Carvalho nega descaso do governo com renúncia de Bento 16

Governo Brasileiro não se manifesta sobre a renúncia do Papa

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:08

Papa Bento XVILuciana Lima

Escalado pela presidenta Dilma Rousseff para desfazer qualquer mal intendido com a Igreja Católica, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, negou que haja um desconforto da Igreja Católica com o governo.

Hoje (13), ao participar do lançamento da Campanha da Fraternidade, o ministro tratou de desfazer a ideia de que houve descaso do Planalto em relação à renúncia de Bento 16 e que a relação do governo da presidenta Dilma com o Papa não seria das melhores devido ao posicionamento de Bento 16 em relação ao aborto, divulgado em plena campanha, em 2010.

“A minha presença aqui hoje, além de dignificar a nossa posição, é também um gesto de solidariedade nossa com a igreja nesse momento”, disse Carvalho.

O anúncio da renúncia do Papa foi feito pelo Vaticano na última segunda-feira (11)e desde então, a única manifestação do governo brasileiro foi uma rápida menção feita pelo ministro de Relações Exteriores Antônio Patriota.

Carvalho conversou reservadamente com o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Steiner sobre o assunto hoje, para desfazer qualquer mal entendido.

“Não houve desconforto. Dom Leonardo fez questão de me chamar, momentos antes desse lançamento, para dizer que de maneira alguma houve nenhum desconforto da CNBB frente à ausência de uma nota do governo do Brasil”, disse o ministro ao sair da reunião.

Segundo o ministro a avaliação do governo foi a de que não caberia qualquer manifestação oficial em relação ao um gesto considerado de “foro íntimo” do Papa Bento 16. “Nós não vimos que tínhamos que falar”, disse o ministro. Não há nenhuma desconsideração, nenhuma demora”, rebateu.

“É uma posição de respeito de não querer fazer qualquer tipo de especulação a respeito de um evento que é de foro muito íntimo do Papa e também da economia interna da Igreja”, explicou Carvalho ao deixar a sede da CNBB, em Brasília.

A proximidade de Gilberto Carvalho com a Igreja Católica é grande e a presidenta Dilma Rousseff não teria nome melhor para desfazer possíveis desentendimentos. Carvalho pertence à ala chamada no PT de “igrejeira”. Ele estudou Teologia por três anos no Studium Theologicum de Curitiba e militou na Pastoral Operária Nacional, movimento ligado à Igreja Católica, entidade da qual foi secretário-geral entre 1985 e 1986. Carvalho foi também coordenador do Movimento Fé e Política, entre 2001 e 2003.

Além de desfazer os rumores de problemas do Planalto com a Igreja, a presença de Carvalho ao lado dos bispos serviu para demonstrar que não há, por parte da presidenta Dilma Rousseff, mágoas em relação à atitude de Bento 16 de divulgar em 2010 uma carta convocando os católicos e se posicionarem politicamente contra o aborto.

A divulgação da carta ocorreu em um momento da campanha de Dilma na qual a questão de legalização do aborto no Brasil era alvo de grande discussão. “É um episódio isolado e nem se sabe se quando o papa fez aquilo ele tinha em mente a campanha eleitoral. Nós relevamos completamente esse episódio”, disse o ministro.

Segundo Carvalho, a prova de Dilma tem boa relação com os bispos se dá pelo tratamento determinado por ela, assim que tomou posse. “Assim que tomou posse, ela determinou que nós fizéssemos o mesmo tipo de parceria que nós tínhamos no governo Lula com as igrejas, recebeu a direção da CNBB e tem mantido um intenso contato seja com a CNBB, seja coma Santa Sé, através de nossa embaixada”, disse o ministro.


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