Associação de parapente diz que irmã de ator morreu por erro humano

Irmã de ator teria morrido por erro humano

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:14

A morte da nutricionista Priscila Graziela Pereira, 24 anos, que caiu de um parapente no domingo, na zona sul do Rio de Janeiro, foi decorrência de um erro humano, acredita o diretor técnico da Associação Brasileira de Parapente (ABP), Arthur Lewis. Ao ver fotos da vítima momentos antes da decolagem, Lewis diz não ter dúvidas de que ela estava presa ao equipamento apenas pelo peito, com as pernas soltas. "O erro foi humano. Isso é fato. Qualquer profissional olha para aquela foto e diz: 'ela decolou sem as pernas acopladas'", afirmou ao Terra.

Irmã do ator Fabricio Boliveira - do filme Tropa de Elite-, Priscila morava na Bahia e estava de férias no Rio de Janeiro. O instrutor que a acompanhava no voo afirmou que percebeu que a nutricionista estava caindo e que tentou segurá-la, mas não conseguiu. Ela morreu ao cair na areia da praia, após despencar de uma altura estimada em 15 m. O instrutor Allan Figueiredo foi indiciado na segunda-feira por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.

Para Lewis, a jovem começou a escorregar assim que deixou a rampa e não teria como se segurar apenas com o equipamento no peito. "Você não aguenta, voando pelo menos quatro ou cinco minutos, segurar seu peso no ar até a praia", afirmou. Segundo o diretor, o piloto errou ao não checar os itens de segurança para verificar se estavam conectados e ao prosseguir com o voo ao perceber que havia algo errado. "Ele deveria ter feito uma manobra evasiva, que é retornar com a passageira, mesmo que corresse o risco de ela quebrar a perna, se chocar forte contra a montanha, corresse o risco, mas um risco muito menor que despencar de muitos metros de altura", disse.

Lewis explicou que, para realizar um voo duplo, é preciso dois anos de prática solo no parapente. Depois, o piloto faz um curso durante um ano, voando sempre com outro profissional, nunca com passageiros. Após um teste prático, ele é homologado para voar com qualquer pessoa e em qualquer rampa do Brasil.

Instrutor não era homologado pela associação

Segundo Lewis, o instrutor que levava Priscila não é homologado pela Associação Brasileira de Parapente, assim como o clube São Conrado Voo Livre não é filiado à entidade, apenas à Associação Brasileira de Voo Livre (ABVL), que abrange também os voos de asa-delta.

De acordo com o diretor, há muitos pilotos operando no mesmo lugar, a rampa da Pedra Bonita. Para ele, a pressa para liberar o espaço para o praticante seguinte pode ter contribuído para a falha no caso de Priscila.

Lewis afirmou, ainda, que há muito assédio a turistas na região de São Conrado, onde ocorreu o acidente, para fazer o voo duplo. "O que falta ali no Rio de Janeiro é consciência, é respeito pelo ser humano. Nós, como esportistas, estamos enojados com essa situação", afirmou. "Então é o Ministério Público local se manifestar e fechar aquela bagunça lá, que é o que deveria ser feito", acrescentou.

A ABP aconselha os que se interessarem pelo voo de parapente a ver se o instrutor é homologado pela entidade e pedir para ver a carteirinha válida para voo duplo.

O clube São Conrado Voo Livre afirmou que a rampa da Pedra Bonita é uma das mais reconhecidas do mundo e que os profissionais que atuam no local são experientes e seguem um rígido protocolo. O clube informou ainda que prestará informações sobre o caso em uma coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira.

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