Com gabinete alagado, prefeito não consegue decretar emergência

Com gabinete alagado, prefeito não consegue decretar emergência

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:01

Com as ruas do Centro alagadas desde terça-feira (11), a cidade de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, não teve situação de emergência decretada até as 13h desta quarta-feira (12) porque o prefeito da cidade, Márcio Cecchetini, está sem gabinete. O prédio da prefeitura também foi alagado e está cercado pela água. Por enquanto, um gabinete provisório está sendo montado em uma escola da cidade. Mas sem a estrutura e os documentos necessários, não foi possível decretar a emergência.

“Preciso ver a parte legal com o nosso secretário jurídico, mas a intenção é essa”, afirmou ele no início da tarde desta quarta-feira (12). De acordo com Cecchetini, a enchente atingiu principalmente a área central da cidade, onde estão os prédios públicos e o comércio – além da prefeitura, Fórum, Câmara Municipal, delegacia e outros imóveis foram alagados. A linha de trem da CPTM que vai até Caieiras também foi inundada e o trajeto, interrompido.   Apenas um bairro residencial próximo ao Centro foi atingido – cerca de 35 famílias foram afetadas pela água. Segundo o prefeito, a maior parte delas preferiu não sair de casa ou foi abrigada por amigos e parentes. Entretanto, a prefeitura preparou uma escola para recebê-las. Nenhuma vítima foi registrada na cidade.

A administração também determinou que as Unidades Básicas de Saúde dos bairros, que atendem normalmente com hora marcada, fiquem de plantão para atendimento médico, e pede que a população fique em casa. “Pedimos que as pessoas fiquem em casa, não atrapalhem a Prefeitura e a Defesa Civil com seus trabalhos nas ruas, não entrem na água, que pode causar doenças”, disse Cecchetini. “A Defesa Civil está na rua, todos os nossos servidores estão em alerta.”

O prefeito informou que aguarda nesta quarta a chegada de representantes da Secretaria Nacional de Segurança Pública e da Defesa Civil e Casa Militar de São Paulo para uma reunião na cidade. O objetivo é ver no que estes órgãos podem ajudar a administração de Franco da Rocha.

Apesar de não chover pelo menos desde a madrugada desta quarta – foi registrada apenas garoa fraca e isolada em alguns pontos da cidade durante o dia – o nível da água não baixou. O problema é causado, segundo o prefeito, pela abertura das comportas da Represa Paiva Castro, pela Sabesp. Com as chuvas fortes dos últimos dias, o volume de água no Sistema Cantareira aumentou e foi preciso dar vazão. A Sabesp concederá uma entrevista na tarde desta quarta para falar sobre o problema.

“Começou com 15 metros cúbicos por segundo. A última informação que tive foi que estava em 70 metros cúbicos por segundo. A Sabesp informou que deve fechar o mais rápido possível, mas tem previsão de chuva para todo o sistema”, afirmou Cecchetini.

Segundo ele, a Sabesp manteve contato com a prefeitura durante a madrugada, informando que a situação estava sob controle. Entretanto, pela manhã a vazão foi aumentada. Para o prefeito, o aviso da Sabesp sobre a abertura das comportas poderia ter vindo antes. “Veio muito tardio, não queremos culpar ninguém, mas precisamos ter uma resposta mais rápida.”

Os prejuízos ainda não podem ser estimados, mas o alagamento causa impactos além da área que foi inundada. “Precisamos ver como ficou a infraestrutura urbana. Ônibus que tiveram seus caminhos fechados estão pegando vias secundárias, danificando o pavimento”, explicou o prefeito. Segundo ele, apenas duas saídas da cidade estão livres para o tráfego: por Francisco Morato, seguindo pela Rodovia Anhanguera, e pelo bairro Mato Dentro, seguindo pela Rodovia Fernão Dias.

O prefeito comentou que essa é a pior enchente enfrentada pela cidade desde 1987, quando segundo relatos dos moradores, o município ficou alagado por oito dias. “Por enquanto aquela foi pior. Pode ser que ainda fique pior que em 1987, tomara Deus que não. É uma fatalidade, ninguém quer causar transtornos.”

Delegacia

Entre os prédios da administração municipal que foram alagados está a única delegacia da cidade, que havia sido reinaugurada após uma reforma no início de dezembro. Segundo o delegado da cidade, Luís Roberto Faria Hellmeister, a água subiu cerca de 1,5 metro no imóvel. “Fizemos a reforma com doações de comerciantes, custou entre R$ 70 e R$ 80 mil. Demos mais conforto para os policiais, para a população, que ganhou sala de espera com TV, e agora isso”, disse ele, bastante desanimado.

De acordo com o delegado, parte dos inquéritos em andamento deve ter sido destruída pela água. Móveis, outros documentos e computadores também foram atingidos. “Os inquérios estavam em quatro cartórios na parte de baixo da delegacia. Eles também estão nos computadores, mas não sei se será possível salvar.”

Segundo Hellmeister, o prefeito cedeu uma creche para o atendimento provisório da Polícia Civil na cidade. “Vamos fazer um pré-atendimento ali e encaminhar os casos para serem registrados em Francisco Morato, Caieiras e Mairiporã”, afirmou o delegado. Segundo ele, policiais estão na delegacia fazendo a segurança dos documentos e objetos apreendidos em outras ocorrências, como armas, além de circularem pela cidade. Por enquanto, não houve registro de saques ou outras ocorrências relacionadas com a chuva.    

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