'Ela morreu porque quis buscar o material', diz amigo de aluna no Rio'

'Ela morreu porque quis buscar o material', diz amigo de aluna no Rio'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:48

O estudante Wanderson Salgueiro, de 14 anos, diz que uma das vítimas do massacre na escola Tasso da Silveira, em Realengo, Laryssa Silva Martins, morreu porque voltou para a sala de aula para tentar buscar a mochila.

"Vi a Laryssa sair correndo da sala de aula dela, onde o atirador estava. As meninas chamaram ela, mas quando ela chegou na porta da sala voltou. Foi quando o garoto deu um tiro na cabeça dela", desabafou o menino, chorando. Ele estuda no primeiro andar, no mesmo em que Laryssa foi morta, mas na sala ao lado da vítima. "Ela morreu porque quis buscar o material".

Um ex-aluno da escola, Wellington Menezes de Oliveira, invadiu salas de aula cheias de alunos atirando na manhã de quinta-feira (7), matando 12 jovens.

"Eu vi o garoto entrando armado, ele ainda sorriu para mim. Percebi o volume da arma nas costas, mas mesmo assim subi para a sala de aula, no primeiro andar, porque o professor estava chamando. Foi quando começaram os tiros", disse Salgueiro.

O estudante se diz muito triste porque na véspera da tragédia, quarta-feira (6), ele havia "discutido" com Laryssa. "Brigamos feio, mas eu gostava dela. Pretendia pedir ela em namoro ontem (quinta-feira, dia do tiroteio). Ela iria aceitar, porque também gostava de mim", afirmou Salgueiro.

Nesta sexta-feira (8), dezenas de pais e amigos das vítimas voltaram à escola para tentar pegar pertences de alunos, que foram esquecidos durante a correria da fuga. Outros tentavam obter informações sobre feridos e o enterro das vítimas.

O diretor da escola fixou na frente do prédio um cartaz informando o horário e o local em que as crianças serão enterradas nesta sexta-feira, e a empresa Transportes Barra colocou à disposição dos moradores da região três ônibus para levar integrantes da comunidade aos cemitérios.   Porteiro ajudou em resgate

O porteiro Ivo Rodrigues dos Santos, de 54 anos, foi um dos primeiros a chegar à escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, após os disparos feitos por Wellington Menezes de Oliveira. Ele mora a uma quadra do colégio e foi chamado pela sobrinha, que chegou em casa chorando.

"O que eu vi foi uma tragédia que nunca mais vai sair da minha cabeça. Na sala de aula do primeiro andar as crianças estavam amontoadas, todas mortas, cheias de sangue. As meninas estavam separadas dos meninos, mas todas juntas, perto da parede", diz o porteiro.

Ele diz ter socorrido um menino chamado Mateus, de 13 anos, que continua internado. Ao pegar o garoto no colo e levá-lo para ambulância, o porteiro disse que o estudante lhe afirmou que o atirador selecionou as vítimas.

"O Mateus só disse que o Wellington entrou na sala e olhou para o primeiro da fila e disse: 'Você não, você eu não vou matar, pode ir embora. Ele (o Mateus) era o segundo da fila, e na hora que o cara atirou contra ele, levantou o braço direito para proteger o rosto. Por isso o tiro atingiu o braço e ele não morreu. Ele disse que foi escolhido para morrer", diz Santos.

"Depois o Mateus levou outro tiro no peito, este foi mais grave", afirma o porteiro.

"Pelo que as crianças contaram, parecia que o cara estava brincando, se divertindo com a situação, cometeu um massacre', acrescenta Santos.      

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