Após mais uma noite de protesto nesta terça-feira (1°), ruas do Centro do Rio voltaram a amanhecer com rastros de destruição. Na manhã desta quarta-feira (2), vasos quebrados e agências bancárias depredadas podiam ser vistas no entorno da Cinelândia.
Na Avenida Almirante Barroso, esquina com Avenida Rio Branco, era possível identificar rastros de destruição. Vasos de planta foram quebrados e jogados no meio da avenida. Agências bancárias, que ficam na região da Cinelândia, tiveram portas e janelas de vidro quebradas. Um telefone público também foi arrancado e arremessado no meio da rua. Lixeiras também foram arrancadas e depredadas.
Na noite de terça-feira, o Centro teve mais uma noite de tumultos e confrontos nesta terça-feira (1°).A região virou praça de guerra pouco depois que a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) dos professores do município. Um grupo de mascarados se infiltrou entre os professores e desencadeou o tumulto.
Até o final da noite, 17 pessoas tinham sido detidas e muitas ficaram feridas durante a confusão. Vários ativistas registraram queixas em delegacias contra a violência policial. Vândalos mascarados — alheios à lei que impede o uso de disfarces — quebraram agências bancárias e depredaram prédios, provocando pânico nos trabalhadores que deixavam os prédios na Avenida Rio Branco.
A PM nega que tenha usado balas de borracha. “Pensei que fosse bala de verdade e achei que tivesse quebrado minha costela”, afirmou o ambulante, que exerce a função há 13 anos e é cadastrado pela prefeitura.
O Cine Odeon, onde eram exibidas sessões do Festival do Rio, e o Theatro Municipal, que sediaria um espetáculo de balé, fecharam as portas e adiaram as apresentações. Diversas empresas próximas à Cinelândia — e vizinhas à Câmara — liberaram seus funcionários com horas de antecedência para que evitassem o tumulto.
Aprovação do PCCR
A Câmara aprovou em reunião extraordinária às 19h15 desta terça a redação final do projeto de lei do plano de cargos e salários de professores, que já havia sido aprovado em primeira e segunda discussões, mais cedo. O PL agora vai para a sanção do prefeito Eduardo Paes. Segundo a assessoria da Prefeitura, assim que o documento chegar às mãos de Paes, será sancionado. A categoria informou que a greve continua.
Em nota, a prefeitura considera a aprovação uma "vitória para os servidores" e "um passo definitivo para consolidar o ensino público do Rio de Janeiro como o melhor do Brasil". Segundo o texto, o plano "garante, de imediato, um reajuste salarial de 15,3% para todos os profissionais da Educação e corrige injustiças históricas".
Ainda de acordo com a prefeitura, vereadores apresentaram 31 emendas ao texto original, já aprovadas pelo prefeito, o que representa um impacto de R$ 3 bilhões para o governo municipal nos próximos cinco anos. "A prefeitura reitera, mais uma vez, o seu apelo para que os professores que aderiram à greve retornem às aulas o mais breve possível, de forma que os alunos da rede municipal não sejam ainda mais prejudicados."
Tensão fora do palácio
A votação ocorreu sob tensão dentro e fora do Palácio Pedro Ernesto. Os servidores da Educação se revoltaram com a aprovação do projeto de lei. Os professores pedem que todos os profissionais independente da carga-horária sejam contemplados pelo plano. Eles alegam que o novo plano incentiva a migração dos docentes para a jornada de 40 horas semanais. Entenda o impasse.
Nesse caso, segundo a categoria, o professor teria que pedir demissão de outra matrícula, ocasionando perda salarial. A prefeitura explica que o plano contempla um aumento salarial de 12%, além de pequenas correções como adicional de qualificação para o servidor do quadro de apoio.