O Wikileaks divulgou na terça-feira (28) em sua página da internet uma correspondência diplomática de 10 de agosto de 2004 na qual o ex-embaixador americano John Danilovich descreve a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) como um refúgio de canalhas.
O texto faz parte de um conjunto de relatórios sigilosos da diplomacia americana referentes ao período entre 2006 e 2010 que foram vazados pelo site a partir de dezembro.
Com o título Um trapaceiro a menos na galeria; político acusado de homicídio é expulso do legislativo de Brasília, o relato tem como tema principal a cassação de um deputado distrital ocorrida em 5 de agosto de 2004. O deputado foi acusado de ser o mandante do assassinato de um adolescente identificado como o suposto amante de sua mulher.
Na mensagem com oito tópicos, Danilovich diz que o precedente aberto pela cassação do deputado, a primeira da CLDF, deve ter causado preocupação em outros parlamentares da Casa formada por 24 membros. Isso porque, para ele, a CLDF ainda abriga meia dúzia de deputados suspeitos de vários crimes. Na lista de suspeitos, o ex-embaixador indica o nome de nove políticos.
O então representante dos Estados Unidos no Brasil critica ainda a qualidade do trabalho da Câmara Legislativa ao citar projetos como o que criava uma lagoa para que os desempregados pudessem pescar suas refeições. Também chamou atenção do ex-embaixador a proposta que criava banheiros públicos exclusivos para gays.
No texto, Danilovich diz duvidar que a saída do deputado seja o início de uma limpeza na Câmara Legislativa, visto que a cassação foi aprovada pelo quórum mínimo 13 parlamentares e que os eleitores de Brasília têm memória extremamente curta, quando o assunto é corrupção.
O diplomata finaliza a mensagem com o comentário: Não está claro se o caso (do deputado cassado) é um golpe contundente contra a impunidade dos políticos brasileiros, um pequeno passo na direção certa, ou apenas serve para desenhar uma linha vermelha trêmula: a de que assassinos, pelo menos, não serão tolerados na legislatura em Brasília".
O G1 entrou em contato com a embaixada americana, que disse que não comenta os casos divulgados pelo Wikileaks. A assessoria da Câmara Legislativa, por sua vez, disse que aguarda uma posição da presidência sobre se a Casa irá divulgar uma nota oficial ou se os deputados vão se manifestar em plenário. A reportagem tenta localizar o ex-deputado citado no telegrama diplomático.
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