Conheça o Rainbow Warrior, o mais moderno navio do Greenpeace

Conheça o Rainbow Warrior, o mais moderno navio do Greenpeace

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:12

Luisa Girão

Ativistas, defensores do meio ambiente e famílias – ecológicas ou não – terão um motivo especial para ir ao Píer Mauá, na região portuária do Rio de Janeiro, durante a Rio +20. É que o novo navio Rainbow Warrior, do Greenpeace, está atracado no porto e aberto para visitação nos dias 16, 17,21 e 22 de junho para quem quiser conhecer a tripulação, a sua rotina e participar das campanhas de proteção ambiental.

No Brasil desde março, esta é a primeira vez que a nova embarcação navega pelas águas do Rio de Janeiro. O navio até já foi palco de um protesto na Baía de São Marcos, em São Luís no Maranhão. Representantes da ONG escalaram e bloquearam a âncora do navio cargueiro bahamense Clipper Hope, que estava prestes a receber um carregamento de 30 toneladas de ferro-gusa para ser levado para os Estados Unidos.

“A exploração desse material estimula o desmatamento, a invasão de terras indígenas e o trabalho escravo”, diz o brasileiro Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace. Foram 10 dias de protestos. Antes, a embarcação já tinha passado pelos Estados Unidos e Europa e por outras cidades brasileiras como Manaus, Macapá, Belém e Recife.

O Rainbow Warrior representa o que há mais de mais moderno e sustentável em termos de navegação moderna e a reportagem do iG foi convidado a explorar a embarcação. O navio foi construído na Alemanha, tem velocidade máxima de 15 nós ou 27 km/h, pesa aproximadamente 800 toneladas e custou 20 milhões de euros. Como o Greenpeace não aceita doações de governos ou de empresas privadas, a construção do navio foi possível através de três milhões de colaboradores regulares da ONG.

Embarcação equipada e verde

Além disso, ele tem tudo o que o Greenpeace precisa para levar suas campanhas para todas as partes do planeta, incluindo uma moderna central de telecomunicações por satélite. A embarcação tem 58 metros de comprimento e 11 de largura - o mesmo comprimento de duas baleias azuis ou de quatro quadras de tênis.

O vento é sua principal força propulsora. A embarcação tem dois mastros de 54 metros de altura do tipo A. Esta estrutura permite que as velas se movam de forma que um helicóptero possa posar no heliponto do próprio barco. Segundo o engenheiro do Rainbow Warrior, o alemão ErikMekenkamp, este foi o principal desafio da embarcação. “Foi difícil conciliar o uso das velas com o heliponto. Mas com essa estrutura, que tem de ser desmontada, é possível que um helicóptero de porte pequeno possa posar no navio”, afirmou.

A embarcação tem um motor de propulsão híbrida diesel-elétrica e outro apenas de diesel, que são acionados apenas sob condições climáticas desfavoráveis ou em ações que exijam potência máxima. Há também reutilização do calor do motor e dos geradores para aquecer a água e as cabines da tripulação. O casco tem design inovador que possibilita menor gasto de combustível, com menos emissão de gases poluentes.

O navio ainda possui um sistema integrado de tratamento de água e resíduos, uma central de armazenamento de combustíveis e óleos para evitar derramamento e refrigeração à base de amônia em lugar de CFC, um gás de alta toxicidade que afeta a camada de ozônio do planeta.

Rotina da tripulação

A capacidade da embarcação é de 32 tripulantes, mas apenas 15 – de 12 nacionalidades distintas - são fixos. O único brasileiro contratado é o administrador Mario Kabilio, de 33 anos, que está navegando com o Greenpeace há seis anos. “Larguei tudo, em São Paulo, para viver em alto mar. É uma experiência única. O navio é importante para chamar atenção para as nossas campanhas contra o crime ambiental”, afirmou.

A parte interna do navio é composta pelo passadiço ou ponte de comando, cozinha, um refeitório, uma área de lazer (com livros, violões, etc), sete banheiros, uma área de reciclagem de lixo e 16 cabines. Há apenas três cabines individuais: para o capitão, o americano Joel Stewart, o engenheiro chefe e a subcomandante. O restante da tripulação divide cabines de 8 m² compostas por um beliche, um chuveiro, uma pia, uma mesinha e um armário. Durante a visita do iG à embarcação, a tripulação pediu para que não registrássemos os aposentos por se tratar de um lugar intimo para cada um.

A rotina dos navegantes é rígida. Acordam às 07h30, salvo os que ficam encarregados de fazer a ronda noturna, e tomam café até às 8h. Impreterivelmente. Após o desjejum, cada um faz a limpeza de algum local do barco. Não há desculpas para não participar da atividade. De 9h às 17h, todos realizam as tarefas que são distribuídas. A suíça Amanda Eklund, por exemplo, é responsável pela comida e pelo tratamento de lixo da embarcação.

Todos almoçam ao 12h e jantam às 18h. Após realizar os deveres, a tripulação se reúne no convés, onde fica o heliponto. “A gente conversa, olha estrelas, toca violão” diz uma assessora do Greenpeace, a paulistana Marina Yamaoka, que acompanha todos os deslocamentos do navio no Brasil. Isso, claro, quando não estão em nenhuma manifestação. O navio tem internet wifi para os tripulantes fazerem pesquisas de locais onde podem estar acontecendo possíveis crimes ambientais e divulgar suas ideias.

Antepassados

O novo Rainbow Warrior, lançado em outubro de 2011, tem mais capacidade de armazenamento e mais espaço que as duas versões anteriores. O veleiro consegue ficar até dois meses em alto mar, sem precisar atracar. Este é o terceiro navio batizado com esse nome. O primeiro foi adquirido em 1977 e foi pioneiro confrontando crimes ambientais ou desafiando governos. Em 85, durante missão na Nova Zelândia, o serviço secreto francês bombardeou e afundou o navio enquanto o Greenpeace se preparava para bloquear testes nucleares na França.

O segundo Rainbow Warrior foi incorporado à frota do Greenpeace em 1989 e serviu à causa ambientalista por 22 anos. Sua primeira e única visita ao Brasil aconteceu durante a Eco-92, no Rio de Janeiro, para a abertura do primeiro escritório da organização no país. No ano passado, o navio foi doado à ONG Friendship, de Bangladesh, e transformado em hospital flutuante.

Após a Rio +20, o  Rainbow Warrior se dirige para Santos, em São Paulo, e vai para Argentina e África do Sul.

 

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