Bens de traficantes nas mãos da Justiça em MS ultrapassam R$ 1 bi

Bens de traficantes nas mãos da Justiça em MS ultrapassam R$ 1 bi

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:37

São 86 fazendas; 600 veículos; 18 aviões; 101 apartamentos e casas; R$ 30 milhões em depósitos. Tudo dinheiro sujo. Parte da riqueza do comércio ilegal de drogas e do descaminho de mercadorias através da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia.

O patrimônio dos traficantes que hoje está nas mãos da Justiça ultrapassa a cifra de R$ 1 bilhão. Parte desses bens está sendo usada contra eles. Há algum tempo, a polícia já utiliza aviões e helicópteros tirados de contrabandistas. Um deles pertenceu ao traficante Juan Carlos Abadia, preso em 2007. Hoje, está em manutenção em Curitiba, mas é usado pela Secretaria de Segurança de Mato Grosso do Sul em ações contra o crime organizado.

A Justiça também está conseguindo alugar os imóveis e arrendar as fazendas, revertendo o dinheiro para financiar o combate ao tráfico.

“Nós temos que golpear a espinha dorsal do tráfico de drogas. Tirando todo o dinheiro proveniente dessa atividade criminosa e aplicar esse dinheiro na prevenção”, diz o juiz federal Odilon de Oliveira. O Fantástico foi até a fazenda de Alcides Carlos Greijianin, conhecido como Polaco. Ele é acusado pela Justiça Federal de ser um dos maiores contrabandistas de cigarro do país.

Com o dinheiro do crime, comprou 11 fazendas na fronteira com o Paraguai. Uma delas tem 2,5 mil hectares. É do tamanho de dez lagoas Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Foi avaliada em R$ 25 milhões.

“É uma boa propriedade. É uma das melhores, eu acho, daqui”, diz um morador. A sede da fazenda é feita de aroeira, madeira nobre. Na sala, móveis de luxo e um bar com whisky e vinhos caros.

No começo do ano, a Justiça fez o maior leilão de gado apreendido do país. Mais de 8 mil cabeças do rebanho de polaco foram vendidas, quase R$ 9 milhões arrecadados. “Tudo de elite, tudo nelore, tudo muito bom”, avalia o morador. Condomínio de luxo em Campo Grande, lago particular para passeios de lancha. Uma mansão tem três suítes, piscina, bar e churrasqueira. Está avaliada em quase R$ 1 milhão. Luxo que pertencia a João Carvalho, conhecido como Jacaré.

De acordo com a Polícia Federal, a mansão foi construída com dinheiro que Jacaré conseguiu trabalhando como piloto para o tráfico de drogas. Trazia para o Brasil cocaína da Bolívia e maconha do Paraguai. Por capricho, desenhou no fundo da piscina seu instrumento de trabalho.

Enquanto o leilão não é marcado, a mansão agora está alugada por R$ 3,5 mil mensais. Jacaré foi condenado por tráfico no Brasil, mas em 2006, fugiu para o Paraguai.

O caso mais inusitado é o de um avião que foi apreendido em uma fazenda de traficantes e passou a ser usado pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul.

Meses depois, uma surpresa dentro do nariz da aeronave: “Estava recheado de dinheiro”. Eram US$ 650 mil.

De acordo com os juízes federais a burocracia para conseguir leiloar os bens apreendidos com os traficantes faz com que os veículos, por exemplo, permaneçam em pátios debaixo de sol e chuva por mais de dez anos.

“Eu gostaria de sensibilizar a presidência da República para alterar a legislação de tráfico e permitir que o patrimônio apreendido seja tão logo começado o processo, leiloado e com a aplicação total na prevenção”, pede o juiz Odilon de Oliveira.

Que o prejuízo fique apenas para o crime organizado.          

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