Dois meses após tragédia da chuva, prefeitura de Nova Friburgo calcula prejuízo

Dois meses após tragédia da chuva, prefeitura de Nova Friburgo calcula prejuízo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:52

A Prefeitura de Nova Friburgo, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, calcula que a cidade teve um prejuízo total de aproximadamente R$ 1,5 bilhão em decorrência do forte temporal do último dia 11 de janeiro. Só nas indústrias, a tragédia provocou uma perda de R$ 700 milhões. Segundo a Firjan (Federação da Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), o mercado de tecidos e lingeries, um dos principais carros-chefes da economia do município, teve cerca de 20% das empresas destruídas, o que deixou de movimentar R$ 20 milhões nos cofres públicos.

Ainda de acordo com a Firjan, algumas empresas já deram entrada na linha de crédito de R$ 100 mil financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e pela InvestRio (Agência de Investimentos do Estado do Rio de Janeiro). Ao todo, foram liberados R$ 100 milhões - R$ 70 milhões do governo federal e R$ 30 milhões do governo estadual.

Na contramão dos prejuízos, o setor hoteleiro de Nova Friburgo comemora uma rápida recuperação no Carnaval deste ano. A prefeitura informou que a taxa de ocupação nos hotéis e pousadas da cidade foi de 70%. Em 2010, o número bateu a casa dos 90%.

Na avaliação da ABIH (Associação das Indústrias de Hotéis do Rio de Janeiro), a diferença de 20% de um ano para outro mostra que os turistas estão dispostos a ficar em Nova Friburgo mesmo depois de dois meses da tragédia.

Roberto Silveira é proprietário de um hotel no bairro de Mury. Ele conta que todos os quartos do estabelecimento foram ocupados na semana do Carnaval.

- Fiquei impressionado com a recuperação do meu hotel com a proximidade do Carnaval. Consegui alugar todos os quartos dois dias antes do feriadão. E ainda teve fila de espera.

A atendente Aline Raminelli revela que a recepção do hotel onde trabalha, no distrito de Lumiar, não parou de receber ligações e clientes no feriadão de Carnaval. Ela conta que a maioria dos turistas queria fugir da agitação do Rio de Janeiro.

- Dos 94 apartamentos, só ficamos com dois vagos.

Mais seis meses para recuperação

A Prefeitura de Nova Friburgo estima que são necessários mais seis meses para recuperar a cidade totalmente. A limpeza das ruas já foi concluída no centro, mas os distritos de Conselheiro Paulino, Conquista e Campo do Coelho ainda estão com lama e entulhos.

Os serviços de energia elétrica e água foram restabelecidos em toda cidade. Apenas os locais considerados como áreas de risco pela Defesa Civil continuam sem o fornecimento de água e luz. A medida tem por objetivo impedir que os moradores voltem para as casas condenadas em bairros como Alto Floresta, Córrego Dantas e Jardim Califórnia.

As casas que estão em áreas de risco já começaram a ser derrubadas. Mas as obras das cerca de 3.200 moradias que serão construídas no terreno de 2 milhões de metros quadrados na localidade de Fazenda da Laje, em Conselheiro Paulino, ainda não foram iniciadas.

Aluguel Social para 2.000 famílias

A tragédia da serra fluminense deixou 428 pessoas mortas e cerca de 3.000 famílias desabrigadas. Dos 89 abrigos cadastrados no início da catástrofe, 26 estão em funcionamento, com 387 famílias.

O Aluguel Social, no valor de R$ 500, já foi retirado por 2.000 famílias, que aguardam nos imóveis alugados a construção das casas populares. De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social, 2.081 famílias se cadastraram para receber o benefício.

Ainda segundo o órgão, os donativos continuam chegando a Nova Friburgo, mas as doações diminuíram muito, o que prejudica a alimentação dos moradores que estão em abrigos.

O secretário Carlos Antônio Maduro pede que as pessoas continuem a enviar donativos para a cidade, pois o estoque de mantimentos organizado em uma antiga fábrica diminui a cada dia.

- Grande parte do grupo de voluntários, que teve papel fundamental durante o período crítico da tragédia, também já retornou às suas atividades rotineiras. A prefeitura precisa que mais pessoas procurem a Secretaria de Assistência Social e voltem a nos ajudar nesse trabalho gigantesco de socorro aos desabrigados.

Tragédia das chuvas

Um forte temporal atingiu a região serrana do Estado do Rio de Janeiro entre a noite de 11 de janeiro e a manhã do dia seguinte. Choveu em 24 horas o esperado para o mês inteiro e o resultado foi a maior tragédia climática registrada no país, segundo especialistas de várias áreas.

Deslizamentos de terra e enchentes mataram mais de 900 pessoas e deixaram quase 400 desaparecidas. Cerca de 30 mil sobreviventes ficaram desalojados ou desabrigados. Escolas, ginásios esportivos e igrejas viraram abrigos. Hospitais ficaram cheios de feridos na primeira semana; estando a maioria já recuperada. Cerca de 15 dias depois da catástrofe, doenças como leptospirose (provocada pelo contato com a urina de rato) começaram a assolar a população. Autoridades então passaram a monitorar casos confirmados e pacientes suspeitos, além de educar o povo em relação à prevenção.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Areal foram as mais afetadas e decretaram estado de calamidade pública. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados durante alguns dias.

As três esferas de governo se uniram para ajudar as vítimas e reconstruir as cidades. No dia 14 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. No dia 27 do mesmo mês, a presidente esteve no Rio e anunciou a entrega de 8.000 casas para desabrigados.

A ajuda também veio através de doações. Pessoas de diversos estados e países se comoveram com a tragédia e enviaram principalmente dinheiro, roupas, alimentos, remédios, água e colchões. Em fevereiro, as maiores necessidades, de acordo com as prefeituras dos municípios afetados, são material de limpeza, material de higiene pessoal e material descartável (como copos e fraldas).

Os animais que perderam seus donos e conseguiram sobreviver não foram esquecidos pela corrente de solidariedade. Entidades de defesa dos animais e pet shops organizaram feira de adoções. Centenas de cães e gatos ganharam novos lares e há até fila de espera de pessoas interessadas em cuidar dos bichinhos.      

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