Carta divulgada pela 'Veja' falava de 'plano B'

Bruno pediu que detento entregasse carta a Macarrão

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou nesta segunda-feira (9) que a carta escrita pelo goleiro Bruno Fernandes a Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e divulgada pela revista “Veja” não consta nos registros de correspondências enviadas e recebidas por detentos da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a Seds, o atleta disse, em depoimento na unidade prisional nesta segunda, que pediu para outro preso entregar a mensagem ao amigo.
A edição deste fim de semana da revista “Veja” divulgou o teor da carta escrita pelo goleiro Bruno no presídio para Macarrão. Os dois estão presos suspeitos de participação na morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. No texto, o jogador pede a Macarrão para usar o “plano B”, que, segundo a reportagem, seria assumir a culpa sozinho pela morte e isentar o goleiro de culpa.

O advogado Rui Pimenta, que defende o goleiro, também confirmou que a carta foi enviada através de outro detento. O defensor questiona, entretanto, como a correspondência saiu da penitenciária. “Se essa carta foi apreendida no presídio, ela teria que ser remetida à juíza competente do Tribunal do Juri de Contagem, para que ela querendo, mande anexar nos autos do processo, e no entanto, ela [a carta] saiu daqui [penitenciária], foi para outro lugar e foi parar na redação de uma revista”, disse.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a carta não está anexada ao processo sobre morte e desaparecimento de Eliza Samudio e também não há nenhuma petição pedindo que a mensagem venha a ser incorporada aos autos. Ainda segundo a Justiça, a defesa ou juiz do caso podem pedir a anexação, após o julgamento de recursos do processo em instâncias superiores.

Ainda segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social, a penitenciária dará continuidade ao procedimento de apuração para checar como a carta saiu da unidade prisional. A Seds também divulgou que as informações levantadas serão remetidas à Justiça.
Carta
Os advogados do goleiro Bruno Fernandes disseram nesta segunda-feira que o goleiro confirmou a autencidade da carta divulgada pela revista "Veja" e explicaram o contexto em que ela foi escrita. Os defensores Rui Pimenta e Francisco Simim visitaram o jogador nesta manhã na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo eles, a carta representa o rompimento do relacionamento de Bruno com Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, se realmente ele tivesse envolvido com o desaparecimento de Eliza. No texto, é pedido também que Macarrão reconheça que é responsável pelo crime, afirmaram os advogados.

"O que o Bruno quis ressaltar é que assumir o 'plano B' era uma obrigação do Macarrão, porque o Macarrão havia traído Bruno quando sumiu com a Eliza", justificou Pimenta. Segundo o advogado, Eliza foi morta sem o consentimento do jogador. Pimenta alega que a carta foi redigida em novembro do ano passado e veio a público com o final apagado, dando margem a distorções. Ele afirmou ao G1 que, no trecho final Bruno disse ter escrito: "Macarrão, você tem realmente que assumir este crime porque eu não posso pagar por sua traição. Eu não mandei você sumir com a Eliza", relatou.

À pergunta "O senhor desmente a hipótese de que era uma carta para romper o relacionamento sexual?", Rui Pimenta respondeu que "o relacionamento sexual não está somente dentro carta. Ele está na própria reportagem da 'Veja', quando diz lá que Eliza Samudio gravou um filme aonde tinham relação sexual os três. Então você daí vê que a homossexualidade já existia no filme que eles gravaram.
Pimenta ainda levanta outra hipótese para a morte de Eliza, que teria sido causada por um "sentimento" que Macarrão poderia ter em relação a ela. "Quer dizer, se eles participavam de uma zorra sexualmente, evidente que o Macarrão também sentia algum sentimento por Eliza Samudio não é verdade? Que se ele 'tava' lá também contribuindo com o ato essa coisa toda, existia também um envolvimento sentimental dele com Eliza samudio. De repente ele era também apaixonado por Eliza samudio e pode ter matado por vingança", disse.

Procurado pelo G1, o advogado de Luiz Henrique Ferreira Romão, Leonardo Diniz, disse que não vai se pronunciar sobre a reportagem publicada pela revista.

Caso Eliza Samudio
Em junho passado, o caso Eliza Samudio completou dois anos sem previsão de julgamento. Na fase atual, recursos e pedidos relacionados ao processo atrasam a tramitação. Acusado de homicídio, o goleiro foi detido em julho de 2010, quando vivia um dos melhores momentos da carreira jogando pelo Flamengo. Macarrão e Bola também aguardam o processo atrás das grades. O quarto acusado diretamente por homicídio é Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, que responde em liberdade.


O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus vão a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado. Em fevereiro de 2010, a jovem deu à luz um menino e alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe de Eliza, em Mato Grosso do Sul.
O goleiro, o amigo Luiz Henrique Romão – conhecido como Macarrão –, e o primo Sérgio Rosa Sales vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Sérgio responde ao processo em liberdade. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.


Dayanne, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.

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