Congestionamento em SP aumenta risco de assalto no trânsito, diz PM

Congestionamento em SP aumenta risco de assalto no trânsito, diz PM

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:44

Universitário assaltado três vezes no trânsito paulistano exibe os boletins de ocorrência que fez na Polícia Civil (Foto: Daigo Oliva / G1)

  O aumento constante da frota de veículos em São Paulo, estimada atualmente em 7 milhões de unidades, provoca congestionamentos quilométricos nas principais vias da cidade e facilitam a ação de criminosos. Segundo a Polícia Militar, a lentidão no trânsito está diretamente relacionada aos assaltos a motoristas na capital. Os assaltantes costumam agir com motos ou até mesmo a pé. As vítimas são condutores de carros, caminhões, ônibus e motociclistas.

Levantamento feito pela PM mostra quais são os 35 corredores de São Paulo onde o condutor corre mais risco de ser roubado. Os dados, obtidos pelo G1 , levam em conta as ocorrências registradas no primeiro trimestre deste ano. Em números absolutos, a Marginal Pinheiros é a via com mais assaltos a motoristas no município, com 97 casos apenas neste ano _média de mais de um roubo por dia. O Comando de Policiamento da PM estuda a implantação de bases comunitárias móveis e bolsões de estacionamento para a Ronda Ostensiva sobre Motos em toda a extensão da marginal como medida para reduzir os crimes no corredor (leia mais abaixo). Atualmente são feitas abordagens aos suspeitos nas vias consideradas mais perigosas, como mostra o vídeo acima.     Mas para algumas das vítimas dos criminosos não basta mais policiais militares na rua. Em 28 de março, um homem aparentemente drogado promoveu um arrastão e assaltou seis motoristas no mesmo dia, a menos de cem metros de uma blitz da PM próxima à Marginal Pinheiros, na Zona Oeste.   “Dirigia o carro com um amigo como carona. Passamos perto do Parque Villa Lobos e vimos PMs parando outros veículos. Abaixei os vidros, acendi a luz interna para me identificar e prossegui. Me senti seguro e continuei com os vidros abaixados quando parei num sinal vermelho e um jovem se aproximou de bicicleta. Ele apontou a arma e engatilhou na minha cabeça. Eu virei para pegar a carteira e ele me deu uma coronhada e falou para não olhar para ele”, disse um universitário de 28 anos, que pediu para não ser identificado.

O amigo desse estudante faz tratamento psicológico porque ficou traumatizado com o assalto e com o que ocorreu depois. “Avisamos os policiais que estava havendo um arrastão ali perto. Ao chegarem, eles foram recebidos por disparos do criminoso, que acabou morto na troca de tiros”, afirmou o aluno, que já foi assaltado três vezes no trânsito na capital paulista.

“A violência aumenta proporcionalmente ao número de veículos. Além disso, nós não somos treinados para saber como agir num arrastão ou num assalto. O brasileiro é muito desatento. Infelizmente quando saímos de casa não sabemos se vamos voltar”, disse Salomão Rabinovich, presidente da Associação de Vítimas de Trânsito (Avitran), organização não governamental que existe há 20 anos para reintegrar à sociedade e ajudar psicologicamente vítimas de violência e acidentes no trânsito.

Aumento de roubos

Comparativamente com o ano passado, dez corredores tiveram crescimento no número de casos de roubo ao interior de veículos. Oito deles são avenidas: 23 de Maio; Nove de Julho; Professor Luis Ignácio de Anhaia Mello; Brigadeiro Faria Lima; Corifeu de Azevedo Marques; Sapopemba; Aricanduva e Itaberaba. As ruas Guaicurus e Clélia também apresentaram juntas acréscimo de assaltos a motoristas. A outra é a Estrada de Itapecerica.

"Foi no dia 1º de março, quando voltava da consulta da minha filha. Estava perto da Avenida Nove de Julho, sentido bairro, voltando para casa às 17h. Os vidros do meu carro estavam fechados e havia parado no sinal vermelho. Estava com minha filha mais nova, quando alguém bateu no meu vidro.  Quando me virei, vi um menino com arma na mão, de uns 14 anos. Ele batia com a mão no vidro e apontava a arma. Eu não sabia o que ele queria. Abri a porta do veículo e mostrei a bolsa. Ele falou: 'bolsa não! Quero dinheiro!'. Ele viu meu relógio e pediu também. Tirei o dinheiro da bolsa e dei a ele com o relógio. O menino saiu correndo levando R$ 480 em dinheiro e o relógio. Fiquei nervosa e chateada. Mas me arrependo muito de não ter dado queixa", disse uma dona de casa de 47 anos.

Outras 22 vias tiveram queda no número de casos. Três mantiveram o mesmo número de casos: avenidas Conceição, Nordestina e Governador Carvalho Pinto. (veja abaixo o ranking com os corredores onde o condutor corre mais risco de ser roubado).

“A questão do trânsito se transformou numa questão de segurança, de caso de polícia. Vamos tentar resolver essa onda de assaltos a motoristas com políticas públicas, projetos e programas de segurança”, disse Orion Francisco Marques Riul, coordenador estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança de SP (Consegs).

Os Consegs do Itaim Bibi e da Lapa informam que os assaltos têm causado sensação de insegurança para os motoristas que passam, respectivamente, pela Marginal Pinheiros e Rua Clélia. A Clélia aparece no 17º lugar no ranking de vias com mais casos de roubos a condutores de carros, ao lado da Rua Guaicurus, com sete registros.

PM

Apesar de a Marginal Pinheiros apresentar queda no número de assaltos a motoristas em relação ao mesmo período de 2010, quando foram registrados 135 ocorrências desse tipo de crime, os dados ainda preocupam a PM. Isso porque a via já está no topo do ranking de corredor com mais crimes da cidade, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (11) pelo G1 .

Por esses motivos, o coronel Marcos Roberto Chaves, comandante do Policiamento da PM na capital, afirmou que a corporação estuda ações e a implantação de bases móveis e bolsões de estacionamento de motos na marginal.

“Estamos avaliando essa possibilidade ou até mesmo a criação de bolsões ao longo da marginal para estacionamento de viaturas ou veículos da Rocam”, disse o oficial. “O congestionamento está diretamente ligado ao crime.”

“Como a Marginal Pinheiros é uma via rápida, onde é complicado fazer retornos para voltar a um local, a ideia das bases móveis ou dos bolsões é dar mais agilidade ao trabalho policial. Eles ficarão em pontos estratégicos”, afirmou o comandante Chaves, que cita os trechos entre as pontes do Morumbi e Cidade Jardim (no sentido Rodovia Castello Branco) até o centro empresarial (em direção a Santo Amaro) como os de maior incidência de roubos a motoristas.

De acordo com a PM, ações mais duras de combate ao roubo a motoristas também ocorrerão nas próximas semanas nesses locais. A corporação sabe que os ataques no trânsito são praticados por duplas de motociclistas durante os congestionamentos de veículos, principalmente nos horários de pico, entre 17h e 21h.

“Os assaltantes preferem agir quando começa a escurecer. Alguns estão em motos, mas há registros de ataques a pé. Por isso, falamos para o cidadão prestar atenção às medidas de segurança. É bom andar com os vidros fechados e não deixar objetos de valor ou bolsas no banco do carona. Também pedimos para não comprarem nada dos vendedores ambulantes porque eles podem ser assaltantes disfarçados”, disse Chaves. "E caso seja vítima de assalto é importante nunca reagir e registrar a ocorrência para que possamos elaborar planos de segurança e de combate a criminalidade nessas vias".        

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