Empresas negam envolvimento em fraude em obras paralisadas em SP

Empresas negam envolvimento em fraude em obras paralisadas em SP

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:29

Empresas responsáveis por parte dos 21 empreendimentos que foram embargados pela Prefeitura de São Paulo sob suspeita de fraude no pagamento de outorgas onerosas, que dão ao portador direito de construir prédios mais altos, negaram nesta terça-feira (30) terem participado da fraude e também se dizem vítimas de um golpe. Segundo o corregedor-geral do município, Edilson Mougenot Bonfim, o esquema gerou um prejuízo estimado de R$ 40 milhões à Prefeitura.

Segundo Bonfim, a investigação da Prefeitura atinge, no total, 23 empreendimentos, dos quais, um já havia sido fechado antes e outro - na Avenida Brigadeiro Faria Lima - já foi concluído. Oito empresas são responsáveis por todas as obras. Os fraudadores simulavam o pagamento com base em autenticação mecânica falsa - às vezes até de banco que nem existe - e levavam a administração a acreditar que o dinheiro foi depositado em conta. A Prefeitura, então, emitia o alvará para a obra e o dinheiro que a construtora deixou de pagar aos cofres públicos era dividido entre o dono da obra e o intermediário que executou a fraude.   Em nota, o departamento jurídico da Zabo Engenharia informou que tomou conhecimento nesta terça-feira (30) da suspensão dos alvarás e da execução das obras, e afirmou que agiu de boa fé ao pagar as outorgas onerosas. “A Zabo tem certeza de que, se tiver havido fraude, o que espera não tenha acontecido, ela Zabo foi vítima, assim como o município”, diz a nota.

A empresa também informou que vai entrar na Justiça nesta terça para que seja feito um depósito judicial em dinheiro do valor devido para que as obras sejam continuadas e a Prefeitura e seus clientes tenham seus interesses resguardados. A Zabo tem participação em quatro imóveis embargados pela Prefeitura – três deles pela própria empresa, também pela Dafi Zabo e Ayline Zabo, e um em parceria com a Odebrecht.

Procurada, a assessoria de imprensa da Odebrecht Realizações, majoritária no empreendimento Mesarthin, informou que mesmo a empresa já tendo feito o pagamento da outorga onerosa, se disponibilizou a pagar novamente o valor de R$ 14.257.320 até que os fatos sejam esclarecidos. A empresa nega irregularidades em suas operações e entrou com uma ação judicial para evitar o embargo e continuar com os trabalhos.

Com oito construções embargadas pela Prefeitura, a Porte Construtora informou em nota publicada em seu site que a empresa foi apontada de maneira equivocada como integrante do esquema de corrupção e foi vítima de estelionato. O diretor corporativo da empresa, Marco Antonio Melro, afirma no texto que as medidas judiciais cabíveis já estão sendo tomadas.

Segundo a empresa, o pagamento das outorgas onerosas dos empreendimentos era feita por um despachante que atua há 40 anos no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. A Porte também informou que continuará atendendo todas as solicitações da Prefeitura, da Justiça e do Ministério Público para a apuração dos fatos, e que não deixará de arcar com todas as suas responsabilidades.

A Onoda Engenharia, responsável por sete construções, também informou em nota que o pagamento das outorgas onerosas era feito por um profissional que atuava há 40 anos no Tatuapé, e que pagou todas as guias. A empresa afirma ter sido vítima de um golpe e espera que os responsáveis sejam punidos.

A Onoda também afirmou que não tinha conhecimento de que as guias eram falsas e que requisitou à Prefeitura informações sobre o valor devido pela empresa para que o pagamento seja feito de forma imediata. A empresa também disse ter solicitado ao corregedor-geral vista dos autos do processo. Ainda segundo a Onoda, nenhuma resposta foi dada pelo município até esta manhã.

Sem resposta

Em contato com o escritório da Wall Street, um funcionário da empresa informou que não havia ninguém disponível para falar sobre o assunto. O funcionário disse não ser autorizado falar sobre o caso, nem informou quem poderia se pronunciar pela empresa. A Wall Street é responsável por uma obra já finalizada.

O G1 não conseguiu contato com a Marcanni Construtora e Incorporadora (responsável por uma obra) e com a Vidagiro (também com uma obra). Ninguém atendeu nos telefones da Vasconcellos Engenharia – responsável por um dos empreendimentos.                

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições