Ainda não dá para saber como a saída dos irmãos Josh e Zac Farro afetará as próximas canções do Paramore. Quando o assunto é o show do novo Paramore, porém, há uma certeza: a debandada dos dois músicos, em dezembro passado, não faz sequer cócegas na performance do grupo. Em um Credicard Hall lotado por quase sete mil pessoas, o quinteto americano mostrou neste domingo (20) em São Paulo que bandas de pop rock com garotas no vocal podem ter outras cores sem ser o rosa.
Vídeos das performances de Hayley Williams, nesta segunda passagem pelo Brasil, deveriam estar na videografia básica dos cursos de cantoras de bandas brasileiras de rock, se eles existissem. A garota de 22 anos canta tão bem quanto faz pose. Certamente seria ótima parceira para jogos de mímica.
Quando a gritaria softcore permeada por gestual expansivo some por um tempo, fica mais fácil notar que ela vai bem além da rebeldia de shopping de outras roqueirinhas. Na mansidão, a voz de Hayley cresce, como no hit The only exception (com celulares levantados); em My heart, em arranjo guitarra e voz; e In the morning, a melhor das quatro do set acústico no meio do show.
A moça irrequieta é acompanhada dos remanescentes Jeremy Davis (baixo) e Taylor York (guitarra) e dos novos Josh Freese (bateria) e Justin York (guitarra). Em pouco mais de uma hora e meia de apresentação, ela está a serviço de refrões eficientes (Playing god, Brick by boring brick, Thats what you get) e de outros nem tanto (Emergency, Careful e Decode, da trilha de Crepúsculo).
Hayley já chega cuspindo para cima e sacode bastante o cabelo vermelho durante todo o show. As mãos com unhas (mal) pintadas de esmalte verde servem para gesticular anunciando cada pedaço mais impactante de letra. Ela fecha um dos punhos e esmurra uma pessoa imaginária; apoia a cabeça com cara de assustada; e brinca de levantamento de peso com o pedestal do microfone.
Além da mímica, também fala, é claro. Estamos aqui cara a cara com vocês, então acho importante dizer... Obrigado por comprar os discos e o ingresso para o show. Dizem que a indústria fonográfica está morta. Mas vejo os rostos de vocês e ela parece bem viva pra mim, pondera a vocalista, que fecha a turnê brasileira em Porto Alegre, no Pepsi On Stage, nesta terça-feira (22).
A plateia, formada principalmente por garotos e garotas de 14 a 20 anos e por um compenetrado Fiuk, aplaude o discurso. Ao perguntar quantos estavam em um show do Paramore pela primeira vez, Hayley descobre que era a maioria. Bem-vindos à família Paramore. Uma vez dentro, você nunca sai, garante a cantora. Os irmãos Farro não devem concordar muito com esse lema. Mesmo assim, ninguém ali pareceu disposto a reclamar da ausência deles.
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