A Logística Ambiental de São Paulo (Loga), uma das duas concessionárias responsáveis pela coleta do lixo no município de São Paulo, diz estar antecipando a criação de sua primeira central de triagem para selecionar o material que pode ser reaproveitado. De acordo com o presidente da empresa, essa foi uma determinação da Prefeitura por causa da "carência" no setor. A unidade, que será administrada exclusivamente pela concessionária, deve entrar em funcionamento em aproximadamente um mês. Recebemos ordem para acelerar alguns processos, como abrir mais espaço para a coleta seletiva, afirmou Luiz Gonzaga. "Há uma carência nos processos dessas cooperativas. Estamos conversando há 15 dias ", continuou ele, sobre o contato feito com a Prefeitura. Estamos nos preparando para manipular mil toneladas por mês. O contrato previa a obrigação de criar cinco centrais de triagem de 1 mil metros quadrados cada uma, completou Gonzaga. De acordo com ele, no entanto, o espaço só deveria ser entregue a partir do novo ano de concessão e a empresa está chegando ao sétimo.
Como tem uma demanda maior, a Prefeitura determinou que as concessionárias também façam a triagem desse material que é vendido depois, explicou Gonzaga.
Na capital, onde são produzidas 17 mil toneladas de lixo por dia (10 mil de lixo domiciliar e 7 mil de lixo hospitalar e de poda de árvore, por exemplo), segundo dados da Secretaria de Serviços, apenas 18 centrais de triagem têm convênio com a administração municipal.
Uma delas só separa o chamado lixo eletrônico, como peças de computador. Nas restantes, o trabalho é de selecionar vidro, papelão, alumínio, plástico, entre outros materiais que possam ser vendidos a empresas ou indústrias.
Gonzaga explicou que a nova central funcionará em caráter temporário em um aterro que foi fechado na Rodovia dos Bandeirantes. Depois de três anos, passará a ser administrada por uma cooperativa.
A assessoria de imprensa da Prefeitura informou não saber sobre o suposto pedido feito à Loga para que antecipasse a criação das centrais de triagem, como informou Luiz Gonzaga.
A Ecourbis, outra concessionária que recolhe o lixo da cidade, também foi procurada durante a semana para comentar sobre a expansão das centrais de triagem e como isso seria feito. No entanto, a assessoria de imprensa da empresa informou na sexta-feira (13) que não havia representante para dar entrevista.
Processo na Justiça
Dizendo-se preocupada com as questões ambiental e social, a Defensoria Pública de São Paulo e entidades ligadas ao assunto entraram com uma ação civil pública contra a Prefeitura para a criação de mais centrais de triagem. A sentença, da 3ª Vara de Fazenda Pública, saiu em abril deste ano e determina a implementação progressiva da coleta seletiva em todo o município no prazo de 12 meses.
Para isso, a Prefeitura, de acordo com a sentença, deve abrir licitação para contratar cooperativas que trabalham nessas centrais ou estender os contratos vigentes, além de fornecer os equipamentos para os cooperados. Em sua decisão, o juiz Luis Fernando Vidal afirmou: "Não é difícil ver que o ritmo de expansão do programa é insuficiente".
Nosso principal objetivo é expandir a coleta seletiva de forma articulada com as cooperativas de catadores. A ação é para propor essa inserção social e diminuir o impacto ambiental, afirmou o defensor público Carlos Loureiro. Ele condenou o uso dos caminhões chamados compactadores para recolher esse tipo de material. Neste veículo, o lixo é prensado para suportar mais volume. "O compactador destrói toda a boa vontade de quem separa o lixo. Vai tudo por água abaixo."
Procurada, a Prefeitura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que existe um plano para, nos próximos meses (não foi definido o prazo), fazer convênio com mais seis cooperativas. Disse ainda não saber se essa expansão tem a ver com a ação civil pública.
Esperança
A catadora Guiomar Conceição dos Santos, de 46 anos, vê na sentença do juiz Luis Fernando Vidal a chance de ter a cooperativa onde trabalha conveniada com a Prefeitura. Precisamos de um lugar. Hoje, somos 42 catadores, mas só 12 conseguem trabalhar porque o espaço é pequeno, afirmou ela, que trabalha em uma cooperativa no Jabaquara, Zona Sul da capital.
Guiomar também faz parte do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável.
A coleta seletiva em São Paulo ainda está bastante deficiente. Nossa maior reivindicação é que a Prefeitura nos dê condições de fazer um trabalho com mais qualidade, cedendo um espaço, contou Guiomar, que calcula ganhar, em média, R$ 500 por mês catando lixo. Para percorrer as ruas do bairro, ela e os outros cooperados usam uma Saveiro.
Postado por: Thatiane de Souza
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