Em Campo Grande, polícia já flagrou 322 condutores bêbados este ano

Em Campo Grande, polícia já flagrou 322 condutores bêbados este ano

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:38

A lei seca completa três anos no país, mas a embriaguez ao volante continua sendo apontada como uma das principais causas de acidentes de trânsito. Em Campo Grande, a polícia já flagrou 322 condutores embriagados este ano. Destes, 95 foram parar na delegacia por crime de trânsito.

Estatísticas mostram que durante a noite acontece a maioria dos acidentes provocados por embriaguez. Depois de uma reunião com os amigos ou mesmo de uma festa, é preciso voltar para casa.

A diversão, neste caso, é contra a lei. Desde que entrou em vigor, a lei seca acabou com a tolerância para a combinação entre álcool e direção. O bafômetro tornou-se aliado na fiscalização.

Se o resultado for menor do que 0,3 miligramas de álcool por litro de ar expelido dos pulmões, o condutor sofre punição administrativa. É multado em R$ 957, tem o carro apreendido e a carteira de habilitação suspensa por um ano. Mas se o resultado do bafômetro for acima de 0,3 miligramas, o condutor também responde por um crime de trânsito.

O condutor não é obrigado a fazer o teste, mas se engana que pensa que recusar o bafômetro pode livrar do flagrante. "A Constituição Federal não obriga as pessoas a produzirem provas contra si mesma. Existem outros meios, como a prova testemunhal, a constatação da autoridade policial e o exame de sangue", explica Heitor Miranda Guimarães, mestre em Direito.

Em todo o ano passado foram 806 flagrantes em Campo Grande. Para a condutora Tânia Mara nogueira de Souza, tanta gente continua dirigindo depois de beber porque falta punição. "Acho que é desobediência, ou talvez as pessoas não estejam sendo punidas adequadamente. Muita coisa tem escapado. Tem que pegar mais a rédea", afirma.

A capitã Itamara Nogueira, da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito (Ciptran), afirma que diariamente são feitas blitzes no centro e nos bairros da cidade. "A fiscalização é intensa, porém o número de veículos em dez anos em Campo Grande cresceu mais de 100%. Se as pessoas não tiverem comportamento consciente, não haverá fiscalização suficiente de fato", diz a subcomandante.

Ao lado do excesso de velocidade, a embriaguez está entre as principais causas de acidentes. Com isso o trânsito já se tornou um problema de a saúde pública. Na Santa Casa de Campo Grande, as autoridades apontam como uma das causas da superlotação. O setor de trauma tem a maior demanda.

O álcool é considerado um dos principais fatores de risco para internações e mortes no trânsito. Estudos do Ministério da Saúde comprovam que de 30 a 50% das vítimas confessam ter consumido bebida alcoólica.

O mestre em psicologia do trânsito, Renan da Cunha Soares, acredita que como o álcool é uma droga aceita pela sociedade, colocar a lei seca em prática depende de uma mudança cultural, algo que leva tempo. "Três anos ainda é pouco tempo perto do tanto de tempo que tem de pessoas com esse comportamento. O que começa a acontecer é que os exemplos da punição vão chegar. E aí elas vão perder a sensação de impunidade", defende o psicólogo.

Campo Grande registrou no ano passado o primeiro júri de pessoa condenada por dirigir embriagada. O caso foi levado para universidades, em palestras sobre o trânsito, na tentativa trazer os novos condutores para as ruas, já dentro da lei. Se isso vai tornar as gerações futuras mais conscientes, o psicólogo acredita que sim, mas deixa um lembrete: é com o exemplo que se aprende. "As palavras podem até convencer, mas os exemplos são muito mais fortes", afirma Renan.          

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