Um ano após a operação da Polícia Federal chamada Caixa de Pandora, que deflagrou esquema de corrupção no governo do Distrito Federal e culminou com a prisão do então governador José Roberto Arruda, o Ministério Público Federal fez nova denúncia acusando os supostos envolvidos. O nome de Marcelo Carvalho, que era então presidente do grupo Paulo Octávio (do ex-vice-governador), aparece pela primeira vez entre os acusados de ter participado de uma reunião para extorquir Arruda..
O advogado de Marcelo Carvalho disse que a denúncia "é absurda e demonstra desconhecimento dos fatos", pois seu cliente tem um relacionamento pessoal com Arruda.
O ex-governador Paulo Octávio disse que Marcelo Carvalho nunca falou em nome dele ou das empresas e que o funcionário já foi demitido. Cláudia Marques não foi localizada. A advogada de Durval Barbosa, Margareth Almeida, não retornou as ligações da equipe de produção.
De acordo com o Ministério Público Federal, o ex-procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, a promotora Deborah Guerner e o marido dela, o empresário Jorge Guerner, se uniram para praticar o crime de extorsão contra o ex-governador José Roberto Arruda.
Os três ainda teriam tido a ajuda de Marcelo Carvalho, que aparece em umas imagens conversando com Deborah Guerner na casa dela. De acordo com o Ministério Público, Marcelo levou a promotora, no carro dele, até à residência oficial do governador, em Águas Claras, onde participou de parte da reunião entre os dois.
Segundo a denúncia, em julho de 2009, três meses antes da operação Caixa de Pandora, o grupo recebeu da servidora do GDF Cláudia Marques uma cópia do vídeo em que Arruda aparece recebendo dinheiro do ex-secretário Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção no GDF.
Ela teria conseguido a cópia com o própio Durval e segundo os procuradores, o plano do grupo era chantagear Arruda com a ameaça de divulgar o vídeo. A denúncia traz diálogos entre o casal Guerner em que eles discutiriam a estratégia que usariam, junto com Leonardo Bandarra, para intimidar Arruda.
Jorge Guerner: Bom, e a estratégia?
Deborah Guerner: Estratégia. Falar com ele aqui em casa?
Jorge Guerner: Ele tem que falar antes com o Léo.
Deborah Guerner: Hum.
Jorge Guerner: Para que o Léo confirmar que já tem tudo, se você não disser que tem tudo, você não pode ameaçar!
Deborah Guerner: É, não posso, não posso.
Em depoimento, Arruda disse que, na reunião, Deborah teria dito que ele deveria pagar a ela R$ 2 milhões, além de ajudar uma empresa ligada a Jorge Guerner a conseguir contratos com o GDF. Senão, veria o vídeo na televisão.
Arruda não chegou a pagar os R$ 2 milhões pedidos por Deborah. Mas para o Ministério Público o crime foi cometido mesmo assim. Todos os envolvidos foram denunciados por extorsão ao Tribunal Regional Federal.
Na denúncia, o Ministério Público Federal pediu mais uma vez o afastamento dos cargos de Leonardo Bandarra, Deborah Guerner e da servidora pública Cláudia Marques. Os advogados do ex-procurador e do casal Guerner não se pronunciaram, pois o processo está sob sigilo.
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