifas dos ônibus, do metrô e dos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) subiram de R$ 3 para R$ 3,20 no último domingo (2) em São Paulo. O aumento, anunciado em 22 de maio pela Prefeitura e o governo do estado, foi de 6,7%.
O aumento no transporte público, que normalmente ocorre no começo do ano, foi adiado após acordo do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e do governador, Geraldo Alckmin, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para ajudar a conter a alta da inflação.
A desoneração das alíquotas de PIS/Cofins para as empresas de transporte coletivo contribuíram para frear o aumento de tarifas. A medida havia sido anunciada no fim de maio pelo Ministério da Fazenda como uma forma de evitar reajustes maiores.
 

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