No interior de São Paulo, delegados são acusados de coagir prefeituras e empresas a contratar serviços de segurança que eles mesmos prestavam de forma ilegal. A lei orgânica da polícia, porém, proíbe policiais de ter atividade remunerada fora da corporação, e 14 pessoas chegaram a ser detidas, em seis cidades.
A Polícia Federal (PF) registrou agentes de uma empresa de segurança trabalhando no Carnaval de Cerquilho, a 146 km de São Paulo. A situação seria corriqueira, se entre os sócios da empresa não houvesse dois delegados da Polícia Civil.
Depois de um ano de investigações, o Ministério Público (MP) descobriu que os delegados participavam de um esquema para coagir prefeituras e promotores de evento a contratar a empresa deles. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram que, para isso, aproveitavam a estrutura da própria polícia. O resultado: 14 detidos em seis cidades.
Os alvos principais eram os delegados Alexandre Vianna, Ivan Scott e também José Antonio Vieira Ramos, ex-delegado seccional de Itapetininga, a 163 km da capital paulista.
Segundo a PF, Vieira Ramos determina que duas equipes de seis investigadores façam ronda durante a madrugada em um evento para o qual a empresa foi contratada. No mesmo dia, Vianna e Scott combinam a divisão do dinheiro e citam dois sócios envolvidos no esquema.
Alexandre Costa Vianna: "Êee, malandro, de trouxa não tem nem a tenda".
Ivan Scott: "Lembra aquele cheque que o Sílvio deu para o Washington da comissão dele?"
Alexandre Costa Vianna: "Hã?"
Ivan Scott: "Vai cair agora, entre hoje e amanhã. Então o que eu fiz, eu fiz um vale para nós de R$ 1.230,00".
Alexandre Costa Vianna: "Legal".
Nos contratos com prefeituras da região, os delegados negociavam um valor por fora, como aconteceu na festa de aniversário de Itapetininga.
Ivan Scott: "É, tem que pegar os R$ 5 mil na entrada e depois R$ 5 mil no final".
Washington Martins de Oliveira: "Então o meu termo vai ser esse aí, 18 "pau", 5 "pau" pelo menos até começar o evento, 5 a hora que terminar".
Agora na cadeia, os delegados e outros três sócios da empresa de segurança aguardam julgamento.
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