'Chora, mas continua caminhando', diz mulher a colega durante incêndio

'Chora, mas continua caminhando', diz mulher a colega durante incêndio

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:57

Quatro integrantes de uma mesma família voltaram, aliviados, nesta sexta-feira (4), ao edifício que sofreu um incêndio na Praça Dom Epaminondas, no centro comercial de Taubaté, no Vale do Paraíba, nesta quinta. Eles ficaram presos com outras seis pessoas no alto do imóvel, de onde foram resgatados com a ajuda do helicóptero Águia da Polícia Militar.

Confira no vídeo ao lado o resgate feito pelo helicóptero.     A quinta-feira transcorria normalmente quando o advogado Aluísio de Fátima Nobre de Jesus, que trabalha com três irmãos e o filho no oitavo andar do edifício, ouviu as sirenes dos carros dos bombeiros. “Quando ouvi as sirenes, pensei que o problema era na praça”, afirmou o advogado. Porém, ao notar que a fumaça continuava a subir e o incêndio era no prédio, o grupo começou a descer pelas escadas de emergência.

O advogado, que serviu o Exército por um ano, orientou os familiares a pegarem e molharem toalhas, o que possibilitou que se deslocassem pelos corredores tomados pela fumaça. Na descida, o grupo encontrou o advogado Onivaldo de Freitas Junior, de 32 anos, e suas funcionárias, que passaram a acompanhá-los na busca por socorro.

“Procurei manter a calma, porque as meninas estavam muito nervosas. Elas choravam”, contou Matheus Mello Nobre de Jesus, de 20 anos, filho de Aluísio.

Ao chegarem ao quinto andar, era impossível continuar a descida. “Caiu uma parede e a escada virou uma verdadeira chaminé. Era uma fumaça preta, com cheiro tóxico”, disse.     Aluísio e Onivaldo mantiveram contato com os bombeiros e com a Polícia Militar pelo celular. O grupo foi orientado, então, a subir até uma cozinha que fica entre o oitavo andar e a laje do edifício. Depois de ficar cerca de meia hora na cozinha, a fumaça os obrigou a subir até a laje. “A fumaça era tanta que o jeito foi subir, pelo menos daria para respirar lá em cima”, contou o auxiliar de escritório William Nobre, de 30 anos.

Com a visibilidade comprometida, o grupo andava de mãos dadas. E para complicar a situação, o acesso à laje exigiu que o grupo escalasse uma grade de arames e abrisse uma porta à força. Ao ver o desespero das colegas, a secretária Sandra Nobre, 47 anos, afirmava ao caminhar: “Desce do salto. Chora se quiser, mas continua caminhando”.

Mentira 'santa'

Os bombeiros contaram a Aluísio que seria preciso acionar o helicóptero da PM, mas ele não quis falar para todos os integrantes do grupo para evitar que o desespero das pessoas aumentasse.

“Falei que achava que os bombeiros já estavam conseguindo chegar até nós pelas escadas, como eles realmente conseguiram. Foi uma mentira ‘santa’ só para tranquilizar as meninas”, disse.

Já na laje, ficou mais fácil respirar, mas o grupo tinha que caminhar com cuidado. “Tinha cabos de alta tensão para todo lado”, disse Aluísio.

O socorro dos bombeiros chegou, enfim, por volta das 14h. “Para mim aquele sufoco foi interminável”, disse Sandra. Os dez integrantes do grupo foram retirados um a um com auxílio de um cesto. “Eu achei melhor ter sido retirado de helicóptero. Eu tenho medo de altura. Se fosse para descer pela escada magirus, eu ia ficar lá em cima”, disse Matheus.

Perícia

A Polícia Científica esteve no edifício Central Offices na manhã desta sexta. De acordo com os peritos, o imóvel não sofreu danos estruturais. Ainda não se sabe a causa do incêndio, mas existe a suspeita de curto-circuito. O laudo da perícia deve ficar pronto em 30 dias.    

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