Bombeiros realizam a difícil tarefa de verificar todos os boatos em Petrópolis

Bombeiros realizam a difícil tarefa de verificar todos os boatos em Petrópolis

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:00

Bombeiros têm a difícil tarefa de garantir que todos estão bem, e em uma tragédia, como a que atingiu a região serrana no Rio de Janeiro, esse desafio ganha nova proporção. A equipe do R7, em Petrópolis, acompanhou o trabalho realizado por seis bombeiros  do 19º GBM, da capital fluminense, na procura por corpos ou famílias que precisassem de ajuda no Brejal, região de Petrópolis atingida pela chuva de quarta-feira (12) e na madrugada de domingo (16). 

O voluntário da Defesa Civil Ronaldo Antônio Lopes, conhecido como Borracha, foi o guia da expedição. O Brejal é uma localidade rural com criações de porcos, plantações, casas de campos e de pessoas humildes que trabalham na própria região.

Os bombeiros seguiam por ruas de terra, a procura de informações com os poucos moradores que apareciam. Ao se confirmar que todos estavam bem em uma fazenda suspeita de ter sido afetada pelas chuvas, os bombeiros tomaram conhecimento de uma nova situação. Um casal com seis filhos estaria em perigo no alto do Brejal, na fazenda das peras.  

Rapidamente, foi tomada a decisão de que era preciso conferir a casa da família.  As funcionárias do Posto da Família do Brejal Bianca de Fátima Melo, agente comunitária, e Mariângela Machado da Costa, enfermeira, entraram no carro do R7 e guiaram o caminho para os bombeiros.  

Os veículos só puderam fazer metade do caminho. O resto, cerca de 5 km de subida, foram feitos a pé. No percurso,  a destruição está por todos os lados. Casas destruídas, cavalos soltos, passarinhos nas gaiolas das casas abandonadas, postes derrubados, plantações cobertas de areia do rio. Um porco perdido passou a seguir nosso grupo.

 O sargento dos Santos, há 20 anos no Corpo de Bombeiros, conta que já esteve em Nova Friburgo para colaborar, onde viveu uma das cenas mais marcantes dessa tragédia.

- Encontramos o corpo de uma menina de seis anos. Já tínhamos embalado e preparado ele para descer, quando encontramos com os pais dela, que não sabiam que ela tinha morrido. Foi muito triste. Eles choraram tanto, que não tive como me segurar. Outro dia, estava na praia com a minha mulher, e por um minuto perdi de vista minha filha no mar. Foi tão desesperador, que quando a encontrei só queria abraçar e não soltar mais. Quando se vê a cena dos pais como a que eu vi, não tem como não imaginar “e se fosse a minha filha?”.

Ao chegarmos a casa de Maria Sueli Melo Garcia, 48 anos, e José Antonio Garcia, 39 anos, encontramos a casa intacta e a boa notícia de que todos estavam bem. Alguns filhos de Maria, que estão em Teresópolis, já conseguiram avisar que também estão bem. Ela conta que durante a noite escutou muito barulho de chuva e resolveu então rezar.

– Rezei para que a água não entrasse na minha casa e voltei a dormir. Quando acordei, vi que a caixa d’água tinha sida levada. Ao chegar ao jardim, vi que a água circulou todo o terreno, mas não destruiu a minha casa.

Os bombeiros do Rio confirmaram se a família estava precisando de algo e retornaram os 5 km de caminhada, para chegar ao carro e seguir imediatamente para Itaipava e continuar seu trabalho. 

- Fizemos o nosso trabalho de garantir de que todos estavam seguros. Às vezes, são as nossas próprias famílias que sofrem com informações incompletas ou erradas, como o caso dos bombeiros que ficaram soterrados. Não se divulgava qual era a guarnição. Imagina a busca desesperada de nossas esposas e familiares por informações.

  O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na terça-feira (11) deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgate ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.

No final da noite de sexta-feira (14), a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Empresas públicas e privadas, além de ONGs (Organizações Não Governamentais) e voluntários, também estão ajudando e recebem doações.

Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) são enterrados em covas improvisadas. Hospitais estão lotados de feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes. Em visita à região de Itaipava, em Petrópolis, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que ricos e pobres ocupavam irregularmente áreas de risco e que o ambiente foi prejudicado. - Está provado que houve ocupação irregular, tanto de baixa quanto de alta renda. Está provado também que houve dano da natureza. Isso não tem a ver com pobre ou rico.      

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