Quase dez dias após discutir as denúncias de pedofilia envolvendo padres, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nesta quinta-feira (13) um documento de orientação em que reforça a recomendação para que seja evitada a ordenação de homossexuais.
O texto foi dividido em três partes --a primeira trata da formação de novos padres. O texto diz que a Igreja deve ''ater-se'' ao documento de 2005, aprovado pela Santa Sé, chamado ''Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca de pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras''.
O documento define que, ''embora respeitando profundamente as pessoas em questão, [a Igreja] não pode admitir ao seminário e às ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay''.
O objetivo do texto é explicar como agir em casos de denúncias de abusos sexuais que envolvam membros da Igreja.
O assunto foi discutido na Assembleia Geral da CNBB. Padres foram acusados de abuso em São Paulo e Alagoas.
Ontem, o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, defendeu a recomendação. ''A posição da Igreja não pode ser interpretada como se fosse discriminatória, como se fosse de condenação ou de repúdio às pessoas que trazem a característica da homossexualidade.''
''A questão se coloca em outro nível. A Igreja tem direito de estabelecer critérios para conceder o sacramento da ordem, constituir alguém como sacerdote'', completou.
Ainda em relação à formação dos novos padres, a CNBB indicou que deverá ser feita uma ''acurada seleção dos candidatos'' ao seminário, com testes que permitam a admissão de pessoas ''com indispensável saúde física e mental, somada aos atributos de equilíbrio moral, psicológico e espiritual''.
Outra orientação foi a suspensão do padre de suas funções na paróquia quando surgirem denúncias, como a Folha havia adiantado ontem.
No documento fechado nesta quinta, a CNBB pediu perdão às vítimas de abuso sexual, reconhecendo ''o mal irreparável a que foram acometidas''.
Repercussão
Para o padre e teólogo inglês James Alison, o texto é ''para inglês ver'': ''Estão fazendo declarações públicas grandiosas para dar a impressão de que estão limpando o curral, mas não estão atacando o problema. É um sério erro de categoria vincular pedófilos e gays.''
Para Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), a posição da Igreja é uma ''atitude da idade das trevas''.
Por Larissa Guimarães
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