A Delegacia Central de Suzano, na Grande São Paulo, quer que o caso Alan Patrick, que trata do desaparecimento do adolescente após abordagem da Polícia Militar em 11 de março deste ano, seja investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do estado. O estudante era suspeito de roubar uma moto.
A alegação dos delegados de Suzano é que eles estão seguindo a resolução 45 do secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo no dia 7 de abril. Ela determina que o departamento especializado apure ocorrências de resistência seguida de morte envolvendo policiais militares, policiais civis e integrantes da Guarda Civil Metropolitana na Grande São Paulo.
Apesar de Patrick ainda não ter sido localizado, quatro PMs estão presos no presídio militar na capital suspeitos de sumirem com o estudante de 17 anos. Testemunhas afirmaram em Suzano que viram os policiais atirarem no jovem, que fugia deles numa motocicleta. Investigadores acham bem provável que a vítima esteja morta. Em depoimento à Corregedoria da Polícia Militar, os soldados negaram o crime.
Os delegados Jorge Luiz Neves Esteves e Daniel Barbosa Miragaia Cintra, respectivamente titular e assistente da Delegacia Central de Suzano, informaram nesta quarta-feira (13) que vão representar ao Ministério Público e à Justiça pela remessa dos autos ao DHPP em cumprimento à resolução da SSP. Justiça
O pedido deverá ser entregue ainda nesta semana a um promotor e a um juiz de Suzano, que deverão se manifestar se são favoráveis ou não a levar o caso Alan Patrick para o departamento de homicídios na capital, que possui know-how em desvendar crimes emblemáticos. Além disso, o DHPP possui peritos integrados.
Os laudos de balística (para saber se os cartuchos encontrados num túnel foram disparados pelas armas dos PMs) e de DNA (que irá confrontar o sangue achado no mesmo local com material genético da mãe do desaparecido) ainda não ficaram prontos. Os exames são feitos pela perícia descentralizada da Delegacia Central de Suzano.
À medida que o tempo passa, a possibilidade de encontrar Alan Patrick com vida é remota. Se estiver vivo, estaria sendo mantido em cativeiro. Enquanto a pessoa não aparece, mais se reforçam os indícios de morte e a participação dos PMs, disse o delegado assistente Daniel Cintra ao G1 .
Caso a Justiça determine que a apuração em Suzano deva prosseguir pelo DHPP, baseada na resolução da Secretaria da Segurança, está será a primeira vez que o departamento investigará um caso de resistência seguida de morte envolvendo PMs com base na resolução antes mesmo de ela ter sido oficializada.
Quatro casos
Segundo o Departamento de Homicídios, até o momento, quatro casos similares são apurados, mas eles ocorreram após o decreto entrar em vigor, com a sua publicação em 7 de abril. Um ocorreu no sábado (9), dois na segunda-feira (11) e outro na terça (12).
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança, a resolução 45 não é retroativa, permitindo que o DHPP apure somente casos após o dia 7 de abril, quando houve a divulgação da decisão no Diário Oficial.
Eu só queria que esses policiais militares falassem onde está meu menino, se está morto ou vivo. Nem que encontre o corpo dele para acabar essa angústia, meu Deus. Não importa o jeito, afirmou a vendedora Jaqueline Rose Lago Soares, de 33 anos, mãe de Patrick.
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