A Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, reconheceu na manhã desta quarta-feira (31) que um professor, que também é procurador de Justiça, deu voz de prisão a uma aluna na sexta-feira (26) durante um desentendimento. De acordo com a estudante, a ameaça aconteceu quando ela o procurou para questionar o seu método de ensino.
Nesta quarta-feira, o diretor da Faculdade de Direito irá se encontrar com o reitor para decidir quais serão as providências cabíveis. A aluna foi atendida pelo diretor da Faculdade de Direito e não houve prisão. Os fatos ainda estão sendo apurados para que as providências cabíveis sejam tomadas, afirma a nota divulgada pela assessoria de imprensa da instituição na manhã desta quarta.
Antes da posição oficial do Mackenzie, segundo a universidade, o professor não falará a respeito. O procurador não negou ao jornal Folha de São Paulo ter ameaçado de prender a aluna, mas disse que foi obrigado porque "ela passou de todos os limites".
O caso
A discussão ocorreu por volta de 21h30 de sexta-feira (26), no intervalo, minutos antes de Tatiana, de 31 anos, ter a aula de Direito Penal III com o professor. Segundo a aluna, ele dá essa cadeira às segundas e sextas para a classe dela. A estudante relatou que a briga começou quando ela o abordou para questionar a metodologia, alegando que tinha muitas dúvidas. Se passaram quatro aulas e eu senti dificuldade. Faltava conversa, um pouco de contexto. Era superficial. Pedi para ele aprofundar alguns conceitos, afirmou Tatiana sobre as aulas.
De acordo com ela, o professor não gostou da observação dizendo que ela não tinha capacidade para avaliar a aula. A aluna se defende. Sou bolsista. Jamais faltaria com o respeito a um professor. Tenho medo de perder a bolsa. Tenho origem humilde e educação. Chamei o professor em particular.
Versão do professor
O Centro Acadêmico se manifestou em duas notas. Na primeira, repudiou a atitude do professor, pedindo que ele se desculpasse formalmente pelo constrangimento pelo qual passou a aluna. No segundo comunicado, o C.A. divulgou a versão que disse ser do docente.
Segundo o professor, a aluna o abordou com argumentos ofensivos à sua metodologia utilizada e persistindo mesmo diante de avisos dados. Diante de uma grosseria maior e sem fim, se viu obrigado a utilizar de outros meios, pois nem mesmo os seguranças conseguiram resolver. Foi nessa hora que a aluna foi advertida que naquele momento que o professor estava na posição de procurador de Justiça par tentar dar fim ao tumulto que se generalizou, diz um trecho da nota.
Na frente de todos
Tatiana disse que o mestre pediu respeito, afirmando ser procurador de Justiça e professor há 20 anos. A conversa não parou no corredor e continuou até a sala de aula, onde estavam os colegas de turma. Fiquei em choque. Já estava nervosa, totalmente abalada. Estava todo mundo olhando. Ele disse que eu não ia assistir à aula e saiu gritando que ia chamar os seguranças.
Quando a bolsista contou que ia procurar a coordenação do curso, disse que o professor a ameaçou. Ele falou: nesse momento, eu não me dirijo mais como professor, mas como procurador de Justiça. Não me dirija mais a palavra senão eu te dou voz de prisão, informou
Tatiana, reproduzindo, segundo a versão dela, as palavras proferidas pelo mestre.
A estudante contou que pretende ser funcionária pública e não cometer abuso de autoridade. Atribuiu o episódio a uma questão de ego. O professor achou que eu estava afrontando ele, disse a bolsista, que disse estar tranquila por ter tido o apoio do Mackenzie.
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