No embate mais duro da eleição, petista e tucano omitiram informações ou distorceram declarações do adversário No embate mais duro travado desde o início da eleição deste ano, os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) trouxeram para a campanha temas que até agora tinham ficado de lado no confronto entre os candidatos. Em meio à troca de ataques que persistiu durante todo o evento, os dois adversários omitiram detalhes dos episódios ou, em alguns casos, distorceram declarações suas ou do adversário. Entenda melhor alguns dos principais assuntos que serviram de base para o confronto deste domingo.
Liberação do aborto
Serra apoiou-se no tema do aborto para criticar Dilma em mais de uma ocasião. Disse que a petista defendeu o procedimento - mencionando uma fala dela em sabatina da Folha de S. Paulo - e depois teria voltado atrás. "Aí se trata de ser coerente, de não ter duas caras", disse. Na entrevista em questão Dilma defendeu a descriminalização do aborto, ou seja, que as mulheres que tenham realizado o procedimento não estejam sujeitas à existente atualmente, que pode chegar a três anos de prisão. É um absurdo que não haja a descriminalização, até porque nós sabemos em que condições as mulheres recorrem ao aborto", disse a petista, na época.
A petista, por sua vez, disse que Serra defendeu a normatização do aborto quando era ministro da Saúde. A medida se referiu especificamente aos casos já previstos na lei que vigora atualmente - quando a vida da mãe está sob risco ou quando a mãe é vítima de estupro. Serra já se posicionou publicamente contra alterações na lei sobre o aborto em diversas ocasiões.
Minha Casa Minha Vida
Dilma disse que já ouviu Serra falar muito mal do Minha Casa, Minha Vida programa de habitação do governo federal. Na sua resposta, o tucano disse: Eu nunca falei mal do Minha Casa Minha Vida". Afirmou ter destacado apenas que o número de unidades prometido - de 1 milhão - nunca foi entregue. Seguindo esta mesma linha, Serra chegou a dizer ao jornal Valor Econômico , em abril deste ano, que "o plano da habitação é um estelionato ( eleitoral ) como nunca houve".
Calúnia e difamação
Durante o debate, Dilma também afirmou que Serra responde a um processo na Justiça por crime de calúnia e difamação. Há uma semana, o juiz José Ricardo Coutinho Silva, da 111ª Zona Eleitoral de Porto Alegre (RS), aceitou denúncia feita pelo Ministério Público Eleitoral contra o tucano por crimes de difamação contra o PT e de calúnia contra o então candidato petista ao Senado, Fernando Pimentel.
A denúncia do Ministério Público tem por base uma ação judicial movida por Pimentel - que é amigo e aliado de Dilma -, a partir de uma entrevista à imprensa, na qual Serra afirmou que a legenda era ligada às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao narcotráfico, além de acusar o então candidato de comandar a preparação de um suposto dossiê contra integrantes do PSDB.
Caso Erenice
Após Dilma dizer que o tucano fez uma campanha de ódio, Serra falou que é uma coisa fenomenal, ela se colocar como vítima" e não dar explicações sobre as denúncias que derrubaram ex-ministra Civil Erenice Guerra. "Seu braço direito organizou um esquema de corrupção", disse Serra no debate. Erenice deixou o cargo em 16 de setembro, após a revista Veja noticiar um suposto esquema de pagamentos de propinas dentro do governo. O pivô da crise era seu filho, Israel Guerra.
Serra também disse que Erenice causou problemas aos Correios e que vai reestatizar a empresa. A companhia é estatal, mas o tucano fazia uma referência ao fato de empresas que hoje estão sob comando do governo estarem, segundo o tucano, a serviço dos "companheiros".
Venda da Nossa Caixa
Dilma disse que Serra tentou privatizar a Nossa Caixa, vendida ao Banco do Brasil em novembro de 2008. "Você vendeu e o governo federal comprou para evitar que isso acontecesse", disse ela a Serra. As negociações da transação foram feitas em conjunto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Serra, então governador de São Paulo.
Na época, reportagem do jornal Folha de S. Paulo dava conta de que governo paulista preferiu vender a Nossa Caixa a um banco estatal porque a venda a instituições privadas demoraria ao menos o dobro do tempo. Serra disse que, na época, ouviu que Dilma era contrária a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. Mas a ministra não se pronunciou publicamente contra a compra na época.
Assessor que fugiu com R$ 4 milhões
No debate, Dilma resgatou denúncia envolvendo Paulo Vieira de Souza para atacar o tucano. Disse que "um assessor" de Serra teria fugido "com R$ 4 milhões da campanha". Você também devia responder sobre a questão do Paulo Vieira de Souza, o seu assessor que sumiu com R$ 4 mi da sua campanha, acusou a petista.O caso se refere a uma reportagem publicada pela revista IstoÉ.
Souza, conhecido também como "Paulo Preto", é ex-diretor de engenharia da Dersa e teria sido citado por tucanos como autor de um suposto desvio de R$ 4 milhões da campanha de Serra, em dinheiro não contabilizado. O caso que até então não havia sido citado durante a campanha. Pela reportagem, o dinheiro não teria origem declarada e a suspeita teria sido levantada devido à baixa arrecadação de Serra no início da campanha.
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