Desde 2003, Alencar já passou mais de um ano como presidente

Desde 2003, Alencar já passou mais de um ano como presidente

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:14

Como reflexo da agenda intensa de viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice José Alencar já permaneceu no exercício do cargo por nada menos do que 436 dias, segundo levantamento feito pelo Palácio do Planalto. Os dados são referentes a  janeiro de 2003, data da posse de Lula e Alencar, até maio deste ano. Nesse período, nem mesmo o tratamento do câncer com o qual o vice luta desde a década de 90 o impediu de assumir interinamente as funções de Lula. Alencar já despachou até mesmo de um quarto no Hospital Sírio-Libanês.

Em algumas ocasiões, a permência no posto se deu por períodos relativamente longos. Em setembro de 2007, por exemplo, foram 11 dias ininterruptos no exercício da Presidência, durante visitas de Lula à Finlândia, Suécia, Dinamarca e Espanha do presidente. A substituição por mais tempo após 2007 ocorreu em outubro do ano passado, quando Lula esteve em agenda internacional por 9 dias.  Ao todo, desde 2003, Lula foi substituído por Alencar ou outros na linha sucessória  por 460 dias.

Nas vezes em que o vice acompanhou Lula ao exterior ou em que esteve impedido de assumir o cargo, vale a linha sucessória determinada pela Constituição. Em fevereiro de 2004, por exemplo, o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), ocupou a cadeira de Lula por dois dias. Em novembro de 2006, foi a vez de Aldo Rebelo (PC do B-SP).

Em maio de 2006, devido a problemas de saúde de Alencar e viagem de Lula, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) assumiu a Presidência por 5 dias. Já o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) assumiu pelo mesmo motivo em outubro de 2007, por 3 dias.

O cientista político Leonardo Barreto, da UnB, lembra que o modelo que rege a função de vice faz com que o Brasil tenha dois dois chefes de Estado oficiais simultaneamente. Esse mecanismo foi criado para evitar o vácuo no poder. Ainda assim, não altera a política vigente, na avaliação do especialista. “Como o vice, em geral, é de uma mesma composição política, ele está afinado com questões pré-estabelecidadas. O Alencar criticar o juros, por exemplo, virou uma marca, mas nada influencia na estabilidade econômica”, afirmou, ao lembrar as sucessivas críticas do vice à política de juros do governo Lula, que acabou ganhando tom de brincadeira com o passar dos anos.

Outros vices tiveram papel atuante na história política nacional. Parceiro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel (DEM), substituiu o presidente FHC diversas vezes, também durante as viagens oficiais do tucano. Hoje senador, Maciel diz que o vice é uma peça importante no funcionamento da máquina pública e que ser discreto não é necessariamente fundamental. “Mais que isso, o vice não pode ser omisso”, disse.

Já o hoje presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), substituiu Tancredo Neves em 1985, quando, eleito presidente, faleceu na véspera da posse. Ele governou o País até 1990, quando tomou posse Fernando Collor de Mello. Em 1992, alvo de acusações de corrupção, Collor ro cargo em meio a um processo de impeachment. Itamar Franco assumiu em dezembro do mesmo ano e só deixou o Planalto em janeiro de 1995.  

Postado por: Thatiane de Souza

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