Com volta às aulas, prefeituras de SP retiram desabrigados de escolas

Com volta às aulas, prefeituras de SP retiram desabrigados de escolas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:58

A dona de casa Maria José da Costa Santos, de 27 anos, teve o barraco no Parque Mikail, na periferia de Guarulhos, na Grande São Paulo, interditado há cerca de 15 dias depois de um deslizamento decorrente das fortes chuvas. Teve de sair de casa e morar de improviso em um abrigo montado em uma escola da cidade. Diante da iminência das voltas às aulas, ela corre o risco de ficar sem teto pela segunda vez em menos de um mês.

Prefeituras de cidades da Grande São Paulo e do interior do estado que foram afetadas pelas chuvas tiveram que se planejar durante o atendimento aos desabrigados para que eles não fossem novamente "despejados" no início de fevereiro.

Em muitos municípios, escolas da rede municipal estão sendo utilizadas como abrigos. Com a volta das aulas, foi preciso criar uma alternativa – em Guarulhos, Mauá, e Bragança Paulista, as pessoas foram removidas para outros abrigos ou receberam aluguel social. Já Atibaia ainda estuda como será feita a retirada.

Em Guarulhos, na região metropolitana, cerca de 30 famílias foram abrigadas em duas escolas de educação infantil do município – Nadja Maria, no Jardim São Rafael, e Chiquinha Gonzaga, no Parque Mikail –, segundo informações da Defesa Civil da cidade.

Para não causar atrasos no retorno às aulas, programado para o dia 8 de fevereiro, todas as famílias estão saindo das escolas nos últimos dias - de acordo com a prefeitura, o pagamento da primeira parcela do auxílio-aluguel de R$ 300 foi feito na sexta para alguns dos desabrigados. O benefício será fornecido durante 12 meses. No total, 110 famílias da cidade irão receber o valor.     Maria José, que está abrigada no CMEI Chiquinha Gonzaga com o marido e dois filhos pequenos, um de 2 e outro de 4 anos, não recebeu o seu auxílio-aluguel até a tarde de sexta-feira. Ainda assim, acha que os R$ 300 serão insuficientes para achar um novo local.

"Você não encontra casa neste valor para alugar. Nós éramos favelados, porque não tínhamos condições de pagar água, luz. De onde vamos tirar dinheiro para pagar isso? Além disso, costumam pedir depósito de dois ou três meses adiantados. Como vamos pagar?", questiona.

A dona de casa teme ficar na rua com o início das aulas. "Querem que a gente desocupe a escola para as aulas recomeçarem. Pegaram a nossa dignidade e jogaram no chão", reclama.

A incerteza em relação ao futuro imediato também gera temor no autônomo Daniel Lima dos Reis, de 28 anos, que está morando com a mulher e dois filhos, um de 5 e outro de 7 anos, na CMEI Prof. Nadja Maria, no Jardim São Rafael. Outras 20 famílias estão abrigadas na mesma escola. Parte delas já recebeu a primeira parcela do vale-aluguel prometido pela Prefeitura de Guarulhos.     Daniel, no entanto, ainda aguardava para receber a sua cota. "Não nos falaram nada de como vai ficar com o início das aulas. Estamos com medo", afirma.

A dona de casa Marina Ferreira da Silva, de 53 anos, por sua vez, diz já ter sacado os R$ 300. "A partir desta segunda-feira, vamos procurar (casa para alugar). Com dinheiro na mão, fica mais fácil. Se não conseguirmos, eles têm de esperar. A diretora da escola disse que, se fosse possível, adiaria o início das aulas."     ABC

Em Mauá, no ABC, bastante afetada pelas chuvas desde o início do mês, as cinco famílias que permaneciam instaladas na Escola Municipal Hebert José de Souza foram transferidas para um abrigo transitório montado no Jardim Zaíra na quarta-feira. O abrigo foi montado depois das ocorrências na cidade, por isso as pessoas desabrigadas foram instaladas antes na escola.

As aulas só começam no dia 7 de fevereiro, mas é preciso organizar a escola e remover os equipamentos utilizados para transformá-la em alojamento. Por isso, as famílias que ainda não estão recebendo o auxílio emergencial foram levadas para o novo abrigo. No local, onde foi montada uma tenda, elas recebem refeições e têm área para dormir e para higiene.     Interior

Em Bragança Paulista, que também sofreu com os alagamentos em janeiro, 27 pessoas continuam instaladas em duas escolas da cidade. De acordo com a Prefeitura, a Câmara Municipal já aprovou o projeto do aluguel social para as famílias – a administração municipal vai alugar casas no valor de R$ 600 durante um ano para quem teve a sua perdida após os temporais.

Segundo a Prefeitura, provavelmente nesta semana todas as pessoas sejam removidas e levadas para suas novas casas. Os processos de aluguel já estão em andamento, faltando ainda alguns documentos e a assinatura dos contratos.

Já Atibaia, na mesma região de Bragança Paulista, onde famílias chegaram a ficar desabrigadas duas vezes em dez dias, 67 pessoas ainda estão morando em duas escolas da cidade - Padre Mateus e Therezinha Sirera. A prefeitura diz que as aulas serão retomadas no dia 7 de fevereiro.

Na próxima semana, será feito um estudo para definir a melhor maneira de realocar as famílias com menor impacto – elas poderão ser levadas para outro abrigo que não comprometa o andamento escolar ou serem incluídas nos programas de auxílio-aluguel. De acordo com a prefeitura, isso será resolvido até o início das aulas.    

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