Capital paulista tem salto no número de pontos de alagamento

Capital paulista tem salto no número de pontos de alagamento

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

O aumento das chuvas nos últimos meses provocou um salto no número de pontos de alagamento registrados na capital paulista. Moradores de regiões de São Paulo que não costumavam alagar tiveram que conviver com enchentes após temporais em dezembro de 2009 e janeiro deste ano. Um novo temporal nesta quinta-feira, dia 21, provocou mortes e muita destruição na cidade. Os pontos de alagamento na capital passaram de cem.

Um levantamento do G1 mostra pontos de alagamento que se repetem ao longo dos anos e as ações que a Prefeitura promete nesses locais, além de algumas áreas que passaram a sofrer com o problema. Foram analisados períodos de 40 dias nos últimos três anos: entre 01/12/2007 e 09/01/2008, do dia 01/12/2008 a 09/01/2009 e entre 01/12/2009 e 09/01/2010. Foram verificados apenas os pontos de alagamento intransitáveis - quando a via fica total ou parcialmente bloqueada pela água, impedindo a passagem de veículos.

No primeiro período, houve 9 deles espalhados pela capital paulista, contra 43 no segundo e 152 no terceiro. O temporal do dia 8 de dezembro de 2009 foi o responsável pelo grande número neste último período. A forte chuva provocou 58 pontos de alagamento intransitáveis na cidade. Entre eles, alguns que bloquearam a circulação em vias importantes, como as marginais Tietê e Pinheiros.

Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura de São Paulo, choveu em dezembro de 2007 uma média de 171,8 milímetros, contra 123,6 milímetros no mesmo mês de 2008 e 260,4 milímetros em 2009 (77,4 milímetros apenas em 8 de dezembro). A média histórica é de 201 milímetros. Além da maior quantidade de chuvas, o CGE diz que o monitoramento melhorou desde 2008, o que também reflete no aumento expressivo dos pontos de alagamento.

Os dados sobre alagamento registrados no site do CGE são repassados pelos funcionários da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que monitoram as ruas e avenidas da capital paulista. Eles priorizam as vias que mais causam impacto no trânsito. Por causa disso, a maior parte dos pontos de alagamento registrados está dentro do chamado centro expandido.

Velhos problemas

Alguns pontos de alagamento se repetem nos últimos anos. Localizada em uma região baixa, na ligação da Rua Turiassu com as avenidas Antártica e Sumaré, a Praça Marrey Júnior, na Zona Oeste de São Paulo, aparece constantemente na lista. O comerciante Fernando Franco, de 41 anos, é dono de uma loja de veículos em frente à praça e conta os prejuízos provocados pelos alagamentos na região.

"Eu já perdi carros duas vezes. Da primeira vez, entrou água em 17 automóveis e, da segunda, em 22. O que me deixa indignado é pagar R$ 8 mil em IPTU e ter esse problema", afirma. Ele conta que trabalha todos os dias de olho no céu. Ao primeiro sinal de chuva, recua os veículos, para que fiquem o mais longe possível da calçada.

Gerente de um posto de combustíveis na mesma região, Fernando Sobral, de 54 anos, trabalha há 6 anos no local e providenciou barreiras para que a água não chegue na loja de conveniência. "Aqui é uma baixada, enche mesmo. Nós providenciamos um dique para colocar nas portas e evitar que entre na loja", afirmou. As enchentes também refletem no bolso. "Interrompe o fluxo de veículos e, consequentemente, eu não consigo atender. E isso traz perdas nas vendas", completou.

Na mesma região da cidade, outro local com seguidas ocorrências de alagamento é o cruzamento das avenidas Francisco Matarazzo e Pompéia. Sobre esses dois pontos, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) informou ao G1 que os projetos para a área "estão dentro da Operação Urbana Água Branca, que, além das questões de drenagem, visam a requalificação urbana".

Segundo a prefeitura, estão sendo elaborados projetos executivos para a região da Pompéia, principalmente nos pontos localizados perto das bacias dos córregos Sumaré e Água Preta. Os estudos indicam, por exemplo, a necessidade de melhorar a captação de água ao longo das avenidas Pompéia e Sumaré – com trechos de maior declividade – e adaptação das redes na região da Turiassu. Também está sendo analisada a possibilidade de um piscinão para conter as enchentes na área.

No último período analisado, as enchentes se repetiram na Rua Capachós, no Jardim Romano, na Zona Leste da capital paulista. Essa é uma das ruas do bairro que ficou alagado por mais de um mês após a chuva do dia 8 de dezembro. Antes desta data, a CET havia registrado alagamento na rua nos dias 3 e 4 de dezembro.

Os alagamentos também foram frequentes nos três períodos ao longo da Marginal Tietê, mas em pontos diferentes, como perto das pontes Atílio Fontana, das Bandeiras, Aricanduva e Freguesia do Ó. O mesmo ocorre na Avenida Abraão de Moraes, na Zona Sul de São Paulo, que aparece algumas vezes na lista, porém no cruzamento com vias diferentes. Confira os pontos que mais se repetiram e os projetos da Prefeitura para eles:

- Avenida Aricanduva com as ruas Baquiá e Tumucumaque: as duas ficam em pontos baixos ao longo do Córrego Aricanduva, na Zona Leste. A Prefeitura diz que a obra está em andamento e já foram entregues 4,5 quilômetros de alargamento da calha no trecho da Avenida dos Latinos até a Avenida Ragueb Chohfi. A secretaria afirma que estão sendo construídos nove minirreservatórios para solucionar os alagamentos nos pontos baixos. A previsão de conclusão para a obra é até o final de 2010.

- Avenida 23 de Maio com Praça da Bandeira: segundo a Prefeitura, serão construídos dois piscinões sob as praças da Bandeira e 14 Bis, e a recuperação da galeria de águas pluviais da Avenida Nove de Julho. As obras devem ser iniciadas em 2010, com conclusão prevista para 2011.

- Avenida 23 de Maio, com Viaduto General Euclides Figueiredo: a Prefeitura diz que existe um projeto de drenagem que está sendo refeito para inclusão dentro do projeto do complemento do Túnel Ayrton Senna.

- Marginal Pinheiros, com Ponte Roberto Rossi Zuccolo (Cidade Jardim): foi elaborado projeto dentro da Ponte Cidade Jardim, com obras a serem contratadas, segundo a Prefeitura.

- Avenida Alcântara Machado com Viaduto Guadalajara: na reposta ao G1, a secretaria disse que "existe a necessidade de executar estudos para a região, pois as interferências (linha férrea, vias pavimentadas e o próprio viaduto), não configuram possibilidades de obras para solucionar o caso de imediato".

- Avenida Zaki Narchi, com Avenida Cruzeiro do Sul: a Prefeitura diz que há um projeto elaborado para a região, para futura implantação.

Problemas recentes

Com o grande volume de chuvas nos últimos meses, algumas vias que não apareciam no levantamento registraram pontos de alagamento intransitáveis. No dia 5 de janeiro, um temporal alagou o cruzamento da Avenida Brasil com a Alameda Gabriel Monteiro da Silva e a Praça das Guianas com a Rua Canadá, ambos na região dos Jardins.

Gerente de uma concessionária em frente à Praça das Guianas, Shirley Sandri, de 45 anos, relata que houve duas enchentes nos últimos meses no local. Em 5 de janeiro, seis carros de funcionários foram atingidos pela água em um imóvel vizinho à loja, usado de estacionamento. "Do final do ano passado para cá, quando chove enche muito rápido", contou.

O vendedor Adriano Camin Júnior, de 33 anos, conta que a água alcançou o vidro dos carros que passavam pela rua. Alguns chegaram a boiar e colidir com outros veículos. A praça ficou completamente tomada pela água. "Parecia uma piscina", comparou. Segundo eles, muito lixo desce a Alameda Casa Branca carregado pela enxurrada e fica acumulado na praça.

A Avenida Brasil ficou bloqueada pela água no cruzamento com a Avenida Nove de Julho nas chuvas do dia 3 e 8 de dezembro do ano passado. Um alagamento fechou também o cruzamento das ruas Funchal e Gomes de Carvalho, na Vila Olímpia, Zona Sul de São Paulo, no dia 3 de dezembro de 2009.

Por: Luciana Bonadio

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