O caso envolve suspeita de prática de tráfico de influência por parte de Israel Guerra, filho da ministra Erenice Guerra (Casa Civil), sucessora da ex-ministra e candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
Segundo reportagem da revista Veja , em troca de uma "taxa de sucesso" sobre licitações vencidas e R$ 25 mil mensais, Israel Guerra teria ajudado a empresa MTA Linhas Aéreas, que presta serviços para os Correios, a obter a renovação de uma licença de voo na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Com a licença, a empresa conseguiu firmar com os Correios contratos de transporte de carga que totalizam R$ 59,8 milhões, com dispensa de licitação e permissão para carga compartilhada.
Ministra, filho e servidores
A revista Veja diz que Erenice atuou para viabilizar o trabalho do filho e que a ministra teria afirmado que o pagamento pelos serviços se destinava a "compromissos políticos". Ainda de acordo com a "Veja", Israel Guerra teve ajuda de dois funcionários da Casa Civil: o assessor jurídico Vinícius de Oliveira Castro , exonerado na segunda-feira (13), e Stevan Knezevic, servidor da Anac cedido à Presidência desde setembro de 2009.
Israel e Vinícius exerceram cargos comissionados na Anac. O filho de Erenice foi gerente da Superintendência de Serviços Aéreos de julho de 2006 a agosto de 2007. Vinícius Castro foi gerente geral de outorgas da mesma superintendência de maio de 2006 a junho de 2009.
Empresário
A reportagem de Veja se baseia, sobretudo, em declarações do empresário do setor de transporte aéreo Fabio Baracat, ligado à MTA.
Em nota divulgada após a publicação da reportagem , contudo, o empresário negou a suspeita de tráfico de influência. Disse não ter tratado de negócios pessoais ou comerciais com a ministra Erenice. Afirmou que Israel atuava na organização da documentação da empresa [MTA] para participar de licitações, mas que o pagamento não era garantido. Disse ter se afastado da MTA há três meses, após desistir de comprá-la.
Empresas
A reportagem de Veja diz que os serviços entre Baracat e Israel Guerra foram fechados por meio das empresas Via Net, pelo lado de Baracat, e Capital, por Israel.
Baracat, contudo, negou relação com a Via Net disse apenas conhecer a empresa e pessoas ligadas a ela, assim como diversos outros empresários do setor. A empresa também negou vínculo com Baracat e disse que não mantém contratos com os Correios.
A Capital Assessoria e Consultoria, segundo a revista, tem como donos a mãe de Vinicius Castro, Sonia Castro, e Saulo Guerra, outro filho de Erenice. Pelo registro na Junta Comercial, a empresa tem sede na casa em Sobradinho (DF) em que hoje vive Israel Guerra. Reação do governo e de Dilma
Durante debate no domingo (12), Dilma defendeu, caso se comprovem as suspeitas, a tomada de providências mais drásticas possíveis. No caso da ministra Erenice, foi feita uma acusação, ela foi desmentida, e hoje o que se tem ainda é exatamente nada. Agora, eu quero deixar claro aqui: eu não concordo, não vou aceitar, que se julgue a minha pessoa baseado no que aconteceu com o filho de uma ex-assessora minha", disse.
Na segunda-feira (13), a ministra Erenice Guerra pediu à Comissão de Ética Pública da Presidência da República a abertura de investigação sobre sua conduta no caso. Acenou com a possibilidade de ela e do filho abrirem mão de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Na terça-feira, (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu sete ministros para, segundo a versão oficial, cobrar investigação e esclarecimentos sobre as denúncias. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar a denúncia e Erenice Guerra divulgou outra nota, em que pede "investigação rigorosa" sobre o caso, se refere a José Serra como "candidato aético" e diz que a reportagem de "Veja" é a "mais desmentida e desmoralizada da história da imprensa brasileira".
Postado por: Thatiane de Souza
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