Brasil rejeita entrega de armas à oposição síria e intervenção militar

Brasil rejeita entrega de armas à oposição síria e intervenção militar

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:15

iG São Paulo

Declarações de ministra Maria do Rosário são feitas em mais um dia de violência, que deixou ao menos 125 mortos em todo o país

O Brasil rejeita a entrega de armas à oposição síria e recusa uma intervenção militar estrangeira por considerar que qualquer uma das ações reforçará o conflito bélico e não resolverá a crise política no país.

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Manifestantes protestam contra Assad na região de Damasco, na Síria

Foto: AP

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A opinião foi expressada pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, em declarações a jornalistas após discursar em reunião de alto nível da 19ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU e no mesmo dia em que a União Europeia anunciou novas sanções contra o país árabe.

"O Brasil se posiciona contra a entrega de armas seja a quem seja. O Brasil condena ações armadas de qualquer lado, não aceitamos ações armadas", ressaltou a ministra. "Precisamos que toda perspectiva imediata de ações bélicas seja revista. Elas têm significados nefastos para a população civil e não contribuem para a reafirmação democrática de nenhum país", acrescentou.

Maria do Rosário rejeitou a opinião de alguns países, como a Arábia Saudita, sobre a necessidade de entregar armas à oposição síria para que possa defender-se da repressão exercida pelo regime de Bashar al-Assad.

 

"A ideia da Arábia Saudita de armar à oposição não é boa; a excelente ideia é que a política e a diplomacia ocupem o lugar do confronto", declarou a ministra, que defendeu o diálogo como resposta à repressão.

"A postura do Brasil é vanguardista, é a defesa da paz, mais paz e menos reação armada a estruturas armadas. Nossa posição é coerente com nossa história", ressaltou, defendendo o conceito da "responsabilidade de proteger", já expressado pela presidenta Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU.

Além disso, a ministra deixou claro que o governo de Dilma está diametralmente oposto a qualquer intervenção militar na Síria. "Devemos lembrar que devemos proteger protegendo. As ações militares sempre têm um elevado custo humano. Quando enfrentamos uma crise, a comunidade internacional deveria evitar agravar as tensões e a violência", ponderou.

"A ênfase deveria ser colocada na diplomacia e na resolução de conflitos. O uso da força deveria ser apenas excepcional e não deveria causar mais dano do que pretende evitar", concluiu.

Dia de violência

As declarações da ministra Maria do Rosário foram feitas em mais um dia de violência na Síria, que deixaram aos menos 125 mortos, incluindo 64 que morreram enquanto fugiam de uma área de conflito na cidade de Homs, no centro do país.

O alto número de mortos divulgado pelos Comitês de Coordenação Local, um dos principais grupos de ativistas sírios, indica o quanto o conflito se torna sangrento enquanto Assad tenta suprimir um levante popular que reivindica sua renúncia.

Segundo os ativistas, as 64 vítimas tentavam fugir o bairro sob bombardeio de Baba Amr, em Homs, quando foram mortas em um posto de segurança na área de Abil da cidade. Entre os mortos estão três mulheres, três crianças e quatro soldados. Não está claro se os soldados mortos eram desertores.

A violência continuou no mesmo dia em que o governo afirmou nesta segunda-feira que um referendo realizado na véspera aprovou uma nova Constituição com quase 90% dos votos.

Antes mesmo antes de o resultado ser anunciado, autoridades ocidentais acusavam a votação de não ter credibilidade. "O referendo não enganou ninguém", disse o chanceler britânico, William Hague, em Bruxelas, durante uma reunião de ministros das Relações Exteriores. "Não há credibilidade em abrir postos de votação e continuar a atirar em civis."

Os Estados Unidos afirmaram que o referendo é de um "absoluto cinismo". Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado, questionou também como um processo de democratização poderia ser colocado em andamento enquanto os tanques e as tropas do regime continuam disparando contra a população civil. "Nós o rejeitamos por seu absoluto cinismo", disse Nuland.

*Com EFE e AP


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