Dilma será a 11ª mulher presidente na América Latina

Dilma será a 11ª mulher presidente na América Latina

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:08

Dilma Rousseff (PT) é a 11ª mulher a ocupar o cargo de presidente na América Latina – a oitava eleita. Dos 33 países da região, a Argentina já teve duas mulheres no governo. Outros oito países latino-americanos tiveram uma mulher presidente: Bolívia, Haiti, Nicarágua, Equador, Guiana, Panamá, Chile e Costa Rica.

Entre as dez mulheres que assumiram o cargo antes de Dilma, sete foram eleitas e três ocuparam a presidência interinamente.

Dilma se elegeu na disputa em segundo turno contra José Serra (PSDB) com 56% dos votos válidos. Ela tomará posse no dia 1º de Janeiro, quando receberá a faixa presidencial do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A primeira mulher a chegar à presidência na América Latina foi a argentina María Estela Martínez de Perón, mais conhecida como "Isabelita" Perón.

Ela era vice na chapa do marido, mas com a morte de Juan Domingo Perón, eleito presidente, "Isabelita" assumiu e governou o país entre 1974 e 1976.

A boliviana Lidia Gueiler Tejada foi a 56ª presidente do país. Assumiu o cargo interinamente em 1977. No Haiti, Ertha Pascal-Trouillot também foi interina entre 1990 e 1991.

A terceira presidente interina na América Latina foi Rosalía Arteaga, no Equador. Ela era vice do presidente eleito, Abdala Bucaram. Como ele foi deposto pelo Congresso, Rosalía foi designada presidente interina do Equador em 1997. Dois dias depois, o Congresso elegeu um novo presidente interino, Fabián Alarcón Rivera, e Rosalía retornou ao cargo de vice.

Violeta Chamorro, da Nicarágua, foi a primeira mulher latino-americana que se tornou presidente por meio de eleição – Isabelita Perón também se elegeu, mas como vice. Em 1990, Violeta Chamorro derrotou nas urnas o atual presidente do país, Daniel Ortega.

Na Guiana, Janet Jagan foi primeira-dama antes de ser eleita presidente, em 1997. O marido dela, Cheddi Jagan, governou o país entre 1992 e 1997, ano de sua morte. Janet, que assumiu em seguida, renunciou em 1999, cerca de dois anos após ter sido eleita, por motivos de saúde.

Também em 1999, Mireya Moscoso se tornou presidente do Panamá. Em 2006, foi a vez de Michelle Bachelet, no Chile.

A argentina Cristina Kirchner, eleita em 2007, a costarriquenha Laura Chinchilla, eleita em fevereiro de 2010, e agora Dilma Rousseff compõem o grupo de mulheres que atualmente governam um país latino-americano.

No mundo

De acordo com o estudo "As Mulheres do Mundo 2010", divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em outubro, apenas 14 mulheres no mundo ocupavam o cargo de chefes de Estado ou de governo no ano passado.

Em relação à representação feminina no parlamento, apenas 23 países possuíam em 2009 mais de 30% das cadeiras ocupadas por mulheres. Segundo o relatório da ONU, esse número, apesar de pequeno, é um "considerável avanço em comparação aos cinco países que tinham atingido esse nível em 1995".

Luta das mulheres

"A Dilma na Presidência vai mudar a política, como a política mudou no Congresso Nacional [depois da primeira mulher]", disse a diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Guacira Oliveira.

"Cada vez que uma mulher entra no poder, representa uma mudança. [...] Mas, no Brasil, mesmo com a lei de cotas, as candidaturas das mulheres não estão sendo apoiadas pelos partidos", afirmou Rebecca Tavares, representante no Brasil do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem – ONU Mulheres).

Questionadas se, com uma mulher na Presidência, há maior predisposição para avanços nas questões feministas, Guacira Oliveira e Rebecca Tavares concordam que não basta ter uma mulher presidente para os direitos se equiparem. Segundo elas, isso depende da mulher que ocupa o cargo.

Rebecca citou como exemplo a diferença entre o governo de Bachelet, no Chile, e o de Cristina Kirchner, na Argentina. "No caso do Chile, ela sim implementou uma política de paridade e programas sociais que favorecem a mulher. [...] Por outro lado, com a presidente Kirchner não podemos constatar que ela promoveu essas mudanças", afirmou.

Guacira acredita que o Brasil entrará em uma fase de maior presença das mulheres no poder, como identificado após o governo de Bachelet.

A representante da ONU Mulheres no Brasil disse que o ideal seria que o Congresso fosse formado por pelo menos 30% de mulheres, para que elas tenham mais influência e possam criar mais políticas de igualdade de gênero. "Mesmo assim, no Brasil temos uma bancada feminina importante", completou.

Mesmo com uma mulher no poder, o Centro Feminista não acredita que as questões feministas irão avançar muito neste governo. "A expectativa é que o desafio de implementar a igualdade de gêneros vai permanecer. [...] Vivemos em um estado patriarcal, onde colocar em pauta igualdade das mulheres exige muito esforço político", afirma a diretora do Cfemea.

"Os compromissos que ela [Dilma] apresentou ao TSE colocam uma serie de desafios e propostas ligadas à defesa dos direitos das mulheres, que inclusive estão hoje como compromissos políticos do governo Lula", disse. "Vão continuar na pauta essas questões, e a luta continua", completou.

Ao comparar Dilma com outras mulheres presidentes, Guacira afirmou que a brasileira tem um histórico diferente, uma "trajetória própria".

"Não é mulher de um ou filha de outro [político ou personalidade]. Não é uma personalidade para colocar determinados interesses. Ela construiu sua própria trajetória", afirmou.

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