Foi com “O Velho Francisco” que Francisco Buarque de Hollanda, ou apenas Chico, 68 anos, deu início à etapa paulistana de sua nova turnê, chamada simplesmente “Chico”, mesmo nome de seu disco mais recente, de 2011.
A temporada, que vai até 25 de março no HSBC Brasil, está com ingressos esgotados. Uma nova série de shows foi remarcada, com datas entre 30 de março e 8 de abril. É a primeira turnê do cantor desde 2007.
A turnê começou em novembro em Belo Horizonte e já passou pelo Rio de Janeiro, por Curitiba e por Porto Alegre. Traz setlist com mais de 30 canções, sendo dez delas as que formam o novo disco. Algumas faixas, como “Geni e o Zepelim”, que Chico nunca havia cantado em seus shows, levaram o público paulistano ao êxtase.
“Bastidores”, um grande clássico na voz de Cauby Peixoto, mas composta por Chico Buarque, foi outro momento quente - a primeira a arrancar aplausos antes mesmo de terminar.
Vestido todo de preto e tendo reproduções de trabalhos de Portinari ao fundo, Chico falou pouco com a plateia, como costuma acontecer em seus shows. Mas o sorriso famoso apareceu em vários momentos, tanto em “Rubato”, quando deixou o banquinho e o violão e andou com o microfone na beira do palco, quanto no fim do primeiro dos dois bis, “Futuros Amantes”, cantada junto com o público.
O momento rap (ou repente?) do show veio com a já esperada homenagem ao rapper Criolo (que estava na plateia), autor da “versão anos 2000” de “Cálice”, que Chico homenageia.
Entre “quebradas”, “biqueira” e “cocaine” (termos usados por Criolo em sua versão do clássico), Chico encontra espaço para ao mesmo tempo resgatar uma canção politicamente datada, mas conhecida por praticamente todo mundo, e se posicionar lado a lado à nova geração da música brasileira, grande parte dela baseada em São Paulo.
Também apareceram “Choro Bandido”, “Ana de Amsterdam”, “Todo o Sentimento”, “Teresinha”, “Anos Dourados”, “O Meu Amor” e “Baioque”, além de um dueto de Chico com Wilson das Neves, seu baterista, no medley “Sou Eu/Tereza da Praia”. Tudo muito caprichado, desde os cenários e a iluminação até o septeto formado por feras, entre elas Jorge Helder (baixo), Chico Batera (percussão) e o próprio Wilson.
Mas, mesmo com esse momento “rap” do show, fica a impressão de que algo ali está um pouco acomodado, um pouco parado no tempo. Faz sentido chamar os arranjos, a banda ou o próprio Chico de “careta”, mesmo com esse repertório maravilhoso? Talvez isso não faça a menor diferença.
Porque era só olhar para a cara das pessoas, especialmente das mulheres – e existe plateia feminina mais devota? –, para voltar àquela mesma reação: essas questões não importam. Afinal, é o Chico.
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