Comédia com Sarah Jessica Parker tira Hugh Grant de 'dois anos de ócio'

Comédia com Sarah Jessica Parker tira Hugh Grant de 'dois anos de ócio'

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:26

Desde que estrelou seu último filme "Letra e música", de 2007, Hugh Grant vinha levando uma vida sossegada. Afastado do cinema por "falta de bons roteiros", o ator, que completa 50 anos no final deste ano, dividia seu tempo entre a escritura de um livro, as aulas de Pilates num "lugar em Londres cheio de mulheres jovens e atraentes" e as partidas de futebol que gosta de acompanhar em seu laptop do sofá de casa.

Mas Marc Lawrence, com quem tinha feito seus dois longas mais recentes, voltou a bater à sua porta com uma proposta tentadora.

A comédia "Cadê os Morgan?", que estreou esta sexta, dia 26, no Brasil, conta a história de um casal em crise. Para reconquistar a esposa, Paul (Grant) leva Meryl (Sarah Jessica Parker) a um jantar romântico em Nova York, mas na volta para casa, os dois presenciam um assassinato, que os leva a fazer parte de um programa de proteção a testemunhas nas montanhas do Wyoming. Longe de suas carreiras e de seus blackberries, o novo estilo de vida no vilarejo tem efeito no casamento a perigo dos Morgan.

"Ele escreveu os três papeis para mim", disse Grant em uma bem-humorada entrevista a jornalistas internacionais da qual o G1 participou em Los Angeles, referindo-se às suas colaborações com Lawrence, "Letra e música", "Amor à segunda vista" e, agora, "Cadê os Morgan?". "Apesar que neste filme, originalmente, a protagonista era uma mulher que entrava no programa de proteção a testemunhas do governo, mas acho que o Marc percebeu que não iria aguentar fazer um filme em que não estivesse nele e escreveu o papel do marido", brinca.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista, em que Grant fala sobre sua amizade com a atriz Sarah Jessica Parker, sobre o medo de envelhencer e sobre a vez em que viu um fantasma em um castelo mal-assombrado.

Pergunta - Você esteve fora das telas por quase dois anos. O que fez durante este tempo e por que a demora para voltar ao cinema?

Hugh Grant - Não tenho nada para gabar dos meus dois anos de ócio. Adoraria ter algo que valesse a pena contar para me exibir (risos). Em teoria, eu estava terminando meu livro, mas a verdade é que me distrai com os prazeres da vida. Quanto aos filmes, eu teria feito mais se tivesse encontrado roteiros que eu realmente amasse. Mas sou muito exigente com isso. Marc Lawrence [diretor e roteirista] vinha me contando sobre este roteiro já havia algum tempo, e eu estava quase que torcendo para que não desse certo. Mas quando ele finalmente me mostrou, achei que era superengraçado e que eu tinha que aceitar fazê-lo. Não é uma comédia romântica tradicional.

Pergunta - Esta é a terceira vez que você e Marc trabalham juntos. Vocês já desenvolveram um sistema de trabalho conjunto? Ele continua escrevendo os personagens especialmente para você?

Grant - Sem dúvida, nós temos personalidades e visões de mundo bem parecidas. Somos dois tipos sombrios que ganham a vida fazendo comédias (risos). Acho que ele escreveu os três papéis para mim. Apesar de que, neste filme, originalmente, a protagonista era uma mulher que entrava no programa de proteção a testemunhas do governo, mas acho que o Marc percebeu que ele não iria aguentar fazer um filme sem que eu também estivesse nele e escreveu o papel do marido. (risos)

Pergunta - Você gosta de improvisar?

Grant - Sim, eu gosto. Marc, como qualquer bom escritor, quer as duas coisas. Ele quer ter certeza de que o que ele escreveu no papel vai estar na tela. Tudo foi pensado e armado com cuidado por muito tempo que a história faça sentido, mas ele também é aberto a improvisações. Depois de fazer alguns takes com o que está no roteiro, eu gosto de inventar coisas novas, arriscar, brincar um pouco. Marc deixa a cena rolar por pelo menos uns dois minutos antes de parar. Às vezes faço alguma improvisação engraçada, em outras não. (risos). A vantagem de conhecer o Marc tão bem, e a própria Sarah Jessica [Parker], de quem sou amigo, é que você já tem uma certa intimidade e não fica com vergonha de dizer se ficou bem ruim ou sem graça. A questão com a improvisação é que, se funciona, é ouro, pois é material fresco. A câmera adora o novo, o original, e odeia o que é muito ensaiado.

Pergunta - Como foi trabalhar com a Sarah Jessica Parker?

Grant - Eu realmente adoro a Sarah Jessica. Ela é uma das pessoas mais legais e engraçadas que eu conheço. Ela é o meu oposto no sentido de que não faço nada da vida e ela não para nunca. Fiquei impressionado de como ela passa o dia sendo produtiva. Alem de "Sex and the city", ela cuida de sua linha de perfumes e de roupas, dos três filhos e do marido. Ela é a típica mulher superenergética de Nova York. Enquanto faz tudo isso, eu estou deitado lendo um livro ou tentando encontrar algum jogo de futebol com meu computador (risos).

Pergunta - Você gostou de filmar no Novo México?

Grant - Tenho que admitir que gostei muito do Novo México. Foi fascinante. Não sabia que o velho oeste ainda existia, pessoas com armas etc. Foi lindo ver o nascer e o pôr-do-sol no deserto. Mas normalmente eu não gosto de lugares rurais. Neste ponto, sou um pouco como o personagem, nao gosto do silêncio, por isso, evito ir com os meus amigos a cidades do interior da Inglaterra. Silêncio e fantasmas me assustam.

Pergunta - Voce já viu um fantasma?

Grant - Sim. Acho que li "O exorcista" quando era muito jovem (risos). Sempre tive muito medo de fantasmas. Há uns dois anos, eu estava me hospedando em um castelo, e no meio da noite tive que ir ao banheiro. Eu estava a caminho por esse corredor comprido, quando de repente, aos meus pés, apareceu uma luz piscando. Não tinha nenhuma outra fonte de luz ao redor, a não ser uma pequena lâmpada. E essa luz começou a se movimentar, em velocidade normal, como se estivesse caminhando pelo corredor e atravessou uma das paredes entrando na suíte principal. No dia seguinte, contei para a governanta que havia visto esta luz estranha, e ela disse: "Ah sim, é a terceira duquesa. Ela está sempre passeando por aquele andar". (risos) Parece, então, que essa duquesa, que foi traída pelo duque ou algo parecido, gosta de passear pelos corredores do castelo. (risos)

Pergunta - No final deste ano, você completará 50 anos. Quais são seus medos e preocupações?

Grant - Bem, 50 não é um bom número, não é? Acho que todos nós temos um certo medo da idade. Às vezes, acho que fiz um pacto com o diabo, do tipo, vou me divertir agora e depois vejo como ficam as coisas. E aí, como Mefistófeles, um dia o diabo vai voltar e dizer, bom, o tempo acabou, e você virou um velho triste e rabugento. Mas, honestamente, não me sinto velho. Pelo contrário, me sinto jovem e alegre. É quando vejo fotos minhas que digo, uau, quem é esse velho? (risos) Outro dia, alguém tirou uma foto minha em Londres, e o jornal publicou dizendo que eu aparentava cada um dos meus 49 anos. Fiquei arrasado! (risos)

Pergunta - Você tem cuidado mais da aparência?

Grant - Comecei a fazer Pilates. Frequento este lugar em Londres que é cheio de mulheres jovens e atraentes… e, é claro, eu, o velho caído (risos). Não consigo fazer a maioria dos movimentos, mas é o esforco que faço para me manter jovem.

Pergunta - E quanto a se casar? Você pensa nisso?

Grant - Não sei, é um assunto difícil. Olho a meu redor e vejo vários relacionamentos que são felizes, como o do meu irmão, por exemplo. Mas vejo também muita gente infeliz. Fica dificil dizer se estar em um relacionamento é natural para o ser humano. Pode ser que sim, pode ser que não. Tem um livro chamado "The naked ape", escrito pelo zoologista Desmond Morris, que diz que nós descendemos de dois tipos de primatas. Um tipo que vive em árvores e outro que vive no mar. Agora não me lembro qual é qual, mas um é monogâmico o outro é um vadio (risos). Como descendemos dos dois, estamos constantemente buscando o equilíbrio entre os dois instintos.

Por: Paoula Abou-Jaoude

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