Com cavaletes espalhados pela cidade, Skaf nega ser coadjuvante

Com cavaletes espalhados pela cidade, Skaf nega ser coadjuvante

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:17

Enquanto os líderes nas pesquisas para a corrida ao Palácio dos Bandeirantes rodam o Estado com microfone em punho,  carros de som e centenas de militantes, um silêncio hospitalar acompanhava o candidato do PSB ao governo paulista, Paulo Skaf, ao final de sua visita à Zona Sul da capital na tarde da última terça-feira.

De paletó e camisa de listras roxas, ele acabava de encerrar um encontro fechado em que foram, pela natureza da instituição, dispensados os discursos, bandeiras e jingles em busca de votos. “As coisas ( na campanha ) estão começando só agora. É isso o que o Duda ( Mendonça, publicitário contratado para a campanha ) e outras pessoas experientes em política dizem”, diz o candidato, 1% em praticamente todas as pesquisas de intenção de voto, a poucos dias de sua estreia em um debate na TV.

“Mas não posso dizer que não existe um pouco de ansiedade para que as coisas comecem a mudar. Só não adianta ter ansiedade antes da hora”, afirma o candidato, que estima gastar R$ 35 milhões na campanha – o triplo de seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral e cerca de 10% do que arrecadou no primeiro mês da disputa.

“Nosso site entrou ( no ar ) há 15 dias. Na primeira semana, como todo site, tem ajustes, as pessoas têm dificuldade. De uma semana pra cá, nosso site está certinho, direitinho. Depois, nossa andança pelo Estado, tudo, foram nos últimos dez dias. Material de rua, começou semana passada, a logística, a distribuição”.

O desafio, admite, ainda é se tornar conhecido dos eleitores. “Se a gente descer aqui e perguntar para as pessoas, elas não vão saber o nome de nenhum candidato para governo do Estado”, diz, apontando para moradores que aguardavam notícias de pacientes em frente ao hospital.

Homens-Skaf

Para torná-lo mais conhecido, o staff do empresário espalhou cavaletes pela cidade com foto do candidato e o slogan: “Preste atenção nesse cara”. A estratégia causou reclamações de moradores, acostumados às restrições da Lei Cidade Limpa (cujas regras foram afrouxadas no período eleitoral), mas a polêmica se tornou motivo de comemoração para o empresário, que diz recolher o material ao fim do dia e prometer reciclá-lo ao fim da campanha.

“Fiquei feliz. Isso mostra que as pessoas estão prestando atenção”, diz, sem se dar conta de que acabava de repetir o bordão da campanha capitaneada por Duda Mendonça. “Numa batalha, por mais tecnologia que se tenha, nunca se dispensa a infantaria. E infantaria é território”.

Para ocupar território, a campanha também espalhou nos últimos dias homens colados a placas com letras do nome de Skaf em 12 cruzamentos movimentados da capital paulista – quando o sinal se fecha, eles se agrupam e “informam” nome, foto e número do candidato.

Além do material, que diz ajudar a dar “ colorido e vibração ” para as eleições, Skaf já escalou o ex-corintiano Marcelinho Carioca, candidato do PSB a deputado federal, para atrair eleitores em campanhas pelas ruas. Aguarda agora uma visita a São Paulo de Dilma Rousseff, presidenciável do PT, para uma dobradinha na próxima semana. De olho em um eventual segundo turno, até o PT paulista, que lançou o senador Aloizio Mercadante como candidato ao Palácio dos Bandeirantes, já deu aval para o “empréstimo”.

Marketing

Novato em eleições, Skaf diz estar preocupado apenas em não dar “nenhum fora” e se “colocar direito” em meio às regras do debate de quinta-feira. Ele nega que esteja ensaiando com o marqueteiro técnicas e discursos para passar uma boa primeira impressão ao grande público na TV. “Debate é imprevisível. Só na hora vamos ver o que vai acontecer. Senão vira ensaio e perde a graça. Se estivesse ensaiando, não estaria hoje aqui no Grajaú”, afirma o pessebista, que diz ter colecionado elogios de Duda. “Ele respeita o jeito das pessoas”.

Caso as coisas não saiam bem no debate, porém, ele admite que poderá passar por um “treinamento” numa segunda oportunidade. Até lá, ele aposta que encontros e “andanças” pelo Estado, que alternam atos de rua e encontros fechados em instituições como hospitais, sirvam como oportunidade para elaborar propostas e “conhecer os problemas do Estado” que não observava como dirigente de federação. Já no horário eleitoral na TV, Skaf terá tempo de 1 minuto e 19 segundos, que começa no próximo dia 17.

Experiência corporativa

O candidato também leva para a campanha ainda o linguajar corporativo peculiar aos executivos da Fiesp, como quando se queixa da falta de “sinergia” entre setores de compra e logística de unidades de saúde visitadas ou quando tenta transportar para a estrutura do Estado mandamentos básicos da iniciativa privada, com metas e resultados. “É um problema de gestão”, diz ele, quando aborda questões relacionadas à saúde e fala sobre “comodismo”, burocracia, falta de eficiência e ociosidade no sistema de atendimento primário.

Como tem feito em suas entrevistas, Skaf deve usar o tempo na TV para lembrar que, na Fiesp, comandou uma estrutura com orçamento maior do que 95% dos municípios do País.

Terá de provar, porém, que é possível transportar para rede pública de ensino, com cerca de 6 milhões de alunos matriculados, a mesma eficiência que diz haver nas escolas do Sesi-SP, que em 2011 deve contar com 10 mil alunos matriculados no ensino médio.

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