Mesmo com a equipe médica reforçada com 45 profissionais, o número de atendimentos no Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, dobrou em pouco mais de seis meses. Segundo a direção da unidade, não há perspectiva de melhora no local até a reabertura do Hospital Municipal Pedro II , em Santa Cruz, o que deve demorar mais de um ano, segundo a Riourbe, órgão subordinado à Secretaria municipal de Obras.
Um vídeo gravado dentro da unidade e exibido na segunda-feira (2) pelo RJTV mostra o caos na rede pública de saúde . Nesta terça-feira (3), a situação na entrada da unidade era mais tranquila.
A população da Zona Oeste é muito grande. Com o fechamento do Hospital Pedro II, nós absorvemos uma população de quase 1,5 milhão de habitantes. Você pega toda a Costa Verde, você pega parte da Baixada Fluminense, você pega uma área de Campo Grande, Bangu, Santa Cruz, que é uma população imensa. Então, a demanda de atendimento aumentou muito, afirmou o diretor-geral do Rocha Faria, José Macedo.
Ainda de acordo com a direção, a equipe está completa. Entretanto, o número de médicos e o espaço físico no Rocha Faria não são suficientes para tanta gente. Na ortopedia, foram contabilizados 90 atendimentos, em agosto de 2010, e 200, em março deste ano. No mesmo período, a quantidade de procedimentos de obstetrícia também aumentou: passou de 350 para 755. O mesmo aconteceu com as cirurgias gerais e internações clínicas, que aumentaram 60%.
Nesses meses foram inauguradas duas enfermarias, com 27 leitos, e uma sala de estabilização para pacientes graves, com 10 leitos. O hospital tem ao todo 286 leitos.
Imagens gravadas de celular
Com a câmera de um telefone celular, a equipe do RJTV entrou na emergência do Rocha Faria e encontrou um corredor tomado de macas. Mais de 30 pacientes eram atendidos de forma irregular; todas as enfermarias e salas de emergência estavam superlotadas e as pessoas eram medicadas em cadeiras. Na porta, uma fila de ambulâncias.
De acordo com a direção do hospital, nesta manhã a superintendência em Saúde decidiu redistribuir as ambulâncias para outras unidades, com o objetivo de diminuir a superlotação. Os veículos foram mandados para o Albert Schweitzer, em Realengo, o Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e o Hospital Getúlio Vargas, na Penha.
As imagens flagraram também pacientes temporariamente internados nos corredores do hospital transitando pelo mesmo portão por onde saem os mortos da unidade e também o lixo do prédio. Além disso, todos os usuários do local têm apenas um banheiro unissex à disposição. Pacientes sem atendimento
As duas filhas doentes e Gláucia não conseguiram atendimento. Faltavam médicos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vila Kenedy. Ela está com conjuntivite, está com febre, com 39 graus desde sábado, contou.
No início do dia, a fila já era grande na UPA de Campo Grande. Crianças e adolescentes com suspeita de dengue passam por uma peregrinação. A maioria das famílias já esteve em outras unidades de saúde. Estou vindo do Paiva, Estrada do Mendanha. Não consegui atendimento porque não tem médicos. Eles alegam que o médico está de férias, relatou uma paciente.
Uma mãe tenta atendimento para o filho adolescente há dois dias. Vim aqui ontem por volta de 8h, quando cheguei tinha um clínico só para atender mais de 400 pessoas. Pedi informação e diseeram que não tinha previsão de atendimento, disse ela.
Abandono no Pedro II
O Pedro II, hospital que deveria atender parte dessa demanda, está fechado desde o incêndio na unidade , em outubro do ano passado. Na época, o governo do estado chegou a anunciar que o hospital ficaria sem funcionar por, pelo menos, seis meses, a contar do início das obras, no dia 18 de outubro.
Mas a unidade passou para a administração da prefeitura, em novembro. Seis meses depois, nem a licitação para as obras foi concluída. A prefeitura diz que o resultado sairá apenas em maio e que espera começar a reforma ainda neste semestre.
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